Patricia Menezes Santos e Marco Antonio Alvares Balsalobre
Atualmente, se considera que um pasto bem manejado é aquele onde se consegue colher elevadas quantidades de forragem de boa qualidade. Para atingir esse objetivo é necessário aliar altas produções a perdas reduzidas, não esquecendo que o pasto deve ser colhido enquanto ainda apresenta um bom valor nutritivo.
Apesar dos cultivares apresentarem diferentes potenciais, obter elevadas produções em áreas de Panicum maximum não parece ser um problema, desde de que as condições de fertilidade do solo e o manejo sejam favoráveis. Em um experimento realizado na ESALQ/USP no período de outubro a maio, por exemplo, foram observadas taxas de acúmulo diárias de forragem da ordem de 157 e 113 kg MS/ha.dia para o Mombaça e Tanzânia, respectivamente (Santos, 1999).
Se os níveis de aproveitamento da forragem fossem elevados, essa produção seria suficiente para manter lotações 17 e 12 UA/ha, respectivamente. No entanto, em pastagens tropicais com manejo tradicional dificilmente se consegue aproveitar mais que 50% do que é produzido, enquanto para pastagens temperadas (azevém) existem dados mostrando aproveitamento de até 82%. Nesses casos, o controle das perdas e da qualidade da forragem se tornam os principais desafios no manejo da pastagem.
Os perfilhos das plantas forrageiras conseguem manter um número relativamente constante de folhas e, após ser atingido esse número, sempre que aparecer uma folha nova a mais velha irá senescer (morrer). Isso significa que quando a folha não é colhida em um determinado espaço de tempo, ela inevitavelmente morre. Deste modo, para reduzir as perdas por senescência, é necessário conhecer a taxa de senescência e o tempo de vida das folhas, e os intervalos entre pastejos devem ser determinados de tal forma que a maior parte das folhas tenha chance de ser colhida pelo menos uma vez.
A Tabela 1 mostra a taxa de senescência foliar em Tanzânia e Mombaça quando submetidos a 28, 38 e 48 dias de intervalo entre pastejos. Esses dados são as médias do período de outubro a maio, sendo que no resto do ano praticamente não houve senescência nos intervalos entre pastejos avaliados (Santos, 1997).
Tabela 1: Efeito do intervalo entre pastejos sobre a taxa de senescência (cm/dia.perfilho) nos capins Mombaça e Tanzânia no período de outubro a maio.
Esses resultados mostram que no Mombaça a senescência de folhas é mais precoce que no Tanzânia, o que sugere que ele deva ser pastejado mais freqüentemente para reduzir as perdas de forragem.
É preciso lembrar, no entanto, que as perdas de forragem podem ser decorrentes também da ação do trânsito dos animais e da dificuldade de colheita da forragem devido à estrutura da plantas. Estes aspectos serão discutidos nos próximos artigos.
Bibliografia consultada:
SANTOS, P.M. Estudo de algumas características agronômicas de Panicum maximum (Jacq.) cvs. Tanzânia e Mombaça para estabelecer seu manejo. Piracicaba, 1997. Dissertação (M.S.) – Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”/USP.
SANTOS, P.M.; BALSALOBRE, M.A.A.; CORSI, M. Efeito da freqüência de pastejo e da época do ano sobre a produção e a qualidade em Panicum maximum cvs. Tanzânia e Mombaça. Revista Brasileira de Zootecnia, v.28, p.244-249, 1999.