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Mandioca: uma boa alternativa para substituir o milho na alimentação de bovinos de corte

Dentre os alimentos energéticos utilizados na alimentação animal, o milho sempre ocupou lugar de destaque. Porém, o alto custo desse produto em certas ocasiões pode limitar sua utilização. Visando à diminuição dos custos em alimentação, o amido da mandioca é uma boa alternativa para substituir o milho e outros cereais na alimentação de bovinos de corte em regiões onde a mandioca é cultivada.

Apesar de apresentar grande potencial como alimento energético para bovinos, a mandioca é pouco utilizada como componente na produção de rações.
Além da possibilidade de utilização da raiz de mandioca em forma de raspa, existem vários resíduos oriundos da industrialização que também podem ser utilizados na alimentação animal.

As raspas são obtidas através do corte e desidratação da raiz ao sol ou em estufas. O principal resíduo da industrialização é o bagaço de mandioca, que é obtido após a segunda peneiragem no processo industrial, sendo, em seguida, seco ao sol.

A raiz de mandioca apresenta elevado teor de carboidrato e água, sendo altamente perecível, tornando-se inadequada ao consumo 2-3 dias após a colheita. Esse problema pode ser eliminado transformando as raízes em raspas que poderão ser armazenadas sem problemas. Outra forma prática e eficiente de armazenar as raízes por até 3 meses, consiste em empilhar as raízes em local seco (sem contato com o solo), deixando o mínimo de espaço entre as mesmas, cobrindo com capim seco e por último com uma camada de aproximadamente 20 cm de terra. A altura das pilhas não deve ultrapassar 70 cm e devem ser feitas valetas para o desvio da água. As raízes armazenadas dessa maneira apresentam melhores características para utilização na alimentação animal devido à hidrólise do amido. Esse tipo de manejo permite que a produção seja utilizada gradativamente e o solo liberado para novo plantio.

As folhas e os talos finos da parte aérea da planta da mandioca pode apresentar teores de proteína de até 20%. Além de boa fonte protéica, as folhas possuem vitaminas A, C e alguns minerais. Essa porção da planta poderá ser armazenada na forma de feno ou farinha, e utilizada na composição de concentrados para alimentação animal. Pode também ser misturada ao bagaço ou a raspa de mandioca, que apresentam baixos teores de proteína.

Riscos de intoxicação

A mandioca contém glicosídeos cianogênicos que, em sua hidrólise, produzem ácido cianídrico, cuja ingestão poderá causar sérios danos à saúde. Existem mandiocas denominadas “bravas” com alto teor de ácido cianídrico e mandiocas “mansas”, com menor nível de toxidez.

Na planta de mandioca o ácido cianídrico (HCN) encontra-se em diferentes concentrações, apresentando maiores quantidades nas folhas do que na raiz.

O método mais comum de liberação do HCN é deixar que as enzimas endógenas promovam a liberação do HCN após a maceração da raiz. O aquecimento (sol ou forno) e o tempo de exposição ao ar também favorecem a liberação, embora tenha sido observado que partes aéreas de mandioca perdem HCN mais rapidamente quando secas a sombra. A extrusão proporciona total detoxificação, com hidrólise parcial do amido.

A intoxicação de animais com HCN somente poderá ocorrer com o fornecimento de raízes frescas, trituradas e fornecidas aos animais imediatamente após a colheita. O armazenamento por 24-48 horas já eliminaria esse problema.

A utilização da raspa de mandioca e resíduos da industrialização junto ao fornecimento de uréia para bovinos

O melaço de cana de açúcar foi durante muito tempo utilizado como alimento energético fornecido juntamente com a uréia para bovinos. O desenvolvimento do uso de álcool em larga escala como combustível, tornou praticamente inviável sua utilização como fonte energética. Com a necessidade de um alimento energético que apresentasse grande quantidade de carboidratos rapidamente fermentáveis, houve grande interesse na utilização da raiz de mandioca juntamente com o fornecimento de uréia para bovinos, visando melhor aproveitamento do nitrogênio não protéico fornecido. Nas tabelas 1 e 2 são apresentadas as composições bromatológicas da raspa e de alguns subprodutos da industrialização da mandioca.

Tabela 1. Composição Química e NDT da raspa de mandioca

Tabela 2. Composição Química e NDT de resíduos da industrialização da mandioca

Referências Bibliográficas:

PEREIRA, J.P. Utilização de raspas e resíduos de mandioca na alimentação bovina. Inf. Agropec., v. 13, p. 28-60, Belo Horizonte, 1987.
CEREDA, M.P.; SARMENTO, S.B. Industrialização da mandioca. FEALQ, 41 p., Piracicaba, 1984.

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  1. luiz cesar nadal disse:

    gostei da abordagem, usarei em sala de aula como material demotivação