Essa análise examina o impacto para o Brasil das reduções graduais no desmatamento de acordo com seu plano nacional para reduzir o desmatamento. Ela segue a publicação em maio de 2010 de um relatório analisando o impacto das reduções globais do desmatamento nos Estados Unidos em um contexto de um debate que vem sendo feito no Congresso norte-americano sobre a legislação climática doméstica. Esse relatório não é uma análise econômica do impacto da proteção de florestas tropicais em países tropicais, como Brasil e Indonésia, e não deve ser interpretado dessa forma. Entretanto, uma revisão dos dados compilados para esse relatório e outras pesquisas publicadas mostra que a agricultura brasileira e a agricultura em países tropicais de forma geral podem se beneficiar de forma significante com a proteção das florestas tropicais. Realmente, é importante notar que ganhos aos Estados Unidos não significam perdas para o Brasil. Ao invés disso, a proteção das florestas tropicais beneficiará ambos
Essa análise examina o impacto para o Brasil das reduções graduais no desmatamento de acordo com seu plano nacional para reduzir o desmatamento. Ela segue a publicação em maio de 2010 de um relatório analisando o impacto das reduções globais do desmatamento nos Estados Unidos em um contexto de um debate que vem sendo feito no Congresso norte-americano sobre a legislação climática doméstica (1). Esse relatório não é uma análise econômica do impacto da proteção de florestas tropicais em países tropicais, como Brasil e Indonésia, e não deve ser interpretado dessa forma.
Entretanto, uma revisão dos dados compilados para esse relatório e outras pesquisas publicadas mostra que a agricultura brasileira e a agricultura em países tropicais de forma geral podem se beneficiar de forma significante com a proteção das florestas tropicais. Realmente, é importante notar que ganhos aos Estados Unidos não significam perdas para o Brasil. Ao invés disso, a proteção das florestas tropicais beneficiará ambos os países.
Repetindo conclusões de outras pesquisas publicadas, os resultados de um modelo econômico usado no relatório mostram que, à medida que a produção gradualmente muda de uma agricultura dependente de desmatamento para uma produção com baixo ou zero desmatamento globalmente, a agricultura brasileira que não dependente do desmatamento será a principal beneficiária. O modelo usado no relatório analisa uma redução gradual no desmatamento, começando com 10% em 2012 e declinando em 5% por ano depois disso até uma redução de 100% ser conseguida em 2030. Pelo modelo, as operações de agricultura sem desmatamento no Brasil ganhariam participação de mercado por proteger as florestas, da mesma forma que a agricultura sem desmatamento de outros países também se beneficia.
Isso não surpreende. O Brasil tem temperaturas relativamente constantes e abundância de terras, além de dezenas de milhares de hectares de terra degradada disponível para produção. O Brasil também tem substancialmente aumentado a produção mesmo com o desmatamento declinando drasticamente nos últimos anos, claramente demonstrando a capacidade do Brasil de suprir e exceder suas metas de desenvolvimento enquanto protege suas florestas. Nas palavras do Estudo de Caso de Redução de Carbono no Brasil, do Banco Mundial (2), “O potencial para liberar e recuperar pastagens degradadas é suficiente para acomodar o cenário mais ambicioso de crescimento” (3). Para algumas commodities, como a soja, a produtividade excede a dos Estados Unidos e de outros países desenvolvidos (4).
Além dos ganhos mencionados anteriormente de mudanças na produção, as fazendas e os agricultores brasileiros também se beneficiarão com os maiores preços de commodities. Nosso modelo mostra que a receita dos produtores de soja e dos criadores de bovinos que não dependem do desmatamento aumenta substancialmente à medida que o desmatamento diminui (ver tabela abaixo).
É importante notar que esses números não incluem fatores adicionais que aumentariam os benefícios para o setor agrícola brasileiro. A proteção das florestas tropicais pode estimular melhor uso de terras agrícolas existentes – como a adoção de estoque superior de cria e melhores planos de pastagens no setor pecuário – enquanto também torna a carne bovina brasileira mais atrativa para os consumidores globais que buscam garantir que os produtos que consomem não estão associados ao desmatamento.
Essas melhoras devem provavelmente melhorar de forma significante a lucratividade das operações pecuárias brasileiras. As operações de criação de gado no Brasil, especialmente nas áreas que dependem do desmatamento, têm historicamente sofrido com a baixa ou até negativa lucratividade, dessa forma desviando recursos para o desenvolvimento de atividades mais produtivas. Um recente estudo no setor mostrou que as reduções no desmatamento aumentarão a lucratividade para as operações de criação de gado de taxas negativas dos retornos atualmente encontrados para uma média de +11%. Esses recursos adicionais permitirão que a indústria de criação de bovinos tenha um papel muito mais importante na crescente economia do Brasil (5).
De forma importante, a adição das maiores receitas de sementes oleaginosas e sistemas agroflorestais (fora do alcance de modelo para o Brasil) poderia fornecer dezenas de bilhões de dólares em receitas adicionais para produtores agrícolas brasileiros que produzem sem desmatamento.
Além dos ganhos através de mudanças agrícolas e intensificação, o financiamento de programas de Redução de Emissões, Desmatamento e Degradação (REDD+) pode aumentar significantemente a receita para governos, comunidades locais, população ativa e produtores agrícolas na fronteira do desmatamento e em outros locais. Para funcionar, esse financiamento excede quaisquer custos de oportunidade da proteção florestal. Em um estudo de 2009, o jornal Science mostrou que o financiamento para redução do desmatamento no Brasil poderia gerar receitas brutas de US$ 37-US$ 111 bilhões entre 2013 e 2020 (6). Para os anos de 2013-2030, essa estimativa aumenta para US$ 50 – US$ 202 bilhões (7).
O financiamento internacional para proteção de florestas tropicais já está surgindo. Por exemplo, o Brasil recentemente se associou com a Noruega através do Fundo Amazônia para garantir investimentos públicos para compensação por proteção florestal. A Noruega se comprometeu a fornecer US$ 1 bilhão no total até 2015 em troca de reduções no desmatamento. O acordo depende de o Brasil executar seu plano nacional para redução no desmatamento. Em 2009, o Brasil cumpriu suas metas e recebeu a primeira parte de US$ 110 milhões (8). Outros países industriais se comprometeram com um total de US$ 4 bilhões em financiamento para proteção de florestas tropicais internacionalmente durante os próximos três anos – fundos que deverão aumentar substancialmente à medida que avancem os esforços para redução no desmatamento.
Entretanto, as mudanças nos regimes legais e normativos do Brasil que aceleram o desmatamento prejudicarão a capacidade do país de se beneficiar financeiramente de seus imensos recursos florestais. Uma vez que essas florestas não podem mais ser avaliadas por sua estocagem de carbono – removendo uma fonte significante de receita para o Brasil. Mudanças legais que aceleram o desmatamento também evitariam que o Brasil recebesse as receitas dos acordos florestais existentes que compensam o país pela redução no desmatamento.
Em suma, a primeira estimativa do aumento da receita bruta para o Brasil pelo fim gradual do desmatamento chega a US$ 145-306 bilhões até 2030. Esses benefícios dependem do cumprimento do plano nacional do Brasil para redução do desmatamento e um contínuo compromisso com as leis e regulamentações existentes de proteção das florestas. O Brasil tem um recurso valioso em suas florestas. A proteção dessas florestas pode oferecer um tremendo potencial para melhorar e desenvolver seu setor agrícola enquanto produz múltiplos benefícios para o país como um todo.
1. Shari Friedman. “Farms Here, Forests There: Tropical Deforestation and U.S. Competitiveness in Agriculture and Timber” David Gardiner & Associates. May, 2010.
2. Christophe Gouvello et al. Brazil Low-carbon Country Case Study. The World Bank Group et al. May 31, 2010. (http://siteresources.worldbank.org/BRAZILEXTN/Resources/Brazil_LowcarbonStudy.pdf)
3. Gouvello, p. xx.
4. Gouvello p. 28.
5. Gouvello p. 134.
6. Daniel Nepstad et al. “The End of Deforestation in the Brazilian Amazon” Science. Vol. 326. December 4, 2009. (http://www.sciencemag.org/cgi/content/short/326/5958/1350)
7. P. Piris-Cabezas and R. Lubowski. The Brazilian National Plan on Climate Change: Potential Impacts in a U.S. Cap-and-Trade System. Environmental Defense Fund, 2009. (http://www.edf.org/documents/10563_Brazilian_national_plan_on_climate_change.pdf)
8. O banco nacional do desenvovimento. “BNDES receives US$ 110 million from Norway for the Amazon Fund” March 25, 2009. (http://inter.bndes.gov.br/english/news/not036_09.asp)
“More Forests Better Farms: Gains for Brazil From Forest Protection”, do Avoided Deforestation Partners, traduzido e adaptado pela Equipe BeefPoint.
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Quanta besteira.
Quanta ilusao acreditar nestas mentiras.
Mentiras que sao bem remuneradas para que influencie nas tomadas de decisoes de nossos politicos.
Mentiras que estao emplantando no celebro de nossa populacao pobre de conhecimento, e que parecem viver em uma realidade paralela.
Trabalham para o emfraquecimento do nosso meio rural, a coluna vertebral de nossa nacao. Se nos tiram o nosso competitivo agronegocio o que nos restariam? Multinacionais e nada mais. Ai comecariam a empacotar nossa Vale, Petrobras Embraer etc. nacionais de expressao, a meu ver poucas pelo tamanho de nossa nacao. Vemos multinacionais em toda esquina, muitinacionais que cooperam com organismos internacionais que nos defamam la fora.
Me lembro muito bem quando americanos canadenses e australianos se uniram propondo pagamento aos sojicultores para que nao plantassem em nosso territorio e assim o preco do bendito grao subisse no mercado internacional.
O que podemos esperar de nacoes que nos veem como idiotas?
O agronegocio brasileiro carrega o Brasil nas costas e os brasileiros que carregam o agronegocio, estao com um fordo bem pesado, que e arrastar a ignorancia e a incompetencia das pessoas que continuam acreditando nestes orgaos internacionais que querem nos ver paraliticos cegos e mudos.
Precisamos por um basta nestas ONG´S que ja ditam ordens dentro de nossas fronteiras.
Por onde andam nossas forcas armadas?
E o nosso presidente? Fazendo turimo mundial enquanto estas organizacoes estao empacotando nosso Brasil.
Vamos acordar minha gente. As eleicoes se aprocimam.
Precisamos eleger uma classe de politicos que olhe para dentro de nossas fronteirs e esquecer estas besteiras de assento nas nacoes unidas, Iran, Bolivia Venezuela, nossa politica externa e um verdadeiro fiasco, simplesmente vergonhoso.
Estamos pagando um preco muito elevado pela falta de competencia de um governo que esta simplesmente permitindo a cacada da nossa galinha dos ovos de ouro.
Podem estar seguros: DINHEIRO DE GRACA tera um preco muito caro no futuro.
Pergunta que sempre faco, e nunca, ninguem ate hoje, pode me responder. A pergunta que nao quer calar e nao me deixa em paz.
EXISTE ALGUM PAIS QUE FAZ RESERVA PERMANENTE EM AREAS PRODUTIVAS EM ALGUM LUGAR NO PLANETA? OU SIMPLESMENTE TRANSFORMANDO AREAS PRODUTIVAS EM RESERVAS? INGLATERRA? HOLANDA? ESTADOS UNIDOS? NA ASIA TALVEZ ? AFRICA? Gostaria de saber, se alguem o sabe? Por favor me digam.
ACORDA BRASIL…………………………………………………………………………………..
Concordo com vc Valcir, esta de parabens com o seu comentario.Acorda Brasil………………………………..