O Ministério da Agricultura anunciou ontem a liberação do abate de animais das áreas infectadas no último surto de febre aftosa, o qual atingiu seis municípios do Rio Grande do Sul no início deste ano. A autorização vale para as propriedades com sorologia negativa, e a carne, independentemente de maturação e desossa, deve ser consumida apenas no Estado.
Segundo o delegado federal da Agricultura, Antônio Vaz Neto, os abates serão realizados apenas em frigoríficos não habilitados para exportação. Ontem, ele começou a receber os resultados da sorologia feita em cerca de 73 mil bovinos em Santana do Livramento, Dom Pedrito, Quaraí, Alegrete, Rio Grande e Jari, até agora todos negativos. Cerca de 50% das amostras já foram analisadas e o restante deverá ser concluído em janeiro.
Até ontem à tarde, a delegacia do ministério havia repassado à Secretaria da Agricultura os resultados da sorologia feita em 456 animais de 34 propriedades em Rio Grande, além de outras 373 reses em Jari e Livramento. Com base nessas informações, a secretaria emite as guias de trânsito de animais aos criadores.
De acordo com Vaz Neto, a medida tem um significado “extraordinário” para os produtores, que há cerca de seis meses não conseguiam vender seus animais. O diretor de patrimônio do Sindicato Rural de Rio Grande, Ronaldo Oliveira, disse que alguns criadores já estavam com duas safras de terneiro retidas.
Animais sentinelas
Até ontem, a Secretaria da Agricultura do Rio Grande do Sul havia sacrificado 72 animais sentinelas em nove das 18 propriedades atingidas pela aftosa em Rio Grande. Os bovinos apresentaram febre e lesões na boca e, por precaução, foram mortos e incinerados, disse o diretor do Departamento de Produção Animal, Celso dos Anjos.
A secretaria recolheu sangue e tecidos dos sentinelas sacrificados para exame no Laboratório de Apoio Animal (Lapa) do Ministério, em Recife. Segundo Vaz Neto, os resultados deverão ser conhecidos até quinta-feira.
Caso os resultados dos exames comprovem a incidência de febre aftosa, as áreas serão novamente desinfectadas e ficarão sem gado durante mais 30 dias, afirmou Vaz Neto. Ele disse que uma possível contaminação não coloca em risco operações comerciais para outros estados e exportações. Segundo Vaz Neto, os sentinelas servem justamente para comprovar o total extermínio do vírus nas regiões. “Não será permitida a criação de qualquer animal nas áreas enquanto elas não estiverem 100% seguras”, disse o delegado.
Exportações
Ontem também foi dia de boas notícias para as indústrias. O frigorífico Mercosul (Bagé, RS) concluiu o envio da primeira remessa de carne bovina para a União Européia desde o surgimento dos focos, em maio. Foram 40 mil toneladas – parte embarcada na sexta-feira – para Alemanha e Ilhas Canárias.
Fonte: Valor Online (por Sérgio Bueno), Gazeta Mercantil (por Luciana Moglia) e Zero Hora/RS, adaptado por Equipe BeefPoint