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28 de dezembro de 2007

Leitores do BeefPoint comentam dificuldades do Sisbov

Com o "Novo Sisbov" batendo as portas da pecuária nacional, o prazo estipulado para que o novo sistema entre em vigor é dia 31 de dezembro de 2007, e com as novas restrições da União Européia, muito têm se discutido se o sistema é viável, quais serão o novos rumos da rastreabilidade no Brasil e o que deve ser melhorado para que o sistema funcione. Acreditando que a melhor forma para melhorar o setor seja uma discussão entre todos os elos da cadeia, o BeefPoint contatou usuários do site e formadores de opinião para saber o que eles pensam sobre o assunto.

Com o “Novo Sisbov” batendo as portas da pecuária nacional, o prazo estipulado para que o novo sistema entre em vigor é dia 31 de dezembro de 2007, e com as novas restrições da União Européia, muito têm se discutido se o sistema é viável, quais serão o novos rumos da rastreabilidade no Brasil e o que deve ser melhorado para que o sistema funcione.

Acreditando que a melhor forma para melhorar o setor seja uma discussão entre todos os elos da cadeia, para analisar todos os pontos de vista e tentar chegar a um entendimento sobre o que é melhor para a pecuária brasileira. O BeefPoint contatou usuários do site e formadores de opinião, na tentativa de colher opiniões sobre o Novo Sisbov e entender os entraves, dificuldades e o que está melhorando com o novo sistema.

O Presidente da Sociedade Rural Brasileira (SRB), Cesário Ramalho da Silva, comenta que o conceito de estabelecimento rural aprovado (ERAS) é a grande melhoria do Novo Sisbov, em relação ao sistema antigo. Mas segundo ele ainda é preciso evoluir na forma de identificação e conferir maior credibilidade ao sistema.

Para Ricardo Borges Castro Cunha, presidente da Associação de Proprietários Rurais de Mato Grosso, o ponto positivo do Novo Sisbov é que através das novas diretrizes, ficam mais difíceis os “jeitinhos”, como colocar brinco no embarque do gado para o frigorífico. Ele aponta como problema do sistema, que entra definitivamente em vigor no dia 1º de janeiro, o excesso de burocracia para realizar as baixas dos animais e comenta, “o viável para o pecuarista seria a rastreabilidade da propriedade e não dos animais individualmente, o que torna muito difícil e complicado o manejo na hora do embarque desses animais para abate”.

Geraldo Perri Morais, de Araçatuba/SP, acredita que a rastreabilidade não é necessária para garantir sanidade nos animais. “Acho que seria mais racional que houvesse maior controle tanto das propriedades quanto de circulação de animais, pelos órgãos de defesa animal do governo ou em parceria com a iniciativa privada (FUNDEPEC)” comenta.

Para ele os grandes entraves do novo sistema, são a leitura dos brincos e a penalização do lote inteiro, caso um animal não esteja em conformidade com o Novo Sisbov. Morais ainda aponta outras ações para melhorar o sistema, “é preciso alterar a exigência de todos animais da propriedade estarem rastreados, pois do jeito que está inviabiliza muitos arrendamentos, bem como propriedades em condomínio. Quando um produtor de um arrendamento ou condomínio for punido com exclusão do sistema, pela atual regra todos os outros deverão ser punidos também. Outro ponto é a restrição à aquisição de animais provenientes de propriedades não ERAS. Isto dificultará de maneira muito grave nossa liberdade de reposição, provavelmente tornando impossível o trabalho dos produtores que praticam apenas recria/engorda”.

Na opinião do pecuarista Humberto de Freitas Tavares, integrante do grupo Provados a Pasto, o novo Sisbov foi pensado de maneira correta no ponto da certificação da propriedade, mas ainda é preciso encontrar alternativas para a identificação individual. Ele informa que não irá rastrear seus animais, frente as novas mudanças.

Rogério Goulart, de Dourados/MS, reporta que já adotou o Novo Sisbov e que o interesse em certificar por outros protocolos como Eurepgap depende de quanto irão pagar por este tipo de certificação, ou seja, “existe interesse, se valer a pena financeiramente”.

Quando questionado sobre quais as mudanças devem ser feitas no Novo Sisbov, Goulart expressou sua opinião da seguinte maneira, “é necessário deixar de existir os DIAs, a obrigatoriedade de se comprar animais de outra propriedade rastreada e a obrigatoriedade de informar as entradas de insumos e produtos veterinários na fazenda. Isso (de ter que informar o que compro) é invasão de privacidade e confidencialidade do meu negócio”.

Participe também dando sua opinião a respeito do Novo Sisbov, por meio do box de cartas de leitores ao final do artigo. A perguntas elaboradas a respeito do tema foram as seguintes:

1- O que você gosta no novo Sisbov?

2- O que você acha que precisaria deixar de existir no novo Sisbov?

3- O que não tem e precisaria ter no novo Sisbov?

4- Você irá adotar o novo Sisbov, frente as novas mudanças?

5- Você tem interesse em certificar para outros protocolos, como Eurepgap?

Equipe BeefPoint

0 Comments

  1. José Manuel de Mesquita disse:

    Sisbov sempre ele…

    Pois é, e poderia ser tão mais simples.
    A maior falha está no princípio do processo: Um número de 6 algarismos (não sequenciais) é impossivel de ser manejado com alguma segurança.

    Nossa experiência de manejo com todos os animais da propriedade (10.500 durante 8 anos) nos mostrou que a identificação (Brinco) com 4 algarismos sequenciais permite uma falha de leitura/anotação da ordem de 3 a 5% em cada uma das pessoas envolvidas na operação; e isto em um ambiente controlado em um curral, com os animais contidos no troco e/ou brete.

    Imagine um com 6 algarismos na lida diária no pasto, com o animal em movimento, a distância não adequada e com a sujeira que se acumula normalmente sobre os mesmos (Brincos).

    Cada propriedade deveria ter seu próprio número de manejo, que poderia ser associado ao número do Sisbov somente nos controles administrativos, pois o mesmo (número sisbov) somente será usado quando da transferência entre propriedades ou quando enviado para abate.

    Devemos ter em mente que, cada animal deverá ser manejado (na pior das hipóteses) 2 vezes ao ano (normalmente não menos que 4 vezes), e uma identificação de 6 algarismos não é nada prática e inviabiliza qualquer tipo de apontamento com margem de segurança aceitável.

    Se em vez de nos obrigar a utilizar um Brinco e um Bottom, por que não utilizar um chip implantado na região lateral do cupim (mesmo não sendo Nelore), o qual poderia ser lido e auditado a qualquer momento pelo comprador ou pelos responsáveis pela verificação nas propriedades, transporte ou frigoríficos.

    Não mais nos preocuparíamos com os papéis que temos que guardar, separar a cada movimentação realizada, pois no chip estaria toda informação que possa existir no par Brinco/Bottom; tendo a vantagem adicional de não se perder no dia a dia.

    Devemos ainda observar, que a identificação é a ferramenta básica, sem a qual não existe a possibilidade de se rastrear coisa alguma, e que a certificação envolve a existência de infra-estrutura (física, pessoal e social) na propriedade, de procedimentos de manejo e controle documentados, bem como a comprovação de que tais procedimentos são realmente utilizados, e que são do conhecimento das pessoas envolvidas no dia a dia.

    Outro passo importante, seria obrigar os frigoríficos a realizar auditorias para também certificar as propriedades fornecedoras de animais para abate em suas plantas (nos moldes que as montadoras de automóveis aplicam a seus fornecedores), afinal quem comercializa o produto “carne” são eles, e deveriam ser co-responsáveis por aquilo que fornecem ao mercado Interno ou Externo.

    Sem isso vamos continuar fingindo que rastreamos, as certificadoras, as autoridades e os frigoríficos também fingirão que acreditam que rastreamos, e nosso sonho sempre acaba em pesadelo a cada auditoria realizada por orgãos da comunidade européia. E sempre encontraremos um culpado por nosso próprio fracasso: “o rigor com que somos avaliados…”

  2. Germano Zaina Junior disse:

    Certificar todos os animais da fazenda está correto

    O rastreamento dos animais já está feito quando declaramos as casas da agricultura quando vacinamos nosso plantel, é só uma questão de fiscalização.

    O sisbov é uma ferramenta que mostra a ineficiência das casas de agriculturas que não querem ou não tem pessoal para fiscalizar, é muito fácil um órgão ficar com seus funcionários, muitas vezes já aposentados, sentados, emitindo uma guia (GTA), arrecadando um imposto que nunca vemos o retorno.

    Aí vem outra burocracia para arrecadar mais do produtor, onde temos que repetir várias vezes as mesmas informações para nos cadastrarmos em um sistema sem seriedade, que muda a cada 6 meses.

    Também é mais fácil um frigorífico condenar todo um lote, quando um animal não esta correto no sisbov, do que, os fiscais do SIF, que atuam dentro do frigorifico, analizarem caso a caso e usarem do bom senso.

    Tudo estoura no mais fraco, que sempre será o pecuarista que não reclama, não se une e só paga a conta, onde quem ganha é a ponta.

    Germano Zaina Junior