Mapa não prorrogará prazo para adesão ao novo Sisbov

Ontem, em reunião preparatória para receber a missão da União Européia que virá ao Brasil em novembro, o secretário de Desenvolvimento Agropecuário e Cooperativismo do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Márcio Portocarrero, afirmou que o prazo para os pecuaristas migrarem para o novo Sisbov - até 31 de dezembro de 2007 - não será prorrogado. Ele alertou que o descumprimento do prazo implicará na perda de rastreabilidade dos animais, pois o modelo antigo será extinto no dia 1º de janeiro de 2008.

Ontem, em reunião preparatória para receber a missão da União Européia que virá ao Brasil em novembro, o secretário de Desenvolvimento Agropecuário e Cooperativismo do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Márcio Portocarrero, afirmou que o prazo para os pecuaristas migrarem para o novo Sisbov – até 31 de dezembro de 2007 – não será prorrogado. Ele alertou que o descumprimento do prazo implicará na perda de rastreabilidade dos animais, pois o modelo antigo será extinto no dia 1º de janeiro de 2008.

O coordenador do Sisbov, Serguei Brener, ainda chamou a atenção para as portarias do Mapa, publicadas nesta segunda (15) no Diário Oficial da União, que pune duas certificadoras.

Uma das portarias suspende por 30 dias a ABC Certificadora e Rastreabilidade Ltda, com sede em Goiânia, por apresentar inconformidades na certificação de propriedades rurais. A portaria nº 290 descredencia a Condão Certificadora Bovina Ltda., com sede em Confresa (MT), por ter cometido infrações graves, como a inclusão de animais na Base Nacional de Dados (BDN) sem os elementos de identificação (brincos). As irregularidades foram constatadas durante auditorias realizadas por fiscais do Mapa.

Como a Condão não voltará a operar, os produtores deverão solicitar transferência para outra certificadora credenciada. A relação das certificadoras pode ser consultada no site do Mapa (www.agricultura.gov.br) no link serviços/certificação do Sisbov.

Até agora, o sistema atual conta com mais de 8,8 milhões de bovinos vivos, 703,7 mil abatidos e 95,4 mil desligados (excluídos da base), totalizando pouco mais de 9,6 milhões de cabeças. Já o modelo antigo conta com mais de 76 milhões de cabeças, incluindo animais vivos, mortos e desligados.

A previsão dos técnicos do Mapa é de 15 milhões de cabeças cadastradas no novo sistema até 31 de dezembro próximo, o que suprirá, com folga, a demanda por carne bovina rastreada do Brasil. As informações são do Mapa.

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  1. Luciano Medici Antunes disse:

    Os esforços do Mapa e de toda cadeia da carne para evolução do Sisbov tem sido imensos. Estamos claramente entrando em uma nova era, onde a credibilidade, a segurança e a qualidade dos serviços e informações vem crescendo rapidamente. Já existem muitas coisas das quais podemos nos orgulhar no Sisbov e, seguindo este caminho, não há dúvidas de que o Sisbov será um dos mais importantes e respeitados sistemas de rastreabilidade do mundo.

    Nada mais justo para atender ao maior produtor mundial de carnes, o Brasil. Quando tive de fazer criticas construtivas, as fiz. Mas agora, uma série de elogios são merecidos por todos que estão liderando esta mudança. Nosso objetivo agora passa a ser a consolidação destas conquistas.

    Parabéns a todos.

  2. Rodolfo Endres Neto disse:

    Não acredito nestes números e prazos. Conquistar a credibilidade do sistema só interessa aos frigoríficos, certificadoras e fabricantes de brincos.

    Os produtores só tiveram prejuízo nestes últimos anos enquanto os demais elos da cadeia encheram os bolsos. Vamos ver o ano que vem se teremos animais rastreados suficientes para atender a demanda.

  3. Hans Nagel disse:

    Caro Sr. Luciano Antunes.

    Provavelmente o senhor não é pecuarista que vive o dia a dia na propriedade.

    Aqui no MS convivemos com a aftosa politica sem poder exportar há mais de 2 anos.

    Enquanto outros países resolvem um problema destes em 3 meses. Os órgãos responsáveis não resolvem o problema e querem uma rastreabilidade para que? Se não posso exportar somente beneficio os frigoríficos que tem seus caminhos para se beneficiar da situação.

    Nós sofremos a maior seca já vivida. Para manter os animais vivos fazemos os maiores sacrifícios, mas ainda alimentar os burrocratas é pedir de mais. Ainda assim se o mercado é liberado se inventa uma greve dos fiscais portuários e a carne fica presa lá. Por aqui e por nós futuramente todos vão chupar cana, e claro devidamente rastreada com brinco.

    Cordialmente

    Hans.

  4. Luiz Fernando Azambuja Jr. disse:

    Então passaremos de zero a 100 em 3 segundos. Tudo aponta para outra correria, outra falta de brincos, outra alta de preços dos brincos, pressa, sedex etc.

    Porque aqui no Brasil tudo fica para última hora?

  5. Adson Luis Rossato Costa disse:

    Meus parabéns ao Secretário Márcio Portocarrero, por não ceder as pressões de prorrogar o prazo vigente em lei!

  6. Breno Augusto de Oliveira disse:

    Neste momento de profissionalismo do Sisbov caro Serguei, precisamos de orientações e não punições, esta perseguição a empresas regionais que o sr. realiza, tem como resultado o lucro aos burocratas (que nunca identificaram um animal) dos grandes centros urbanos nacionais (carne não se produz dentro de prédios) e mais uma vez quem sai prejudicado é o pecuarista brasileiro!

  7. Julio M. Tatsch disse:

    Vamos por partes.

    O pecuarista vende os bovinos aos frigoríficos com nota fiscal, onde consta seu nome e CPF, junto com uma guia de transito animal (GTA), emitida pelas inspetorias veterinárias onde estiver localizado a sua propriedade rural. Sendo que neste órgão o pecuarista é obrigado a apresentar periodicamente suas notas de vacina anti-aftosa e documentação apropriada de suas movimentações bovinas, as quais são conferidas por funcionário do governo e ratificadas mediante assinatura do pecuarista.

    Este procedimento é aceito e considerado válido pela imensa maioria dos importadores de carne bovina, portanto não exigindo a rastreabilidade bovina individual via brincos, ou de forma prática com um “aval externo ao sistema”, das chamadas certificadoras.

    Quantificando o alegado, até setembro de 2007, segundo dados da Secex, o Brasil exportou um total de 1.703.078 toneladas de carne bovina em equivalente carcaça in natura e industrializada. Sendo que para a União Européia e Chile, destinos com volumes relevantes que exigem rastreabilidade, foram exportados um total de 214.637 toneladas de carne bovina em equivalente carcaça in natura, 12,6% do total. (Obs.: Para transformar em equivalente carcaça a carne in natura sem osso, tem seu volume acrescido de +30% e a industrializada de +150%. O site da Secex pesquisado é http://aliceweb.desenvolvimento.gov.br, e os códigos das carnes bovinas sem osso congelada, resfriada e industrializada são respectivamente: 0202.30.00; 0201.30.00 e 1602.50.00 ).

    Alguns dirão, mas em valores são os destinos que melhor remuneram por kg. Correto. Um valor médio de US$7,20/ kg carne in natura resfriada exportado para UE. Será que os frigoríficos exportadores não poderiam nos repassar parte destes ganhos, para os animais que se enquadrassem em tais parâmetros?

    Não sei a nível de Brasil, mas no RS, frigoríficos de mercado interno, remuneram estes bovinos sem exigir rastreabilidade a preços iguais ou superiores, aos exportadores. Isto sem falar nos beneficios fiscais e ganhos de escala, no couro e miúdos (com aumento de 50% em volume e 30% em valores na exportação) auferidos pelos frigoríficos exportadores.

    Quando presidente do sindicato rural de Caçapava do Sul-RS, enviei vários ofícios a federação, a anos atrás, solicitando que os produtores fossem ouvidos antes da implementação do sistema e na seqüência de sua série de “remendos”. Em vão, nem resposta aos ofícios recebi.

    Citando o RS, basicamente as decisões foram tomadas pelos maiores interessados “no sistema” e pelo lado dos produtores, a direção escolheu alguns auto denominados detentores de todo o saber e operacional do sistema. Deu no que deu.

    Atualmente frigoríficos e certificadoras estão desesperados com a baixa migração ao novo sistema. Esqueceram que o produtor necessita ser remunerado de forma adequada, sendo o brinco o menor dos custos do novo sistema, temos as auditorias, os custos de feitio e manutenção dos registros (cada boi vira um similar a um funcionário registrado), etc.

    Ainda no RS, neste mês a comissão de bovinocultura de corte da federação (a pedido de seus membros) começou a promover reuniões nas sedes dos sindicatos rurais das regiões com pecuária de corte representativa em termos de volume, para ouvir o que os produtores tem a dizer, dentre outros temas, sobre rastreabilidade. Atitude que parabenizo.

    Porém na rastreabilidade bovina, o prato está servido, ou engole ou recusa. Nesta altura não conseguiremos mudar nada, IN está em vigor. Como agravante, lançaram vários balões de ensaio citando tornar a rastreabilidade obrigatória no RS. Aí assim seria o paraíso dos frigoríficos exportadores e das certificadoras. A primeira coisa que fariam seria tirar a enganação do “bônus” rastreabilidade, pois se fosse obrigatória a todos pecuaristas gaúchos para que pagar um extra pelo seu uso.

    Opinião pessoal sobre rastreabilidade, alguns espertos inventaram uma maneira de ganhar dinheiro (no escritório, com ar condicionado) dos pecuarista, criando o CPF para boi, e dizendo que este só terá sanidade, credibilidade, aprovação no mercado externo (depois virá o interno), se “eles” colocarem o brinco ou carimbo (avalizarem). Como se a palavra do pecuarista e do governo (através das inspetorias) não tivessem valor legal e responsabilidade para tal. O pecuarista fica com todo risco, trabalho, suor, sangue, lágrimas e até dívidas, e os espertos com parte do nosso ganho.

    Alguns podem perguntar, porque estes questionamentos vem de indivíduos e não das nossas representações maiores. Informo que a nível de RS, existem interesses relacionados, por vezes conflitantes com os interesses do universo de pecuaristas. Para tanto seria oportuno que informassem de forma clara os proprietários e beneficiários economicamente do S.I.R.B (Sistema Integrado de Rastreabilidade Bovina).

    Quanto as exigências da UE, primeiro existe uma boa dose de blefe, pois eles já divulgam abertamente na mídia que seu consumidor terá que pagar 30% mais pela carne. Quanto a controles que realmente exijam, basta montar o seu custo total e comparar ao diferencial de preço que os frigoríficos estarão dispostos a nos repassar por esta mercadoria “top”. O pecuarista que achar interessante adota o sistema.

    Pergunto ao Sr. Luciano, foi imposta alguma penalidade as certificadoras que “vazarem” a informação de quantos bois rastreados existem aos frigoríficos. Ou continua como me foi dito pelo representante de uma certificadora no início deste ano, apenas uma linha de conduta da empresa, já que não existia penalidade legal na IN?

    Julio Tatsch – Agropecuarista no RS.

  8. Edson Borges de Freitas disse:

    São ações como essa que vimos agora que fortalecem e dão maior credibilidade ao sistema, acredito que agora sim estamos começando o Processo de Rastreabilidade no Brasil.

    Parabéns a todos que a cada dia tem colaborado com o Sisbov e principalmente a Equipe do Mapa e Acerta que vem fazendo um excelente trabalho.

  9. Julio Forster de Freitas Lima disse:

    Confesso que não entendi à qual mudança o senhor Luciano Antunes se refere! Se é a de o Brasil ter conquistado a posição de maior produtor mundial, o Sisbov, não tem nada a ver com isso. Isto aconteceu porque temos a carne mais barata do mundo e produtores rurais eficientes.

    Num determinado momento, já com a indústria ganhando muito dinheiro e querendo ganhar mais ainda, sem repassar esses ganhos aos pecuaristas, para atingir mercados de maior remuneração, foi criado um sistema capenga e burocrático de informações para “inglês” ver, para respaldar uma indústria famigerada por lucros fáceis, simplesmente, negando tudo que já era feito pelos Governos Estaduais e as Associações de Raças (controle de registros) em matéria de sanidade e controle de trânsito e origem animal.

    Construíram um monstro que se chama SIRB que agora ninguém mais sabe o que fazer com ele porque foi feito à revelia do produtor que finalmente, se deu conta que só pagou a conta e não lucrou nada com isso.

    Aqui no RS já teve 4000 propriedades no sistema, hoje, menos de 300.A discussão não deve ser travada se deve ou não rastrear, mas sim a forma de fazer esse processo, ou seja, para suprir de informações à quem e como?

    E a outra questão é quem efetivamente vai ganhar com isso? A indústria, os produtores, ou as empresas de rastreabilidade?

  10. Marcelo dos Santos Lopes disse:

    Eu só acho que deveria melhorar a navegação do site, pois está muito complicado dar baixa nos animais pelo Sisbov novo, o sistema é muito lento e sai fora do ar com muita freqüência.

  11. Roberto Ferreira da Silva disse:

    Vamos todos somar nossas forças por um produto respeitado tanto na quantidade quanto na qualidade. Estamos longe da otimização do processo, porém estamos no caminho.

    Há a necessidade de retirar do processo empresas que colocam o sistema em descredito. Temos que dar “nomes aos bois”, e o Mapa está de parabéns pelas auditorias que não visam “ferrar” com uma ou outra certificadora e sim dar credibilidade ao processo de certificação e rastreamento bovino e bubalino tão importante hoje para o mercado consumidor.

    Vamos lá Brasil! Mostra a sua força!

  12. Sergio Grupioni disse:

    O Sisbov é uma inciativa louvável e necessária, porém ele tirou do mercado os pequenos e até médios produtores, em virtude do custo, e a partir de 2009 a exclusão será maior ainda.

    Faço um apelo para que seja encontrada uma solução que permita o rastreamento coletivo, ou por região, ou por grupo de produtores, etc. Que permita a inclusão dos pequenos produtores.

  13. Pedro Junqueira Netto disse:

    É muito melhor a forma que colocaram a rastreabilidade, sendo opcional,não obrigatória como era antes. Mas acho que para se ter credibilidade vai muito tempo ainda, principalmente quando os órgãos públicos não tiverem uma visão de longo prazo, onde todos os envolvidos na cadeia da carne se entendam e tenham tranqüilidade para planejar.

    Sou produtor rural em Eldorado e na faixa de fronteira meu gado já era rastreado. Agora pergunto aos responsáveis: rastreio novamente com o risco de perder as certificação dos animais, pois a bagunça é tão grande que ninguém consegue informar com confiança o que tudo isso vai virar.

    Repito o que eu disse, confiança se constrói com planejamento, viabilidade e continuidade das ações. Isso parece uma casa da mãe Juana ou a casa legislativa.

  14. Luiz Alberto de Oliveira Ferreira disse:

    Rastreabilidade, não existe. Mas sim, um sistema de identificação individual de bovinos para nós produtores, em determinados momentos, quando existe uma maior oferta de boi no mercado conseguirmos um preço um pouquinho diferenciado desde que se cumpra as demais exigências impostas pelos frigoríficos. Como, fidelização, peso médio de carcaça acima de 240kg e outra cossitas mas. Cumprindo todas as metas as vezes se consegue alguma diferenciação no preço. Caso contrário caímos no preço normal de mercado.

    Quando existe mais procura pelo boi, aí estes “incentivos” desaparecem. E nós produtores e técnicos ficamos todos com cara de bôbos, ou mesmo Palhaço. Todo nosso trabalho, tempo colocando brinco, organizando relatórios, fazendo leituras de brinco (passando duas ou mais vezes no brete, antes de carregar para o frigorifico, para confirmar numeração), anotando idade dos bovinos a serem carregados, se deslocar novamente a cidade para tirar os GTA as vezes percorrendo 100 a 300 km com isso aumentando nossos custos. Machucando o gado perdendo peso, pois nossas vendas são a rendimento. Ganhamos as vezes 2%, correndo tudo certo e cumprido todas as exigências e muitas vezes perdemos 10% com animais machucados devido ao excesso de manejo que temos que fazer para cumprir com as normas da “rastreabilidade”.

  15. Luiz Paulo Piotto disse:

    O Secretário do Mapa, não autorizando a prorrogação para o “Novo Sisbov” só vai acabar mandando os pecuaristas( principalmente os pequenos) para o Mapa do Inferno, já que o custo da nova rastreabilidade e caríssimo. Além disso ficaremos na mão de somente uma rastreadora. Como fico se paguei pela rastreabilidade e agora não vale mais nada?

    Eta Cooperativismo.

    Saudações

  16. José Américo G. Dornelles disse:

    O Novo Sisbov é uma necessidade que o mercado impõe (Chile e UE) e uma questão de segurança alimentar. Para tanto a adesão ao Suasa, pelos estados e municípios deve ser um processo sem retorno.

    Hoje apenas em estabelecimentos com SIF, a rasteabilidade faz a diferença. Os matadouros ou frigoríficos de qualquer porte ou inspeção têm o dever e a responsabilidade de pagar mais pelo Kg do boi rastreado, em especial no RS. Afinal, não é apenas um brinco ou chip eletrônico que diferenciam o animal, mas todo um processo de produção, de acordo com normas internacionais que somente visa garantir e certificar a qualidade. O mundo paga por isso! Se não as grandes redes não investiriam tanto em orgânicos. Nossa carne, mesmo de confinamentos, é produzida a base de pasto. Então temos que assinar embaixo e vender melhor nosso produto. Certificar.

    O conceito ERAS (Estabelecimento Rural Aprovado Sisbov) certifica a propriedade e não os animais. Assim garantindo um produto produzido dentro das boas práticas, em especial de bem-estar animal e cuidados com o meio-ambiente, seguro, auditável e certificado.

    J.Américo Dornelles

  17. Martinho Mello de Oliveira disse:

    Conforme a instrução normativa que institui o novo Sisbov, fica evidenciado a quem mais interessa este sistema, que são as empresas que mais vão lucrar. Terão pela frente mais de 200 milhões de animais para vender brincos, certificar, auditar e enfim fazer todo um programa de manutenção do sistema. Tudo isso embasado na lei, estão amparados pelo Ministério da Agricultura e Pecuária, sob o pretexto das exigências de parte do mercado externo, como Chile e Comunidade Econômica Européia.

    Do outro lado, estamos nós os produtores rurais deste país, que a duras penas, com casos esporádicos de aftosa, as intempéries da natureza e sem nenhum subsídio, mas com trabalho assíduo, perseverante e árduo, garantimos o superávit da balança comercial. E ainda fomos responsáveis por 35% da geração de empregos e 40% do PIB nacional. As exportações do agronegócio estão numa sucessão de recordes ano após ano. E parece que os maiores benecifiados não somos nós os produtores rurais, pelo contrário quando começa a melhorar algum item da produção nacional logo em seguida vem a queda, só para dar um exemplo podemos citar o caso da carne e do leite.

    Com todo esse contexto, ainda assim acredito que a maioria dos produtores não é contra o Sisbov, mas sim contra a forma de obrigar a todos a fazê-lo. Poderia haver uma maior flexibilização, pois exportamos 20% da produção nacional. O produtor não vislumbra um preço diferenciado para aderir ao Sisbov. Tanto é que a migração do antigo sistema para o novo está muito abaixo do esperado, aproximadamente 8,8 milhões de novos contra 75 milhões rastreados no sistema antigo. Portanto estamos numa incógnita, e esperamos que o produtor rural não venha a ser penalizado mais uma vez e tenha a opção de não aderir ou aderir, mas desde que tenha algum benefício.

  18. Fábio Talayer Torres disse:

    Como técnico atuando desde 2002 com rastreabilidade bovina no MT vejo dois fatores que causam descontentamento e muitas vezes deixam em total descredito o sistema de rastreabilidade no país:

    1º – O principal: “remuneração”, na verdade as indústrias vem depreciando o valor do gado não rastreado e deixam o preço normal de mercado pelo rastreado (um tapa na cara do produtor). Só por esse motivo acredito que muitos produtores já param por aí quando pensam em rastrear seus animais.

    2º – Falta de fiscalização e padronização na identificação animal: enquanto alguns realizam passo a passo todos os requisitos do Sisbov de identificação e coleta de dados até a hora de abater, outros levam os brincos no porta luva do caminhão boiadeiro. E nos dois casos a “rastreabilidade” vale da mesma forma. Quer dizer, isso desestimula totalmente quem quer trabalhar corretamente dentro do sistema.

  19. Marcelo Ribeiro disse:

    Caros produtores e certificadoras brasileiras, moro na Austrália e trabalho em uma indústria de carne aqui neste país. Sou brasileiro e já trabalhei com certificação ai no começo dessa história. Inicialmente, tínhamos realmente uma essência para identificar, rastrear e certificar animais.

    Infelizmente a inconsistência e falta de planejamento do governo brasileiro faz com que toda a cadeia produtiva perca imensidões de dinheiro; dinheiro que infelizmente sai dos (cada dia mais pobres) produtores brasileiros. Agora não consigo nem imaginar o que deve estar acontecendo no nosso pais, que é desorganizado e inconsistente; é como se fosse um doente bipolar.

    Acho que toda a cadeia da carne deveria vir a um pais como Austrália, para conhecer na integra um sistema de rastreabilidade simples, barato e eficaz, onde 100% dos produtores realizam o processo; copiar mesmo! Nós brasileiros precisamos sair das nossas fronteiras e começar a conhecer o mundo, as necessidades reais dos compradores de carne, que vão além de rastreamento e sim qualidade da carne, as doenças, os controles sanitários eficientes, a seriedade dos técnicos, a prática da cidadania, onde antes de impor algo existem incansáveis discussões e adaptações para a realidade operacional.

    Infelizmente, já vi esse filme acontecer ai e não querendo ser pessimista e muito menos desejando isso, mas infelizmente para quem está de longe assistindo é muito claro.

  20. Celso Camarano Monteiro disse:

    Prezados colegas sofredores, hoje já não podemos mais culpar só os frigoríficos, já conseguimos vários sistemas inventados pelos nossos vivaldinos de plantão. Inventam de tudo, brincos certificados, carteira de identidade do boi, vaca, bezerro, etc. Pagamento para verificar se teus animais estão todos brincados, quando este serviço deveria ser feito pelo governo, sem ónus pois na ocasião das vacinas que fazem duas vezes por ano seria suficiente que neste momento nos fiscalizassem, mas não, inventam uma série de situações.

    É cada novidade, que não faz parte do governo mas sim de um órgão terceirizado, avido pelo faturamento cada vez maior. E os sindicatos nada fazem para defender os pecuaristas e com isso estamos cada vez mais sendo espoliados, assaltados, de todas as formas.

    Pergunto eu até quando suportaremos estes desmandos, ratificados pelos nossos órgãos de classe. Estamos sendo fiscalizados pelos frigoríficos que somente estão comprando carne rastreada, pagando o preço normal e quando o incauto não rastreou o seu rebanho ele é penalizado com preços abaixo do custo de produção. Se durante o carregamento dos animais por um deslize de seu funcionário deixar de colocar um boton ou este caiu na viagem já é motivo para o frigorífico desclassificar o animal e por ai vai. Pergunto novamente, até quando meu Deus, estaremos nessa situação onde somente entramos com o traseiro e eles com o pé.

  21. Luciano Abrão Fagundes disse:

    Caros amigos

    Volto a dizer as mesmas coisas que disse a meses atrás a respeito desse “ERAS”, que no meu ponto de vista, “já está quase indo”!

    Enquanto o pessoal no Mapa não passar a saber como é a pecuária brasileira. Acompanhar, saber passo a passo, do campo ao frigorífico, que é o local onde o pecuarista é penalizado, ou melhor extorquido, vamos sofrer muito ainda.

    Quem montou o sistema deve achar que boi fica na prateleira, e não deixou nenhuma segurança para o produtor com relação ao confronto com os frigoríficos.

    Se formos citar todas as coisas que o sistema tem de ruim ficaríamos aqui o dia todo. Estamos assistindo um combate entre opostos que se chama: Utopia ERAS x Pecuária Brasileira, onde “coisas absurdas” acontecem do frigorífico para frente, e um boi que tem seu brinco perdido no curral do frigorífico faz com que todo o resto da boiada perca a rastreabilidade, isso ainda acontece e muito, vamos olhar mais para isso amigos.

    E finalizo, não acredito nos números de animais rastreados no ERAS, além do fato de que no ERAS estão animais jovens, ou seja, que vão para o abate daqui a quanto tempo?

  22. Ivo Gregorio Lima Wagner disse:

    Concordo plenamente com os conceitos expressados pelo produtor Julio Tatsch, e por muitos dos colegas produtores de todo esse país.

    Faço algumas observações que considero pertinente:

    * A necessidade de um processo de rastreabilidade (não identificação) é indispensável para mantermos a nossa posição de mercado e conseguirmos alcançar os mercados que mais remuneram. Acredito, que sem dúvida iremos continuar exportando, até porque, não existe ninguém no mundo que possa produzir com qualidade e eficiência como nossos produtores. Porém, por preços baixos e conseqüentemente rendas cada vez menores. Não resta a menor dúvida que os frigoríficos não remuneram esses preços, porém isso não é novidade e as soluções para isso não passam somente pelo problema da rastreabilidade.

    * Acredito que da maneira que foi estruturado o sistema nunca conseguirá obter adoção e muito menos credibilidade junto aos produtores, principalmente se considerarmos “produtores” aqueles que iniciam o processo que são os que produzem terneiros. Os produtores de terneiros ou até os que possuem ciclo completo serão os mais prejudicados pelo sistema. Devemos lembrar que o conceito de rastreabilidade significa “saber” a vida sanitária e produtiva de cada animal do rebanho; dessa maneira os produtores criadores devem registrar cada ocorrência de vaca ou terneiro pelo tempo que esses permanecem com eles e sem receber nada por isso.

    Os produtores que possuem cria serão sempre os mais penalizados porque ficarão com uma estrutura administrativa enorme, um grande número de animais rastreados (vacas) produzindo um terneiro (rastreado) que talvez receba algo mais por isso. Acredito que os produtores criadores, ou as vacas destinadas a reprodução deveriam receber brincos e apoio para realizarem a rastreabilidade visto que seriam os menos beneficiados financeiramente.

    * No sistema anterior os produtores que realizam a engorda compravam animais com brinco e pagavam preço de mercado ou valores irrisórios a mais; permaneciam com esse animal o menor tempo possível e recebiam um valor maior pelo brinco. No “novo sistema” o terneiro ou a vaca de descarte não possuem um brinco, possuem uma história que foi difícil e cara para ser construída e continuarão querendo pagar nada por isso.

    Acredito que a solução deve ser construída por todos nós, mas as responsabilidades financeiras deverão ser melhor estudadas, como o risco de total fracasso do sistema.

    Saudações a todos

  23. Claudecir Mathias Scarmagnani disse:

    É por estas razões (acima já exposta) que ficamos desacreditados com estes programas, não melhora nossas vidas, nem nossos manejos, nem melhora nossas rendas.

    Afinal alguém já deparou com algum programa novo e com interferência da área governamental que venha nos trazer benefícios diretos/indiretos.

    Mas sou brasileiro e com muito orgulho, por isso acredito em mudanças que no futuro venham nos trazer bons frutos.

    Saudações

  24. Antonio Silvio Abeid Moura ( Silvio Moura ) disse:

    Bom, resumo das cartas acima: pessoal de certificadoras aplaude decisão do mapa. Produtores como eu, lamentam.

    Gostaria de me juntar a alguns colegas que bem colocaram: Brasil é isso mesmo, quem regulamenta nunca sequer viu um frasco de vacina contra febre aftosa. Nunca abriu um saco de semente de pastagem. Acompanhar um plantio? Faz um calorão em cima do trator!

    Após sucessivas crises de focos de aftosa, vacina continua sendo papel! A vacina deveria ser comprada pelo produtor e aplicada pelo governo. Fiscal sanitário é que vai aplicar vacina. Aí sim haverá acompanhamento.

    Só para citar uma das distorções que antecipam o Sisbov, que vem com mais distorções. Produzimos a carne mais sadia do mundo, mas temos que nos adequar ao sistema externo? Não conseguimos ser soberanos em nada neste país?

Mercados Futuros – 15/10/07
15 de outubro de 2007
Pouca oferta de boi gordo força alta nos preços
17 de outubro de 2007