Luciano Penteado: o maior desafio da pecuária de cria é ser eficiente

O Workshop BeefPoint – Estudos de caso sobre pecuária de cria será realizado no dia 18 de junho, em São Paulo, SP. O BeefPoint preparou uma série de entrevistas com cada um dos palestrantes. Confira abaixo a entrevista com Luciano Penteado.

O tema de sua palestra será Estudo de caso Grupo Piveta – melhoramento genético do rebanho Nelore e aumento da produtividade com cruzamento Angus no Pantanal.

Luciano Penteado tem 41 anos, mora em Londrina – PR. É formado em medicina veterinária (1994) pela Universidade de Marília, com sólida experiência nas áreas de reprodução, manejo e gestão de pecuária de corte. Tem diversos trabalhos científicos publicados sobre IATF e é responsável por projetos de pecuária de cria e sistemas de produção em diversas fazendas no Brasil e no exterior. É sócio proprietário da empresa Firmasa – Tecnologia para Pecuária Ltda, com escritórios em Londrina e Campo Grande, empresa especializada em reprodução e produção bovina.

BeefPoint: O que você considera mais importante em uma fazenda de pecuária de cria?

Luciano Penteado: Melhorar a eficiência reprodutiva e promover o melhoramento genético. Em uma fazenda de pecuária de cria é fundamental que as matrizes tenham intervalos entre partos de 12 meses (1 bezerro/ano), que os partos ocorram na melhor época do ano, que a taxa de desmame seja elevada (acima dos 80%) e que os bezerros sejam geneticamente melhorados para que possam aumentar sua performance produtiva.

BeefPoint: Qual o exemplo de pecuária do futuro na cria, no Brasil hoje? Quem você admira por fazer um excelente trabalho?

Luciano Penteado: Existem vários pecuaristas e empresas que realizam um excelente trabalho de pecuária de cria. Admiro esses pecuaristas e empresas que reconhecem que a cria é a base para uma pecuária eficaz. Se diminuirmos a quantidade e a qualidade dos bezerros produzidos, seguramente o impacto será extremamente negativo para a cadeia produtiva da carne.

BeefPoint: Qual o maior desafio da pecuária de cria no Brasil hoje?

Luciano Penteado: “Ser eficiente”. A pecuária de cria sempre foi avaliada como a de pior resultado comparada com a pecuária de recria e a de engorda/terminação. Grande parte desse resultado se deve a ineficiência reprodutiva e produtiva das fazendas de cria.

Por mais que possa parecer simples a expressão “produzir um bom bezerro/vaca/ano”, a mesma parece estar distante da realidade da grande maioria das fazendas de cria do Brasil.

Durante os últimos anos, novas técnicas foram criadas e outras técnicas aprimoradas, ambas disponibilizadas de forma aplicável para que as fazendas de cria possam ter eficiência reprodutiva e eficiência produtiva, portanto só depende das fazendas de cria utilizarem essas técnicas ou “ferramentas” que, bem utilizadas, seguramente tornarão eficiente a pecuária de cria no Brasil.

BeefPoint: Em relação a pecuária de cria, qual inovação / novidade na pecuária de corte você mais gostou dos últimos anos? O que estamos precisando em inovação?

Luciano Penteado: Sem dúvida alguma a IATF (inseminação Artificial em Tempo Fixo) foi a técnica inovadora que mais trouxe benefícios para pecuária de cria nos últimos anos. A IATF viabilizou a utilização da inseminação artificial de forma massiva, programada e eficaz.

Através da IATF, além de promovermos o melhoramento genético do rebanho, também se promove a eficiência reprodutiva através do aumento da taxa de prenhês e menor intervalo entre partos, requisitos indispensáveis para uma pecuária de cria de resultado.

BeefPoint: O que você implementou de diferente na sua pecuária de cria em 2012? O que você fez em 2012 que te trouxe mais resultados?

Luciano Penteado: A utilização massiva da ressincronização na IATF, sem dúvida nenhuma contribuiu muito para o aumento da produção de animais frutos de inseminação artificial nas fazendas de nossos clientes.

Produzimos mais animais de cruzamento industrial oriundos da IATF de vacas Nelore com sêmen de raças europeias, para atender a demanda do mercado comprador de uma carne especial, que proporcionou uma melhor remuneração financeira aos nossos clientes.

Além da produção de animais de cruzamento industrial, a ressincronização também foi uma importante ferramenta para o melhoramento genético nelore, principalmente para produção das fêmeas para reposição das matrizes das fazendas dos nossos clientes.

BeefPoint: O que você pretende fazer de diferente em 2013, em pecuária de cria? E porquê?

Luciano Penteado: Desde 2003, somos parceiros e orientados do Prof. Pietro Baruselli, professor titular do Departamento de Reprodução Animal da Universidade de São Paulo (USP) na realização de trabalhos científicos que buscam, com aplicabilidade a nível de campo, aumentar a eficiência reprodutiva e produtiva da pecuária de cria nacional.

Para o ano de 2013 novos trabalhos científicos serão realizados, bem como iremos implantar de forma massiva todos os trabalhos científicos que obtiveram resultados muito satisfatórios em 2012.

BeefPoint: Como tornar a comercialização do bezerro mais eficiente? O que falta no Brasil?

Luciano Penteado: Uma boa análise do comportamento do mercado do bezerro, um bom planejamento da época estação de monta, planejamento da época do nascimento e desmame desse bezerro, produzir um bezerro que tenha maior procura no mercado e com uma relação custo x benefício positiva, proporcionam ao pecuarista de cria uma melhor gestão e consequentemente uma comercialização mais eficiente do seu bezerro.

BeefPoint: O que o setor poderia / deveria fazer para aumentar a competitividade da pecuária de cria no Brasil? Qual seu recado para produtores de gado de corte, em especial criadores?

Luciano Penteado: Aumentar a eficiência reprodutiva e produtiva é um fator vital para se obter melhores resultados, o que aliado a uma boa gestão administrativa e financeira proporcionará o aumento da competividade da pecuária de cria no Brasil.

O mundo necessita e cada vez mais necessitará de alimentos. Somos mais de 7 bilhões de habitantes que necessitam de comida. Estima-se que o crescimento da população mundial foi de 13% de 2003 à 2012. No mesmo período a produção mundial de carne bovina aumentou apenas 4,44% (Fonte: USDA/FNP), ou seja quase 3 vezes menos.

O Brasil é o 3o maior produtor e 1o maior exportador de carne bovina do mundo, e no mesmo período de 2003 à 2012 apresentou um crescimento de 11,10% na produção e 21,27% na exportação de carne bovina (Fonte: USDA/FNP).

Todos os números demonstram que podemos seguir produzindo “proteína vermelha” para suprir essa demanda mundial de comida. Fortalecer a cadeia produtiva da carne é fundamental e a participação dos criadores na base dessa cadeia é de suma importância.

Ter um mercado consumidor em potencial é sem dúvida uma grande vantagem comercial.

Confira fotos enviadas por Luciano, de fazendas que são clientes da Firmasa:

Clique aqui para ver a programação completa do Workshop BeefPoint – Estudos de caso sobre pecuária de cria.