Após meses de negociação, o secretário de Defesa Agropecuária do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Luiz Carlos de Oliveira, apresentou ontem (11), em Brasília, proposta para facilitar a venda a outros estados dos animais mostrados na Expointer 2002. Segundo ele, seria realizada quarentena de 30 dias com sorologia nas propriedades, antes do ingresso no Parque de Exposições Assis Brasil, em Esteio. Os outros 14 dias seriam cumpridos após o término da mostra, dentro do parque, com nova sorologia.
A condição é de que todos bovinos e bubalinos cumpram a primeira etapa do procedimento, mesmo que não sejam vendidos para fora do RS. A segunda parte seria cumprida só pelos que forem negociados com outros estados. Segundo Oliveira, por enquanto, não há plano B. O diretor do Departamento de Produção Animal (DPA) da Secretaria de Agricultura (SAA), Walter Verbist, disse que a proposta é tecnicamente viável e que a SAA está pronta “para acatar a posição dos pecuaristas”.
Segundo Verbist, a sorologia seria feita por técnicos do Mapa e da SAA e os exames enviados a laboratórios credenciados em MG, MT ou SP, pois no Lara (RS) há acúmulo de testes. O presidente da Febrac, José Paulo Cairoli, explica que, em caso de rejeição da proposta, a alternativa é fazer o mesmo que em 2001. Terminada a Expointer, os animais voltam às cabanhas, cumprem quarentena de 30 dias, fazem sorologia e depois são enviados aos compradores para cumprirem o restante do período, passando por novo teste. A Febrac calcula que o número de animais na venda externa não chegue a 200.
Oliveira espera que, na próxima semana, o Estado encaminhe uma conclusão para que o ministério edite uma normativa. Para o secretário, essa proposta é melhor do que a regra atual porque o produtor já recebe a sorologia negativa antes de enviar o animal ao parque. Lembra que a campanha de vacinação contra a aftosa começa em agosto, o que poderia influenciar no resultado dos testes, “o cenário no Estado está melhor. Neste mês completamos um ano sem foco de aftosa. Um grau de segurança que nos permite reduzir a quarentena, o que não quer dizer que o processo de vigilância precise de menos atenção”.
Cairoli argumenta que uma feira com atestado negativo para aftosa seria um “grande marketing para alavancar os negócios”. O custo de duas sorologias é de R$ 28,00 por cabeça. Haveria, ainda, despesas com a manutenção de exemplares e de funcionários por quase 30 dias em Esteio, compreendendo o período da mostra, quarentena e espera de resultado do teste. A entidade estuda formas de obter subsídio de parte do valor da sorologia. O presidente da Farsul, Carlos Sperotto, entende que eventuais custos extras devem ser assumidos pelos organizadores do evento.
Agora as entidades vão consultar os pecuaristas gaúchos. A Federação Brasileira das Associações de Criadores de Animais Raça (Febrac) convocou reunião para segunda-feira (15), em Porto Alegre. A Federação da Agricultura do Estado (Farsul) espera a convocação da comissão permanente. Se isso não ocorrer, pretende chamar as associações também na próxima semana.
Fonte: Correio do Povo/RS e Zero Hora (por Carolina Bahia e Lisiana dos Santos), adaptado por Equipe BeefPoint