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Leitor comenta proposta inglesa para barrar gene zebu

O editorial de Miguel da Rocha Cavalcanti, Ingleses barram gene zebu - o que o Brasil vai fazer?, trata da ação da entidade que representa os interesses da cadeia da carne no Reino Unido, Eblex, incluindo um novo quesito em seu programa de qualidade, a ausência de gene zebuíno nas carnes que tenham o selo de seu programa de qualidade assegurada (Quality Standard Mark). O leitor do BeefPoint, Frederico Fick, nos enviou comentário, onde expõe seu modo de pensar e fala sobre o desejo do consumidor na Europa e qual o significado de tal medida.

O editorial de Miguel da Rocha Cavalcanti, Ingleses barram gene zebu – o que o Brasil vai fazer?, trata da ação da entidade que representa os interesses da cadeia da carne no Reino Unido, Eblex, incluindo um novo quesito em seu programa de qualidade, a ausência de gene zebuíno nas carnes que tenham o selo de seu programa de qualidade assegurada (Quality Standard Mark).

O leitor do BeefPoint, Frederico Fick, nos enviou comentário, onde expõe seu modo de pensar e fala sobre o desejo do consumidor na Europa e qual o significado de tal medida.

Essa questão é muito simples. Japoneses estão numa ponta do mercado: adora gordura e escandinavos estão na outra ponta: odeia gordura.

Todos querem carnes macias, mas na Escandinávia todos sabem que carne macia precisa de gordura. Logo preferem menos gordura por questões de saúde.

Tudo é uma questão de perspectiva, mercado e gosto. Os ingleses estão desesperados em retomar seus velhos mercados e farão de tudo para achar bons argumentos para vender sua carne. Um boi não é só filé-mignon e/ou contra-filé. Quem compra carne de dianteiro sabe que gordura é um problema.

Nos países nórdicos o grande foco das autoridades nos últimos 30 anos foi reduzir o nível de gordura da carne. Logo a carne zebuína brasileira é o melhor dos mundos nesse mercado:

• carne de dianteiro com baixo nível de gordura: 10% 90% CL( que significa Chemical Lean – o nível de gordura foi controlado quimicamente onde foi encontrado no máximo 10% de gordura). No mercado se vende carne de dianteiro baseado em VL = Visual Lean – nível de gordura medido no olho. Nossa experiência mostra que carne de Zebu brasileira 90VL tem quimicamente , na média, 7% de gordura, ou seja 93%CL;
• os chamados round cuts são macios suficiente e com pouquíssima gordura intra-muscular (marmoreio);
• filé mignon macio e saboroso.

O único corte que gera problemas aqui e é objeto de reclamações dos consumidores é o contra-filé. Este é o “tendão de aquiles” da carne zebuína.

Concluindo, nos países nórdicos a carne de zebu importada veio para ficar. Ao não ser que os fazendeiros daqui consigam barrar tudo por puro protecionismo.

Outro ponto chave é que os britânicos conseguem muito bem passar suas idéias e mensagens para a imprensa. Já os brasileiros!

Se não me engano, um pouco antes do Kirchner “semi-estatizar” o setor pecuário argentino, os britânicos entraram em conflito com os argentinos que exportavam carnes de raças britânicas certificadas. Enfim, quanto maior o grito, maior o desespero.

Leia aqui o comentário e outras opiniões sobre o assunto.

0 Comments

  1. Luiz Marcos Stockler disse:

    Respeito a opinião, mas ao meu ver há um equívoco no raciocínio do leitor Frederico Fick.

    Gordura não é sinal de carne macia, nem carne macia necessariamente precisa ter gordura. Maciez está muito mais ligada a idade de abate e raça usada para terminação. Ele está confundindo gordura com marmoreio.

    Os taurinos de origem continental produzem carne macia e nem por isto com gordura entremeada. É lógico que quando se fala de sabor, suculência e marmoreio, aí sim as raças britânicas dão show, e os americanos perceberam isto há muito tempo, tanto que a maioria das raças continentais lá criadas possuem sangue britânico visando marmoreio, pois precocidade de ganho de peso e de terminação elas tem por natureza.

    Tudo bem, é o gosto deles. Difícil é a entrada de nossa carne no mercado deles. Não por questões sanitárias, mas muito mais por qualidade. Isto não é depreciatível para nossa carne, pois comparar qualidade neste nível é a mesma coisa que comparar um BMW com um Mercedes. É só questão de preferência.

    Aqui até agora parece que não existe intenção séria de se acabar com o carrapato, verdadeira praga da pecuária e obstáculo intransponível para a difusão de raças mais precoces e com melhor qualidade de carne somado com melhor desempenho econômico. Sempre fui favorável ao melhoramento genético usando cruzamentos por absorção, e vejo aí o grande erro dos criadores de zebu. Focar sua criação em detalhes não econômicos, a longo prazo determinará quase a criação de outra raça. Uma raça só para show.

    Deveria sim haver pesquisas de setores do governo, universidades, etc. para introdução de características econômicas dos taurinos nos zebuínos, usando a maneira mais rápida para o melhoramento genético ou seja, cruzamentos por absorção. Esta questão de pureza racial é pré-histórica. O que precisamos é realmente melhorar a qualidade e homogeneidade da carne brasileira, através de estudos sérios e não de “assessores” que só sabem escolher gado para exposição vendo chifrinho e barbelinha, com animais com pesos no mínimo exóticos para não dizer fora da realidade, completamente tortos, mal conseguindo andar e com futuro inútil.

    Não podemos confundir gordura com marmoreio, nem pista de julgamento com concurso de beleza. Temos é que criar uma ou mais raças brasileiras de verdade. Adaptada aos nossos campos, mas economicamente melhorada e viável para novos tempos. Se for branca, roxa ou cor de rosa não importa. O que importa é dinheiro no bolso dos pecuaristas, e satisfação de nosso maior cliente, ou seja o mundo todo.

    Usei a palavra qualidade diversas vezes. Foi proposital. Nossos clientes exigem respeito e saber realmente o que é qualidade de carne é o mínimo que um pecuarista consciente com seu futuro deve saber.