O leitor do BeefPoint João Luiz Mella, de Nova Andradina/MS, enviou um comentário ao artigo MT: instabilidade preocupa produtores", onde aponta que realmente a crise atingiu o setor e que existem muitas notícias pessimistas. Mas acredita que existem ações a serem tomadas que podem melhorar o desenvolvimento do setor e conclama os produtores a descruzarem os braços e começarem à agir
O leitor do BeefPoint João Luiz Mella, de Nova Andradina/MS, enviou um comentário ao artigo “MT: instabilidade preocupa produtores“. Abaixo leia a carta na íntegra.
“Acredito na crise, acredito que ouve uma enorme concentração das plantas frigoríficas, acredito na falta de lastro dessas empresas, acredito que ainda vamos passar por um bom período de baixa procura, acredito que o sistema de engorda de bois no Brasil está sofrendo uma transformação, e por sinal muito ruim para nossa classe.
Enfim, parece que tudo de ruim que está sendo falado, escrito ou noticiado, é verdadeiro!
O que nós temos que acreditar, é que existem outras verdades, e que podem ser benéficas à nossa saúde.
São elas:
1- Não vendermos animais para abate que não seja à vista.
2- Neste momento de dificuldade comercial em que os frigoríficos estão exagerando na baixa do boi, temos que só vender o estritamente necessário. Pois só assim vamos equilibrar a oferta e procura.
3- Aproveitar o máximo a capacidade final de peso dos animais que estão na engorda. Boi no pasto é diferente de suino e de boi confinado.
4- Em momentos de dificuldades é que devemos procurar saidas iteligentes para nossos problemas. Uma delas pode ser o agrupamento, por afinidades. Seja por região, raça, por sistemas de produção. Enfim, qualquer afinidade que forme um grupo, onde todos fiquem mais fortes, para negociar com a industria.
5-Acredito, também, que devemos produzir, aquilo que o consumidor está querendo. E para isto, devemos estar em sintonia com a indústria.
6- Outra realidade é nossa falta de partipação, tanto na política como em nossas associações e representações de classe. Vejam o monte de políticos que se intitulam representantes da classe produtora.
Acho no entanto, que essas outras verdades, só seram realidades se descruzarmos os braços e começarmos à agir. Em minha cidade, até agora, não houve nenhuma manifestação, e em nenhuma reunião, nem com políticos nem com representantes de classe. Acho que desta maneira fica muito fácil, sairmos perdedores.
O momento é bastante oportuno, para mudarmos nossas atitudes e melhorarmos nosso setor, ou quem sabe, não deixarmos que as coisa piorem.”
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Caro João Luiz Mella, você tem toda a razão em suas colocações. Vou me ater no item 6 no que diz respeito a representatividade.
Efetivamente não temos uma pessoa a quem intitular “líder” da categoria. Assim, ficamos a mercê de todos os tipos de acusações e sem defesa alguma, somos acusados de desmatar, tratar mal o gado, escravizar, fazendo com que a sociedade urbana tenha uma visão negativa do “fazendeiro” enquanto que as vias campesinas da vida fazem o que querem, com “liderança”!
Falta-nos voz para que sejamos representados. Enquanto isso, vamos perdendo todas as batalhas! Todas!
Entendo a frustração e revolta do Sr. João Luiz Mella. Porém, até chegarmos ao ponto 5 de sua carta, tudo o que vemos é uma receita para acentuar o confronto entre pecuaristas e a indústria, com sugestões sobre como dotar o lado pecuarista de mais armas. Não é por ai, meus caros!
Volto a repetir o que já defendi diversas vezes neste mesmo espaço: enquanto for este o espírito prevalecente, todos perdem e ninguém ganha na cadeia. Os pontos 5 e 6, todavia, são fundamentais e deixam uma esperança quanto a prevalecer a lucidez ao final.
Mais união, transparência e respeito entre todos os elos de nossa cadeia, e abaixo as falsas lideranças (especialmente, políticos desonestos e demagogos).
Abraços a todos.
Sr. João,
Parabéns pelas suas colocações, são exatamente os pontos fracos de nossa cadeia.
Gostaria de acrescentar que se a nossa classe não deixar o egoísmo e a desconfiança entre nós mesmos pecuaristas de lado, nada mudará do que está, e como o Sr. disse, desta maneira fica muito facil sairmos perdedores.
Vamos em frente!
Engraçado como os pecuaristas se taxam de “eternas vitimas” dos frigorificos do mercado etc – e a falta de liderança nao é só da categoria é pertinente tambem a industria frigorifica (por nao dizer do povo brasileiro em geral) – o dia em que os pecuaristas entenderem e mudarem a mentalidade de que tem que ser parceiros da industria, pois afinal um depende do outro e vice versa, pode ser que a relacao melhore significativamente e este sentimento de eterna auto piedade se extinga. O eterno conflito de interesses entre a pecuaria e a industria um dia vai ter que acabar e se modernizar mais ou menos como acontece com o frango e o suino coma chamada integracao.
Chorar reclamar reinvidicar faz claro parte do jogo – mas o mercado é implacavel e chega uma hora que vai cobrar os exageros e má gestao – vejam o que está acontecendo na industria – pecuaristas nao se esquecam que o boi mais que dobrou de preco nos ultimos 2/3 anos queiram ou nao acompanhando a expansao da industria e dos mercados – talvez tenha agora chegado a hora de uma reversao destes precos para acompanhar o ajuste de mercado – o mercado diz que esta reversao pode atingir de 30 a 40% de reducao no preco dos animais – o que voces acham?