Foto: Divulgação Minerva
Maior exportadora de carne bovina da América do Sul, a Minerva Foods reportou hoje um lucro líquido no segundo trimestre muito menor que o registrado no mesmo período de 2022, sentindo a queda dos preços internacional da proteína e efeitos da “ressaca” causada pelo embargo da China à carne brasileira entre fevereiro e março deste ano.
No balanço divulgado há pouco, a empresa informa que lucrou R$ 120,7 milhões entre abril e junho, um recuo de 71,6% no comparativo anual. A receita bruta da companhia diminuiu em 13,4%, para R$ 7,8 bilhões.
Já o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) caiu 8,6%, para R$ 711,2 milhões. A margem Ebitda ficou em 9,8%, acima da observada no segundo trimestre do ano passado (9,2%).
O diretor financeiro da empresa, Edison Ticle, destacou a geração de caixa livre de R$ 191,3 milhões durante o trimestre e a alavancagem (relação entre dívida e Ebitda) em 2,7 vezes, mesmo após o pagamento de mais de R$ 200 milhões em dividendos durante o período. Entre abril e junho de 2022, a companhia estava alavancada 2,4 vezes.
A Minerva deve antecipar outros R$ 114 milhões em dividendos, ou R$ 0,19 por ação, até o fim de agosto.
Ticle afirmou que a margem Ebitda tem se mantido acima de 9% há doze meses, com mecanismos de gestão de risco ajudando a equilibrar as contas em um ambiente de forte volatilidade. Ele citou que os preços da proteína exportada caíram, em média, 20% em um ano.
Porém, as cotações já estariam 20% acima das observadas no primeiro trimestre de 2023, e o volume vendido também teria crescido no comparativo entre trimestres sequenciais. “Há sinais de retomada da demanda da China”, afirmou o diretor financeiro.
No segundo trimestre, as exportações representaram 65,8% da receita da companhia, ou R$ 5,1 bilhões — queda de 19,8%. A China respondeu por 35% da receita dos embarques no trimestre, em comparação com uma média de 37% nos últimos 12 meses. Os outros importadores relevantes detêm fatias de cerca de 10% cada.
“O jovem chinês está aderindo a um consumo mais ocidentalizado”, disse o diretor-presidente da Minerva, Fernando Galletti de Queiroz. Ele projeta um aumento na demanda tanto por produtos cárneos de maior valor agregado quanto os mais baratos.
Por outro lado, o CEO fez questão de frisar a importância da diversificação geográfica da companhia para garantir a rentabilidade em momentos de queda nos negócios com a China. No trimestre passado, a empresa exportou volumes maiores para destinos de grande potencial, como o Oriente Médio.
Os executivos estão otimistas em relação aos próximos meses, com perspectiva de recuo das taxas de juros em países importadores, redução dos estoques na China e aumento da demanda no segundo semestre, como costuma acontecer todo ano.
Do lado da oferta de matéria-prima, joga a favor da Minerva o ciclo positivo na América do Sul, principalmente no Brasil, que deve sustentar a oferta de gado em patamares elevados por dois ou três anos, conforme projeção da diretoria da Minerva.
Enquanto isso, a baixa disponibilidade de animais nos Estados Unidos — prejudicial aos negócios das concorrentes JBS e Marfrig — deve abrir mais espaço para as exportações sul-americanas no mercado global.
Segundo Queiroz e Ticle, o aumento dos preços dos grãos pressiona a pecuária americana, baseada em confinamento, e pode ter efeitos estruturais na produção dos EUA, dizem.
Fonte: Globo Rural.