O agrônomo, agropecuarista e presidente licenciado do Sindicato Rural de Caçapava do Sul, Julio Tatsch, enviou comentários a respeito da mudança definitiva para o novo Sisbov, onde expressa sua opinião a respeito do sistema e sugere alternativas para solucionar as principais dificuldades da rastreabilidade brasileira.
O agrônomo, agropecuarista e presidente licenciado do Sindicato Rural de Caçapava do Sul, Julio Tatsch, enviou comentários a respeito da mudança definitiva para o novo Sisbov, onde expressa sua opinião a respeito do sistema e sugere alternativas para solucionar as principais dificuldades da rastreabilidade brasileira. Abaixo leia o comentário na íntegra e também nos envie sua opinião através das cartas do leitor, enriquecendo a discussão sobre esse assunto, que é de grande importância para a pecuária nacional.
“Devemos fazer a seguinte pergunta. O que a UE realmente exige em termos de segurança sanitária envolvendo bovinos? Existe real necessidade de individualização dos bovinos, e até onde esta rastreabilidade da “carne” será aprofundada (até que nível no processo do frigorífico) e com quais finalidades?
Lembro que atualmente os bovinos são vendidos aos frigoríficos com nota fiscal, com o CPF do vendedor e acompanhadas de GTA. Respondido as perguntas, de forma oficial pelos representantes dos governos da UE (e não por interlocutores, alguns com interesses ocultos). A resposta do que os pecuaristas necessitam adotar, encontraremos fazendo o caminho inverso ao que de fato é exigido pela UE.
Aí ficará evidenciado quais processos e métodos serão necessários, o custo deste diferencial e quais valores adicionais serão necessários para estimular o produtor a aderir de forma opcional ao sistema.
Resumo: avalia o que precisa, levanta o custo disto e apresenta a conta aos interessados. Se OK, quem quiser faz, se não estamos fora.
O único ponto positivo que percebo no “novo sisbov”, foi a manutenção (até o momento), da opcionalidade de adesão.
Este Sisbov, criado a “remendão” deveria ir para o lixo. Pois não é viável de forma crível em escala do continente brasileiro, salvo na mente de iluminados de plantão sob um gostoso ar condicionado, e com salário ou bônus da certificação depositados em sua conta bancária.
No máximo poderiamos aproveitar os erros deste sistema, para evitar repetí-los. O “novo Sisbov” beneficia basicamente as certificadoras, fábricas de brincos, os frigoríficos ao comprarem mercadoria diferenciada ao preço de “comum” e como forma de levantarem o estoque de bovinos existentes na mão dos pecuaristas.
Lembro que as exportações de carne in natura para a UE, para as quais é exigido rastreabilidade não ultrapassam a 18% do total exportado. Sendo que a parcela da produção brasileira de bovinos destinada a exportação gira ao redor de 27%, logo estamos falando de uma necessidade máxima derastrear 5% (cinco) da produção anual!
Cito isto porque no RS, a Federação representativa dos pecuaristas expressou na mídia a meta para 2008, de rastrear 100% do rebanho gaúcho. Com um custo & benefício sem lógica sob a luz das reais prioridades da pecuária gaúcha.
Acrescendo que o RS representa apenas 5% do volume total de carne bovina exportada pelo Brasil. Seria oportuno que tornassem público os beneficiários econômicos do S.I.R.B. (Sistema integrado de rastreabilidade bovina).
Dúvido que não haja alterações de última hora, quanto a data fatídica de adesão ao “novo sisbov”. Os frigoríficos são os maiores interessados, e continuarão tentando jogar todo o custo da rastreabilidade no colo dos produtores, portanto vão evitar este cheque mate.
Tive bovinos rastreados no antigo sistema e solicitei baixa mediante ofício com anotação de recebimento. Eu não pretendo rastrear da maneira como o novo sistema está sendo proposto. Meu interesse em certificar para outros protocolos, como Eurepgap, está diretamente ligado a retorno econômico positivo”.
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Concordo plenamente.
Vou mais além, para que serve o GTA? Para dizer de onde o gado vem, suas vacinas (Aftosa, Brucelose…), validades e toda a informação para se rastrear o gado “de marcha ré”.
Se o boi veio para minha propriedade de terceiro, também tenho o GTA correspondente de quando ele chegou em minha propriedade, devidamente resenhado a marca de quem comprei e assim por diante.
Portanto o ratreamento existe tem muitos anos e funcionando muito bem. Por que agora inventam esse monstro de sete cabeças chamado Sisbov? Quem ganha com isso?
O produtor rural é que não é. Sou a favor da valorização do GTA como fator de rastreamento único e ponto final.