Vejo que, dos três principais atores desta cena, cada um tem uma parcela de responsabilidade pelo setor da carne bovina ter evoluído mais lentamente que outros setores.
Luciana Casanova, leitora BeefPoint, comentou sobre a notícia Carmen Contreras Castillo: diante do contexto atual, como o Brasil atenderá a demanda mundial por carne de qualidade? Leia na íntegra:
“Vejo que, dos três principais atores desta cena, cada um tem uma parcela de responsabilidade pelo setor da carne bovina ter evoluído mais lentamente que outros setores, como o da carne suína, por exemplo. Os produtores rurais podiam ser mais unidos e progressistas, investir em tecnologia no campo é uma novidade em pleno 2013; as associações de classe pecuarista também poderiam ser mais atuantes no sentido de incentivar os pequenos a se desenvolver.
As indústrias caminharam para dois opostos extremos: a informalidade e o oligopólio das grandes exportadoras, isso pode ter sido forçado pelas situações de mercado, que foram foráveis para os grandes exportar (e melhorar as plantas por conta disso) e jogar o “resto” no mercado interno, puxando o patamar de preço para baixo, pela qualidade da matéria-prima oferecida, o que dificultava os pequenos abatedouros a valorizar um gado de melhor qualidade, já que tinha que ser competitivo com esse patamar do “resto” deixado pelas grandes, e acabaram também economizando no pagamento das “taxas” da Inspeção Federal. Houve indústrias médias, que já estavam na fase de pagar prêmio por qualidade de carcaça e manter o Serviço de Inspeção Federal, mas não tiveram fôlego suficiente para superar a crise da aftosa…
Agora só falta o terceiro elemento: o governo, este sim poderia ter feito uma diferença significativa, mas não fez, talvez por não ter sido solicitado pelos beneficiados, ou talvez por não ter dado espaço para isso, ou talvez por ter outras prioridades como a arrecadação de verba (para si mesmo e não pra a o setor).
Em suma, a verdade é que a fiscalização pode sim ser muito desonerada, para que atinja também as pequenas indústrias, e mais que desonerada precisa ser mais abrangente, dividir o bolo na mão de mais fiscais, talvez uma postura mais consultiva, sustentável e promotora de boas ações em larga escala, seria pedir demais?
Olhar o passado não serve apenas para achar o culpado, podemos aprender com ele e construir um novo futuro…
A propósito, a Professora Carmen Castillo é Dra em Tecnologia de Carne na ESALQ, montou um laboratório excelente com seus projetos e tenho o orgulho em dizer que foi minha orientadora de Iniciação Científica”.