O presidente argentino, Eduardo Duhalde, anunciou ontem que manterá isentas de impostos as exportações agrícolas daquele país e que o setor poderá importar insumos ao nível de câmbio oficial de 1,40 peso por dólar.
A medida poderá afetar, no curto prazo, apenas os setores lácteos e carne do Brasil, tendo pouco reflexo nos negócios com trigo, milho e arroz.
Para o diretor da Corretora Brasoja, Antônio Sartori, o Brasil vai produzir em torno de 3 milhões de toneladas de trigo para uma demanda de 10 milhões de toneladas. As compras externas são feitas especialmente da Argentina, ou seja, os negócios com o grão serão mantidos com ou sem imposto. O mesmo deverá ocorrer com o milho, cuja produção cairá no Rio Grande do Sul e em outros estados produtores. Como o país não atingirá a auto-suficiência, os produtores serão obrigados a importar. A Argentina é a grande fornecedora.
Sartori diz que os setores de lácteos e de carnes argentinos são mais competitivos que os brasileiros e poderão tirar vantagens da isenção de impostos. Os agricultores e agroindustriais argentinos prevêem um crescimento de 25% nas exportações para o Brasil neste primeiro trimestre do ano.
A informação da isenção foi transmitida por dirigentes de quatro entidades ao saírem de uma audiência com o presidente. Um sentimento de alarme havia se instalado entre os produtores devido à possibilidade de restabelecer as retenções (impostos), eliminadas nos anos 90, com o objetivo de financiar o plano.
Da reunião, participaram representantes de grande e pequenos produtores representados pela Federação Agrária Argentina (FAA), Confederação Intercooperativa Agropecuária, Confederações Rurais Argentinas (CRA) e Sociedade Rural Argentina. O presidente da CRA, Manuel Cabanellas, considerou “positivo” o encontro e assegurou que “não haverá retenções para o setor”. O presidente de FAA, Eduardo Buzzi, revelou que o governo estuda soluções para os produtores endividados em cifras superiores a US$ 100 mil.
Fonte: Zero Hora, adaptado por Equipe BeefPoint