Foto: Divulgação Minerva
A Minerva, a maior exportadora de carne bovina da América do Sul, fechou o segundo trimestre com lucro líquido de R$ 95,4 milhões, o que representou uma queda de 21% em relação ao mesmo período do ano passado. Os impactos da variação cambial sobre o endividamento da companhia pesaram sobre o resultado.
Segundo o diretor financeiro da companhia, Edison Ticle, houve uma despesa não caixa de mais de R$ 1 bilhão decorrente do aumento da cotação do dólar, mas a Minerva conseguiu minimizar esse impacto com a adoção de ferramentas de proteção. “A política de ‘hedge’ quase anulou a desvalorização cambial, e conseguimos manter o lucro positivo”, disse ele ao Valor.
No segundo trimestre do ano passado, a Minerva ainda não havia fechado a compra de 16 plantas da Marfrig. Embora o acordo ainda não tenha recebido aprovação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), ele já teve impacto sobre a dívida bruta da Minerva, que “gera uma despesa financeira muito maior neste ano”, pontuou Ticle.
Questionado sobre a expectativa para a aprovação do Cade, Fernando Galletti de Queiroz, o principal executivo da Minerva, disse apenas que o processo está seguindo o prazo legal, que vai até o último trimestre do ano.
Ainda que o lucro líquido tenha diminuído, a empresa conseguiu aumentar seus resultados operacionais. O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) subiu 4,7% em comparação com o segundo trimestre de 2023, para R$ 744,6 milhões. A receita líquida, por sua vez, aumentou 5,4%, para R$ 7,66 bilhões.
Galletti de Queiroz destacou que o ciclo de baixa oferta de gado nos Estados Unidos segue complicado para os americanos. Segundo ele, esse quadro permite que a carne da América do Sul ocupe mais espaço no mercado internacional como um todo.
“Um exemplo é o Paraguai, que foi habilitado recentemente para exportar aos EUA e que, assim como Brasil, Argentina e Uruguai, está se beneficiando desse cenário”, afirmou ele.
No segundo trimestre, os Estados Unidos representaram 13% da receita bruta da Minerva, uma fatia que a empresa considera expressiva. Ao todo, as vendas ao mercado externo foram responsáveis por
R$ 5 bilhões da receita bruta no segundo trimestre. Com a queda dos preços médios, o faturamento caiu 1,9% no comparativo anual.
Ásia e Oriente Médio também seguem relevantes para as exportações da companhia, respondendo, nessa ordem, por 21% e 8% da receita bruta no trimestre.
A comercialização em mercados domésticos, que respondeu por R$ 3,15 bilhões da receita bruta, cresceu 18,9%. “Eles têm sido muito importantes”, disse Queiroz sobre os mercados em que a empresa faz vendas locais. No Brasil, Argentina, Uruguai, Paraguai e Colômbia, a Minerva tem plantas de produção de carne bovina, e na Austrália, dedicada a ovinos. Entre esses países, o mercado interno mais forte é o brasileiro.
O volume de abates da empresa subiu 7,7%, para 1,099 milhão de cabeças de gado, e o de vendas aumentou 15,5%, para 362,7 mil toneladas. “Estamos abatendo mais animais pesados, por isso os volumes cresceram”, disse Queiroz.
Para o executivo, a alimentação animal — composta por insumos como farelo de soja e milho — segue em patamares competitivos para a pecuária, o que é positivo também para a indústria.
Fonte: Globo Rural.