Por Valdomiro Poliselli Júnior1
Uma lei traiçoeira – Atenção a todos ligados ao agronegócio
O Estado de São Paulo movimenta mais de R$ 50 bilhões por ano e gera mais de 1,5 milhão de empregos diretos no campo.
Em 2004, somente o Estado de São Paulo foi responsável pela produção de 75 milhões de arrobas de carne bovina, 9,25 milhões de arrobas de carne suína, 1,2 milhão de toneladas de carne de frangos, 5,5 bilhões de litros de leite e 27,5 milhões de caixas de 30 dúzias de ovos, gerando para a economia paulista mais de 14.1 bilhão em receita.
Mais de 600 eventos de Rodeio são realizados todos os anos no Estado – sem contar as feiras agropecuárias-, praticamente um por município, atraindo mais de 15 milhões de pessoas e gerando 250 mil empregos diretos, sem mencionar o forte apelo cultural que retrata fielmente o dia-a-dia do homem no campo e da lida com o gado.
O Brasil é hoje líder mundial na produção de embriões in vivo, com produção de 87.732 embriões em 2003. Destaque para a fertilização in vitro, técnica ultra moderna de reprodução animal, que em 2003 produziu 63.164 embriões. E a maior concentração das empresas e dos laboratórios que realizam estas técnicas estão no Estado de São Paulo.
O Turfe, esporte eqüestre mais antigo do mundo tem no estado de São Paulo um dos maiores Jockey Clubes da América Latina, e as principais criações de cavalos de corridas do país.
O Hipismo tem no Estado os maiores clubes e centros de treinamentos que desenvolvem nos nossos jovens o censo de competição e amor aos animais. O esporte já fez grandes nomes internacionais como Rodrigo Pessoa e seu cavalo Baloubet du Rouet, campeão mundial em 1998, tricampeão da Copa do Mundo (1998, 1999 e 2000) e medalhista de Prata nos jogos Olímpicos de Atenas 2004.
Estes são alguns dos setores que a Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo quer aniquilar por meio de uma lei equivocada, apresentada por um deputado – Ricardo Trípoli-, que tem toda sua trajetória política ligada apenas ao meio ambiente e que não quis convocar o setor produtivo para discutir a lei mesmo tendo ela transitado pela Câmara por dois anos. Ouviu apenas aqueles que já estavam ao seu lado, ONGS, sociedade protetora dos animais, militantes e simpatizantes do atraso em prol de um pensamento único.
É hora de unirmos todos os setores produtivos do Estado, todos os organizadores de rodeios, leilões, feiras agropecuárias, toda a classe científica de pesquisa de reprodução animal, universidades, sindicatos e entidades ligadas ao meio.
Recorro também aos artistas, principalmente aos sertanejos que tem como palco principal os rodeios, as feiras agropecuárias e os leilões, para que juntos, numa demonstração de compromisso com o setor, pressionemos os políticos de São Paulo para que revoguem os artigos e itens da Lei 11.977, que inviabiliza as atividades produtivas de nosso Estado.
Não se esqueçam que 2006 é ano de eleição e esta lei, para nossa indignação, vem do PSDB. Movimentem-se, enviem manifestos! Faça uso de sua força política e vamos mudar este quadro.
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1Valdomiro Poliselli Júnior
Empresário e Pecuarista
Vice-Presidente da Associação Brasileira dos Criadores da raça Angus
Vice-Presidente do Núcleo dos Criadores da Raça Brahman de São Paulo
Presidente do Núcleo dos Criadores de ovinos da raça Dorper de São Paulo
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Prezado Valdomiro,
Aprecio sua posição de liderança em assuntos relativos ao nosso cenário agrário, poderia acrescentar mais uma série de aspectos relacionados à importância do agronegócio no país, mas gostaria também de mostrar meu descontentamento com a real preocupação que os órgãos ligados à esse esporte tem demonstrado.
O investimento realizado em pesquisa séria sobre o rodeio ainda é insuficiente para qualquer alegação apressada. Não sou defensor dos radicais protetores de animais, mas também não aprecio a posição dos empresários do “rodeio show” alegando que tudo é perfeito.
Participei de várias ações relativas ao rodeio, até mesmo tendo participado do cowboy universitário durante as etapas de Maringá e Uberaba no ano de 1993. Também participei de algumas ações em conjunto com o Prof. Tenório, que na época finalizava o “projeto sedém”.
Apesar desse projeto (mérito do Prof. Tenório) na época ter sido um dos pilares para sustentar a lei que instituía o rodeio como esporte, após a aprovação da lei, não houve um real investimento do setor em ações sérias que pudessem demonstrar à opinião pública que o rodeio faz bem para as pessoas e para os animais.
Hoje estou finalizando meu doutoramento em produção animal na UNESP de Jaboticabal, e por conseqüência ou ironia da vida, minha especialização é em bem-estar em bovinos de corte.
Mesmo tendo desenvolvido uma série de ações referentes aos animais de rodeio (pesquisas, palestras e cursos), durante toda minha fase na pós-graduação (6 anos), nunca fui procurado por para contribuir com o assunto rodeio.
Vale destacar a preocupação demonstrada pelo clube os Independentes de Barretos, quando do convite para desenvolver o projeto Fazenda Escola do Rancho do Peãozinho em Barretos que visava demonstrar ao público as boas relações entre homens e animais durante as práticas de produção na fazenda, mas sem qualquer envolvimento com os animais do rodeio.
Finalizando, acredito que existam diversas pessoas que gostariam de auxiliar nesse levante contra radicalismos descontrolados, eu mesmo sou um desses, no entanto tal radicalismo pode estar presente no nosso meio atrapalhando qualquer iniciativa séria que possa contribuir com a imagem, não só do rodeio, mas do produtor rural.
Boa sorte
Marcos Chiquitelli Neto
Prezado Valdomiro,
Como profissional em produção animal atuando há 16 anos no Rio Grande do Sul, confesso ainda estar surpreso e indignado com a facilidade com que se aprova em primeira instância uma lei absurda como essa aí no estado de São Paulo!
Ter, eventualmente, um deputado ignorante e/ou mal intencionado na assembléia, vá lá, agora aprovar por maioria uma lei demagógica como essa já é demais! E pior, mesmo com o veto do governador, a assembléia pelo que sei, derrubou-o, fazendo prevalecer a proposta inicial!
Tomara que vocês tenham força para refazer este equívoco brutal, que, se aprovado, criará jurisprudência para outras aventuras desastradas dos políticos comprometidos com o atraso do país.
Pressionem de todas as formas possíveis!
Um abraço solidário aqui do Rio Grande!
João Francisco S. Vaz
Prezados Senhores,
No artigo do Senhor Valdomiro Poliselli Júnior, ele esqueceu de mencionar fatos de grande importância referente ao código de proteção aos animais. E venho por meio deste, tecer alguns comentários.
Suponho que o Deputado Ricardo Trípoli, foi auxiliado por ONGs de proteção e bem estar animal para elaborar o novo código de proteção aos animais. Porém, dentro desta lei, ao proibir a restrição à movimentação natural dos animais será que ele lembrou que cães e gatos também têm sua movimentação restrita, nas áreas urbanas? Ao proibir a manipulação do ciclo reprodutivo de animais, também proíbe a castração de cães e gatos, ou eu estou equivocado?
Como estudante de Medicina Veterinária, sinto-me agredido e tolhido em meu direito de atuar como profissional por força dessa lei. Espero que toda a movimentação que o setor produtivo e atuante do agronegócio consiga alterar essa lei, pois do contrário estaremos caminhando em passos largos rumo ao século XIX.
Concordo com a proteção e o bem estar animal, e sei que animais em más condições ambientais e sanitárias não produzem a contento.
Por isso, senhores protetores de animais, conheçam a realidade para discutirem o assunto. Parem de “se colocar no lugar dos animais”, e olhem o mundo como ficaria sem a atual tecnologia de produção de alimentos.
Obrigado,
Robson Piagentini