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Mapa: adesão ao Sisbov torna-se voluntária

Após reunir-se ontem por cerca de duas horas com os representantes da bancada ruralista na Câmara Federal, das secretarias estaduais de Agricultura e membros da Câmara Setorial da Cadeia Produtiva da Carne Bovina, o ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Roberto Rodrigues, anunciou que a adesão dos pecuaristas ao Sistema Brasileiro de Identificação de Origem Bovina e Bubalina (Sisbov) passará a ser voluntária e não mais obrigatória como era até agora. “Foi uma decisão compartilhada entre o governo e a iniciativa privada”.

Segundo Rodrigues, uma missão técnica, que será integrada por representantes do parlamento, do setor privado e do Mapa, seguirá para a Europa nas próximas semanas para discutir as regras sobre a necessidade da rastreabilidade exigida pela União Européia, principal destino das carnes brasileiras. “É para garantir que a legislação a ser aprovada pelo Brasil, esteja de acordo com as exigências internacionais”, explicou o ministro. Ele acrescentou que continuará sendo obrigatória a rastreabilidade ou a inscrição no Sisbov para quem for exportar para a União Européia.

Outro grupo de trabalho, já criado, irá ao Paraná para conhecer a experiência do estado de vincular informações do Sisbov à Guia de Trânsito de Animais (GTA), documento que autoriza o trânsito de animais. Há uma proposta no Mapa de fundir os dois documentos, modelo já adotado no Paraná, daí o interesse do grupo em visitar o estado para conhecer in loco tal prática.

A idéia do grupo é discutir um modelo de certificação por propriedade para eventual substituição da rastreabilidade individual. Segundo Rodrigues, esse grupo vai possibilitar a criação de uma norma nacional de acoplamento de identificação. “Esse instrumento legal considerará essa ação conjunta sanitária de identificação e vai considerar também as regras internacionais”.

“Receamos que, com isso, a credibilidade do sistema esteja em risco”, opina Valmir Rodrigues, diretor da Associação das Empresas de Rastreabilidade e Certificação Agropecuária (Acerta). Segundo ele, existem no sistema 38 milhões de animais, mas no último mês a entrada foi de apenas um milhão de cabeças, indicando menor procura com as possíveis mudanças.

Opinião diferente tem o presidente da Comissão Nacional de Pecuária de Corte da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Antenor Nogueira. “A obrigatoriedade interfere no poder de negociação do produtor, que agora tem condições de conseguir um preço melhor e compensar os custos da adesão”, analisa.

O consultor Paulo Molinari, da Safras & Mercado, explica que, com a obrigatoriedade, os frigoríficos não teriam porque pagar ágio sobre o boi rastreado. Agora, os abatedouros correm risco de desabastecimento caso o preço não seja atrativo.

Para Antônio Camardelli, diretor-executivo da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec), os frigoríficos não deverão ter problemas com a falta de animais certificados, pois estarão pagando a mais por eles. Segundo ele, o que as indústrias querem é que o sistema de rastreabilidade seja simplificado. Eles também querem que a certificação de origem, que será discutida pelo governo, seja adotada.

Outra decisão tomada no encontro foi adiar a obrigatoriedade de classificação da carcaça, mecanismo pelo qual o frigorífico pagaria mais pelo produto com menos defeitos. O sistema entraria em vigor em 1o de janeiro, mas uma reunião no dia 17 de dezembro, definirá um novo calendário de adesão. “É imprescindível termos uma ferramenta moderna de qualidade da carne”, afirma Camardelli.

Vaca louca

No encontro, o gerente do Programa de Controle da Raiva de Herbívoros e outras Encefalopatias, Guilherme Marques, apresentou as ações executadas pelo Mapa na prevenção e vigilância da doença da “vaca louca” no Brasil. Foram discutidas as estratégias a serem implementadas no país para reivindicar o status de país livre da BSE junto à Organização Mundial de Saúde Animal (OIE).

Fonte: Mapa e Gazeta Mercantil (por Neila Baldi), adaptado por Equipe BeefPoint

0 Comments

  1. GERZY ERNESTO MARASCHIN disse:

    A feliz expressão do Sr. Camardelli sobre a existência da classificação de carcaças, que soa como uma ferramenta moderna para a pecuária, valorizando produto e capacitando pecuaristas vem num momento oportuno. Os capacitados sabem o que representa as informações da classificação de carcaças. Mas os que não conseguem chegar lá com seus animais, têm-na como uma ameaça, e reagirão. Poderão até sensibilizar agentes do governo, materializando a tendência de nivelar por baixo.

    Se os pecuaristas não lutarem pela remuneração em função dos rendimentos de seus animais, nunca serão remunerados por seus produtos, esforços, capacitações e investimentos.

    E a classificação de carcaças é o primeiro passo para orientar o setor primário sobre o que produzir. Após esta caracterização é que se poderá agregar mais valor aos produtos cárneos. Mas isto é para após a classificação de carcaças, onde peso, rendimento e acabamento ditarão valores.

    Um abraço