Padraig Walshe foi o maior inimigo da carne bovina brasileira na Europa como presidente da Associação dos Agricultores da Irlanda e agora se tornou presidente da Copa-Cogeca, a poderosa central sindical dos agricultores europeus. E para não perder o hábito, Walshe voltou a atacar a produção brasileira de carne, deixando claro que vai usar seu novo e mais poderoso cargo para se manter vigilante sobre a aplicação de rastreabilidade no Brasil.
Padraig Walshe foi o maior inimigo da carne bovina brasileira na Europa como presidente da Associação dos Agricultores da Irlanda. Ele comandou a campanha que acabou restringindo a entrada do produto brasileiro nos 27 países-membros, há quase dois anos. Agora, Walshe se tornou presidente da Copa-Cogeca, a poderosa central sindical dos agricultores europeus.
Em Genebra, Walshe se declarou “encantado” com o fiasco da conferência ministerial da OMC, porque ao seu ver empurra a conclusão da Rodada Doha de liberalização global para algo distante. “Essa rodada não acaba antes de 2013, pelo menos. Estou encantado. Ela só serviria para países como o Brasil, com seu açúcar e carne, e não para países pobres”, disse pouco depois de ter se encontrado com a comissária de agricultura da UE, Mariann Fischer Boel, que defendia justamente o contrário.
Mas Padraig ressalva que não é contra os agricultores brasileiros. O presidente da central dos agricultores europeus acha que um acordo na OMC beneficiaria as multinacionais e os varejistas.
E para não perder o hábito, Walshe voltou a atacar a produção brasileira de carne, deixando claro que vai usar seu novo e mais poderoso cargo para se manter vigilante sobre a aplicação de rastreabilidade no Brasil.
“O que realmente me incomoda é que na Europa somos submetidos a enormes exigências, preços de seguros e outras coisas extremamente caras e a concorrência quer seguir outras normas”, reclamou.
“Eu seria um criminoso na Europa e estaria na prisão se usasse hormônios e métodos veterinários inapropriados [na produção de carne]”, acrescentou. Indagado se o problema de hormônios não ocorreria sobretudo nos EUA, ele retrucou que “descobriu” a mesma prática no Brasil. “Uma missão nossa encontrou hormônios em fazendas. Se estavam lá, é porque alguém comprou e queria usá-los”. No Brasil, o uso de hormônio na produção de gado bovino é proibido.
Desde que a UE restringiu a carne bovina brasileira, o número de fazendas autorizadas a fornecer animais para abate e exportação ao mercado europeu caiu de 10 mil para 100. Agora voltou a crescer para cerca de 1.800.
Walshe admite que a concorrência brasileira está aumentando um pouco, “mas eu ainda acho que os padrões não são comparáveis”.
A matéria é de Assis Moreira, publicada no Valor Econômico, resumida e adaptada pela Equipe BeefPoint.