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Luiz Villela: é preciso tornar o Sisbov funcional

Na opinião de Luiz Villela, diretor da certificadora FN&T, o primeiro passo para fortalecer o Sisbov, que está sendo reestruturado e cujas novas regras vêm sendo debatidas entre os setores da cadeia produtiva e o governo, é torná-lo viável do ponto de vista operacional.

Villela enfatizou a importância do sistema ser discutido do ponto de vista técnico. “Não adianta bolar um negócio no papel e depois não ser possível de ser implementado. Se for inviável de operar na fazenda, o pecuarista desanima de rastrear”, afirmou.

Ele acredita que este é um momento favorável para que sejam implementadas regras factíveis à realidade de cada elo da cadeia produtiva. “Os produtores estão conseguindo ser mais ouvidos. Os órgaos responsáveis no Mapa também estão com vontade de conseguir implementar um sistema eficiente. Acho que é o momento oportuno de uma integração muito forte”, afirmou.

Leitura da identificação dos animais

Uma conquista do setor produtivo, que segundo Villela deve tornar o sistema mais operacionalizável, é a leitura dos brincos na calha de abate, quando as baixas são realizadas pelo frigorífico e comunicadas ao pecuarista. Isso irá eliminar os documentos dependem de leitura nos currais, onde o quesito do bom tratamento animal é totalmente ignorado, pois é necessário o manejo de boi gordo nos troncos e bretes.

O próximo quesito a ser discutido neste aspecto é quanto às transferências e baixas do gado de reposição. Nesse caso, é muito provável que os documentos permaneçam, ou sejam necessários relatórios de transferências entre os produtores no processo de venda de gado magro, para comunicação às agências sanitárias.

Movimentação

A proposta apresentada pelo Mapa para a nova instrução normativa define que o controle de movimentação será realizado pelas agências sanitárias de cada estado. Na opinião de Villela, a questão da informatização é crucial, e somente as certificadoras teriam condição de realizar o controle de movimentação de forma viável nesse sentido.

Seria preciso que o processo de controle da movimentação pelas certificadores fosse estruturado de forma a torná-lo possível e preciso, tendo em vista a condição de ser auditável, responsabilizando as certificadoras por eventuais falhas, pois as mesmas não podem ocorrer.

Informação

Villela destacou a importância de se criar um banco de dados confiável, realizando um levantamento das informações da BND. Seria preciso fazer um cadastramento dos frigoríficos com os respectivos SIFs e propriedades certificadas, envolvidos na exportação de carne inicialmente.

Após isso, poderia-se fazer o levantamento dos demais estabelecimentos de abate com inspeção estadual e municipal, por exemplo. “Existem propriedades com 20 ou 30 cadastros no Sisbov”, disse. Além disso, é muito importante que seja implementado um sistema de GTAs informatizado, “o que acredito que já vem ocorrendo”.

Prazos

De acordo com Villela, a definição dos prazos foi feita de uma forma a satisfazer às exigências do mercado internacional, mas sem ser avaliada a factibilidade do seu cumprimento. “Acho arriscado definir prazos quando não temos ainda a solução viável nos moldes da produção nacional”.

No seu ponto de vista, seria importante que o sistema estivesse funcionando de forma consolidada para que fossem estabelecidos prazos para aumentar sua confiabilidade. “Ou mercado assimila uma rastreabilidade que funcione, ou não adianta por prazo”, concluiu.

Otavio Negrelli, Equipe BeefPoint

0 Comments

  1. Eduardo Cesar Sanches disse:

    Concordo com o Sr. Luiz Villela, o sistema deve ser discutido do ponto de vista técnico e ser factível considerando todos os elos da cadeia.

    Quanto às informações levantadas e o processo de certificação até o destino final dos animais (abate), é bem conhecido pelas certificadoras. Os profissionais que trabalham com o processo, as informações e os dados sabem da importância e responsabilidade que deve ser dada a eles, e o mais importante, já têm experiência de vários anos. A alteração desta rotina já vigente vai gerar custos e atrasar um processo que está em expansão.

    O ponto que percebo, é que a responsabilidade das certificadoras existe e devem ser melhoradas as técnicas utilizadas e o processo de informatização em especial, copiar dados de uma planilha por exemplo é uma forma muito fácil de gerar erros, existem tecnologias muito mais avançadas e rápidas para coletar dados e repassar com segurança e estes devem ser melhor estudados e implementados, pois trariam bons resultados.

    Só a título de exemplo, os mercados em geral evoluíram da simples digitação dos valores (preços) para a leitura de códigos de barra, passar um carrinho de compras no supermercado é mais rápido do que era a alguns anos atrás (apesar disso ainda reclamamos da demora). A maior participação e atribuição de maior responsabilidade aos frigoríficos também poderia trazer bons resultados para o processo.

    Outro ponto é a definição de prazos, realmente não existe um real embasamento para os prazos estipulados, o que se percebe é que todos os elos estão aguardando mudanças, mas não há atitudes para que aconteçam as mudanças, além do que algumas parecem mais pertencer a sonhos do que a nosso mundo real.

    Para finalizar apenas quero deixar minha visão: O processo de certificação é subdividido em etapas, e se cada uma delas for bem “distrinchada”, estudada junto a cada “participante”, podemos melhorar todo o processo e em curto prazo ter o melhor sistema de rastreamento deste planeta, e é claro cobrar por isso.

  2. Eduardo Miori disse:

    Muito bom artigo.

    É preciso incluir nos grupos de debate especialistas em automação e sistemas de informação que vão otimizar os procedimentos evitando trabalhos inúteis como os existentes no SISBOV atual, a saber, emissão de certificados, coleta de dados durante o embarque, emissão de listas de animais embarcados e etc.

    É importante tornar o processo transparente ao pecuarista não criando complicações e trabalhos adicionais bem no momento crítico do embarque de animais de mais de 500 kg.

    Toda a coleta de dados pode e deve ser feita no frigorífico após o abate a partir do brinco que tem código universal e único.

    O resto seria feito por sistemas integrados de computador sem necessidade de intervenção manual.

    Isto já existe em quase todos os tipos de indústria, para quase todos os tipos de materiais e em quantidades muito maiores que o volume de animais abatidos por dia no Brasil.

    Se o sistema é realmente necessário deve ter sua implantação liderada pelos frigoríficos que devem se automatizar. Se não for necessário, dediquemos nosso tempo a coisa mais útil.
    Eduardo Miori

  3. Antenor Massaki Utida disse:

    – Concordo com a parte funcional da rastreabilidade;

    – Concordo também que tive um programa gerencial da rastreabilidade para podermos lançar isso em forma digital para agilizar as informações. (os técnicos com notebook no curral, vai cadastrando os animais);

    – Concordaria também que tivesse um ágio sobre o preço da arroba rastreada e também do couro, pois com os brincos da rastreabilidade, a qualidade do couro tem melhorado.;

    – Sobre o ágio sobre a arroba, não temos conseguido ganhar nada, apenas estamos deixando de perder se rastreamos, ou se não rastrearmos, as vezes nem conseguimos vender a nossa carne;

    – Discordo de muitas taxas (impostos) que oneram o setor, pois não vejo retorno adequado da arrecadação para o setor;

    – Enfim, abaixo a corrupção, e ao atual governo que pensa que “carne dá no açougue”…e esquece que levamos tempo para deixar prontinho para ser consumido.

  4. Valdecir Firmino dos santos disse:

    A leitura dos brincos na canaleta de sangria, para os pecuaristas é muito bom. Porém, para os frigoríficos, temos que responder algumas perguntas:

    1 – Como vamos tirar o sumário para apresentar ao SIF para a liberação do abate?

    2 – Como será conferido as informações, como tempo de permanência etc?

    3 – A confirmação do rastreio só se confirmara após o término do abate, aí como ficará a separação nas câmaras?

    Com estas três perguntas respondidas e resolvidas de maneira prática, lembrando sempre que um frigorífico hoje tem uma linha de produção e que qualquer entrave em um dos processos (sistema sair do ar) atrapalhará com certeza a produção.