Patricia Menezes Santos e Marco Antonio Alvares Balsalobre
No primeiro artigo desta série foi discutido que a senescência foliar leva a perdas de forragem e que este fator deveria ser considerado para a determinação do intervalo entre pastejos, principalmente em áreas intensificadas.
A determinação do manejo de um pasto, no entanto, deve levar em consideração também as perdas que podem ocorrer durante o pastejo. Estas, por sua vez, vão estar diretamente ligadas ao desenvolvimento das hastes.
Trabalhos com plantas temperadas têm demonstrado que a profundidade do horizonte de pastejo (altura até quanto o animal consegue abaixar o pasto) é limitada pela altura das hastes (Barthram & Grant, 1984; Flores et al, 1993). Este efeito ainda não foi bem estudado para plantas tropicais, mas a observação prática mostra que, principalmente no caso de plantas cespitosas, a presença das hastes dificulta a colheita da forragem.
As Tabelas 1 e 2 mostram o comprimento das hastes nos capins Mombaça e Tanzânia ao logo do ano. A partir destes dados, é possível observar que o problema se torna crítico no período do florescimento (abril/maio), quando as hastes atingem acima de 1 m de comprimento. Além disso, os dados mostram que o comprimento das hastes no capim Mombaça tende a ser maior que no capim Tanzânia.
Tabela 1: Efeito do intervalo entre pastejos e do período de avaliação sobre o comprimento das hastes (cm) no capim Mombaça.
Tabela 2: Efeito do intervalo entre pastejos e do período de avaliação sobre o comprimento das hastes (cm) no capim Tanzânia.
Comentário BeefPoint: o controle do alongamento das hastes, principalmente durante a fase de florescimento, representa um grande desafio para produtores, técnicos e pesquisadores. Uma forma de se amenizar os efeitos deste problema é através da redução do intervalo entre pastejos a partir de março (inferior a 28 dias), fazendo com que os perfilhos reprodutivos sejam eliminados antes de completar o alongamento de suas hastes. Este tipo de manejo, no entanto, só é recomendado em áreas de boa fertilidade, em que a planta seja capaz de se recuperar rapidamente após o pastejo.
A partir dos resultados acima, pode-se concluir também que o capim Mombaça, apesar de apresentar um potencial de produção superior ao do capim Tanzânia, é mais difícil de ser manejado. Esta característica deve ser levada em consideração no momento de se escolher a planta forrageira a ser implantada.
Bibliografia consultada:
BARTHRAM, G.T.; GRANT, S.A. Defoliation of ryegrass-dominated swards by sheep. Grass and Forage Science, v.39, p.211-219, 1984.
FLORES, E.R.; LACA, E. A.; GRIGGS, T.C.; DEMMENT, M.W. Sward height and vertical morphological differentiation determine cattle. Agronomy Journal, v.85, n.3, p.527-532, 1993.
SANTOS, P.M. Estudo de algumas características agronômicas de Panicum maximum (Jacq.) cvs. Tanzânia e Mombaça para estabelecer seu manejo. Piracicaba, 1997. Dissertação (MS) – Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”/USP.