Após acusações publicadas na imprensa européia responsabilizando a produção de carne bovina no Brasil por problemas como a destruição da Amazônia e emprego de mão-de-obra escrava o BeefPoint preparou a enquete: “Qual deve ser reação do Brasil contra acusações vindas do exterior, relacionadas a meio-ambiente, responsabilidade social, segurança alimentar e bem-estar animal, que podem afetar as exportações?”.
Dentre as diversas opiniões, foi freqüente a perspectiva de que nossos representantes devem rebater as afirmações fantasiosas que surgirem, tais como as recentes notícias publicadas pelo The Daily Telegraph e pelo The Guardian, agir de forma transparente, identificar erros cometidos e adotar uma postura mais pró-ativa em relação às exigências internacionais.
Entretanto, o grande consenso é o sentimento de que essas notícias têm por principal objetivo denegrir a imagem do produto brasileiro perante o consumidor europeu, tendo em vista a competitividade ameaçadora do agronegócio brasileiro.
Confira abaixo algumas opiniões.
Jean-Yves Carfantan, consultor da Céleres e especialista em mercado europeu, propõe “reconhecer que existem acidentes e mostrar tudo que é feito para respeitar as regras internacionais. Montar campanhas de marketing dirigidas aos consumidores europeus. Devem investir no conhecimento dos consumidores e na contra-propaganda”. Segundo ele, “os exportadores brasileiros não podem continuar ficando longe do mercado europeu”. Alerta ainda: “os europeus vão utilizar todos os argumentos para justificar um protecionismo inaceitável”.
Fabrício Pagani, de Vitória/ES, defende que devemos “reconhecer nossas falhas, corrigi-las e novamente apresentar os resultados positivos – marketing”. Referindo-se às ONGs que fomentam estudos acusatórios, afirma que “são raros os casos onde fazem uma análise ‘crua’ dos fatos, técnicas e desprovidas de cinismos, preconceitos e ‘achismos'”.
Luciano Araújo, pecuarista do Paraná, defende que devemos nos valer de instituições de credibilidade internacional como forma de assegurar ao consumidor a responsabilidade nos sistemas de produção através das “certificadoras e exportar nossos produtos agropecuários com selos ISO 14000, ISO 9000 e SA 8000.
Donário Lopes de Almeida, de São Paulo, reconhece que essas acusações envolvem barreiras de cunho não mercadológico, com o interesse de barrar a entrada de nossos produtos. Diante disso, “atributos como responsabilidade social, ambiental, bem estar animal e segurança alimentar certamente deverão fazer parte disso, portanto, se quisermos pleitear estes mercados, melhor começarmos a fazer o dever de casa e identificar nossas debilidades.”
Ari José Fernandes Lacorte, de Piracicaba, fez algumas considerações a respeito do estudo divulgado pelo The Daily Telegraph. Primeiramente, sugere que avaliar o rigor em que foi feita a pesquisa é uma forma de rebater as acusações. Segundo ele “talvez seja possível comprovar que as denúncias foram feitas sem uma observação rigorosa, e aí o ônus da denúncia ficaria com quem a fez”. Ele observa que a não manifestação do governo poderia ferir ainda mais nossa credibilidade. “A omissão por parte dos Ministério do Trabalho, do Meio Ambiente e da Agricultura e Pecuária quanto as denúncias poderia soar, mais uma vez, como mais uma atitude à reforçar a perda da credibilidade do Brasil”. Reforça ainda que “negar as acusações e partir para um ufanismo juvenil pode ser o pior caminho”.
Marcos Antonio Amaral Ferreira acredita que uma entidade envolvendo os três macrossegmentos – produção, industrialização e comercialização – deveria ser criada para “rebater, in continenti, quaisquer comentários que pudessem vir a denegrir a imagem dos produtos ou dos participantes dessa cadeia”. Além disso, que a mesma deveria montar um comitê interno para “investigar as denúncias e propor soluções a entidades ou organismos que congregam ou fiscalizam a área problemática”.
Oberdan Pandolfi Ermita, economista e associado da Cooperocarne de Rondônia, aponta para o fato que a relação conflituosa entre os elos da cadeia a enfraquece. Nesse sentido, segundo ele “enquanto permanecer a antropofagia no setor, estaremos em constante ameaça e as crises serão recorrentes”.
Elio Micheloni Jr. acrescenta: “como poderemos dizer que não há bois da “Floresta” se todos os dias a corrupção viabiliza a saída da madeira daquela área? Por aqui quem trabalha sério, carrega toda a carga negativa que recai sobre o “fazendeiro””.
Participe, dando sua opinião na enquete Qual deve ser reação do Brasil contra acusações vindas do exterior, relacionadas a meio-ambiente, responsabilidade social, segurança alimentar e bem-estar animal, que podem afetar as exportações? até segunda-feira, dia 16/01/2006.
Fonte: Equipe BeefPoint (por Otavio Negrelli)