Inpe informa aumento no desmatamento da Amazônia em junho
3 de agosto de 2011
Boi gordo: indicador recua e BM&F acompanha
3 de agosto de 2011

Mapa pede à Rússia que adie restrições e segue negociando

Após sofrer novas advertências de autoridades da Rússia por não responder a vários questionamentos técnicos que poderiam encerrar o embargo às carnes brasileiras, o Ministério da Agricultura solicitará o adiamento de restrições temporárias à exportação, feitas a seu pedido, de uma lista de 37 unidades frigoríficas.

Após sofrer novas advertências de autoridades da Rússia por não responder a vários questionamentos técnicos que poderiam encerrar o embargo às carnes brasileiras, o Ministério da Agricultura solicitará o adiamento de restrições temporárias à exportação, feitas a seu pedido, de uma lista de 37 unidades frigoríficas.

Uma comitiva brasileira entregou, no dia 6 de julho, em Moscou, uma lista de estabelecimentos que passariam a ter restrições voluntárias e imediatas de embarque. Agora, após reclamações de várias indústrias do setor, a Secretaria de Defesa Agropecuária (SDA) pediu a prorrogação do prazo até 30 de agosto.

O ministério tenta convencer os russos de que a lista de restrição voluntária seguia dois critérios: estabelecimentos que não exportavam há mais de um ano e aqueles que pediram, de forma unilateral, a retirada da lista de habilitação. A SDA afirma que a lista de restrição estaria condicionada à liberação dos 85 frigoríficos embargados no Paraná, Mato Grosso e Rio Grande do Sul.

O Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal (Dipoa) informou ontem, em circular interna, que a lista de 37 unidades teria sido “divulgada” pelo Serviço Veterinário da Rússia. Na verdade, a lista foi sugestão da delegação brasileira, composta pelo secretário Francisco Jardim e o diretor Luiz Carlos Oliveira.

Na semana passada, as autoridades russas cobraram novas explicações da SDA e condicionaram o fim das restrições a “maiores esclarecimentos” das autoridades brasileiras e à apresentação de “documentos adicionais”, além da tradução para o russo de textos entregues pelo Brasil.

Em carta ao ministério, o vice-chefe do serviço russo, Alexey Saurin, afirmou que manterá as restrições até que sejam resolvidas essas pendências. Os russos apontaram irregularidades como a falta de comprovação de controle em 32 empresas listadas pela SDA.

O diretor do Dipoa, Luiz Carlos de Oliveira, disse que o problema ocorreu por um “erro de interpretação” da documentação por parte dos russos. “Fizemos uma relação de empresas que estavam fora dos padrões. Os 37 frigoríficos tinham problemas graves e sofreram intervenção. Por isso, nós combinamos, no dia 6 de julho, que as empresas ficariam suspensas temporariamente para vendas e os russos dariam a resposta. Depois nós vimos que eles haviam restringido”.

O diretor afirmou que o ministério enviará hoje a carta aos russos pedindo mais prazo para uma nova vistoria nos 37 frigoríficos. Oliveira disse ter havido confusão com as datas. “Eles publicaram uma carta no dia 29 de julho dizendo que a restrição para as 37 plantas valeria a partir do dia 6 de julho. No dia 6, ainda estávamos lá. Estamos mandando um documento para pedir que seja mantido o que foi combinado em Moscou”, disse.

A proposta do Brasil à Rússia foi feita com base em duas listas: de empresas aptas a exportar e as com restrições temporárias. “Quando verificássemos que estava tudo certo liberaríamos as vendas para os russos. O problema é que eles querem critérios de análise laboratorial que não seguem os exames de praxe”, afirmou Oliveira.

A matéria é de Mauro Zanatta e Tarso Veloso, publicada no Valor Econômico, resumida e adaptada pela Equipe BeefPoint.

0 Comments

  1. José Ricardo Skowronek Rezende disse:

    O Brasil precisa investir em laboratórios e procedimentos que permitam atender aos mais altos padrões sanitários do mercado internacional se pretende manter e ampliar sua liderança neste segmento. É um tema delicado, muitas vezes com mescla de aspectos técnicos e políticos, mas que precisa ser enfrentado.

  2. Melina de Oliveira Daud disse:

    A nossa Inpeção Sanitária de Produtos de Origem Animal é referência internacional em padrões e metodologias. Não há dúvidas que o impasse é político, infelizmente estamos deixando a desejar em comunicação e negociação. O negócio "tá russo, hem?!?"

  3. Louis Pascal de Geer disse:

    A questão é, no meu entender, porque nos estamos dando margem de manobra para ser usado politicamente?

    No papel podemos até ter e ser uma referencia internacional mas que mande é a pratica e os resultados.

    Tenho a certeza que o SIF está cheio de papelada mas sobrecarregado e com falta de recursos humanos.

    Os papeis de controle de qualidade e sanidade nas industrias, a SIF dentro da industrias, e os controles do SDA-DIPOA devem ser avaliados e repactuados com um protocolo atualizado como tambem um manual de procedimentos.

    Finalmente recomendo o uso de uma consultaria especializado em o labirinto russo!

  4. José Manuel de Mesquita disse:

    Prezada Melina de Oliveira Daud,

    Infelizmente estamos muito longe de alcançar a qualidade necessária para  estar pelo menos próximos a algum tipo de "referência" a Inpeção Sanitária de Produtos de Origem Animal…  

    Veja aqui mesmo no BeefPoint, as matérias publicadas sobre os problemas com  os Embargos dos produtos do JBS-Bertin imposto pelos EUA, em um passado recente.

    Agora os Russos, apesar dos avisos sucessivos sobre os problemas encontrados… aparentemente nada foi feito, ou se o foi, não foi com a seriedade ou competência necessárias a gravidade do problema.

    Impossível ser referência a coisa alguma, principalmente estando  a Defesa Agropecuária e  Fiscalização Sanitária conforme matérias também publicadas aqui mesmo no BeefPoint (ver links abaixo).

    https://beefpoint.com.br/cadeia-produtiva/giro-do-boi/estrutura-de-defesa-agropecuaria-e-inadequada-63767n.aspx

    https://beefpoint.com.br/cadeia-produtiva/giro-do-boi/fiscais-alertam-para-problemas-com-fiscalizacao-sanitaria-70879n.aspx

    Encaremos os fatos, infelizmente todos eles (Russos, Americanos, Europeus), possuem fortes argumentos para nos impor os embargos que estamos recebendo…

  5. Melina de Oliveira Daud disse:

    Sr. José, os padrões sanitários de inspeção de produtos de origem animal no Brasil, são referência internacional, infelizmente este é um elo da cadeia pouco divulgado e conhecido. Percebemos plenamente a rigorosidade dos nossos controles quando vivenciamos a realidade dos nossos estabelecimentos e/ou visitamos estabelecimentos de POA em outros países como EUA e Europa. Infelizmente há pontos que dificultam as negociações, mas o mais importante a ser observado neste momento é que a desculpa da Rússia para o boicote é "esfarrapada", e o Brasil não esta tendo habilidade política para negociar.

  6. José Ricardo Skowronek Rezende disse:

    Sem querer polemizar, pois não é o caso, creio que de fato temos pontos fortes e fracos na área sanitária. E antes de qq coisa precisamos reconhecer isto para podermos agir de maneira inteligente. Não estou com isto críticando a atuação de um segmento da cadeia produtiva, absolutamente, mas sim alertando da necessidade de melhorarmos ainda mais.

    Por um lado sem dúvida construimos uma pecuária e uma industria frigorífca modernas e competitivas, Inclusa defesa sanitaria. Os fatos falam por si. Por outro lado a exploração dos nosso pontos fracos de acordo com as conveniencias políticas de nossos clientes e concorrentes é inevitável. Quanto mais fortes nos tornarmos mais pressão enfrentaremos. E apesar de todos os avanços recentes precisamos reconhecer que o Brasil ainda não tem o peso político de um Estados Unidos ou de uma União Européia. E quem pode menos precisa ser mais esperto para superar as pressões, não ficar se queixando das injustiças.

    Ao meu ver a questão do controle de resíduos na carne, por exemplo, precisa ser entendida neste contexto. Precisamos mudar nossos processos na indústria e nos laboratórios para não continuarmos sujeitos a pressões políticas travestidas de técnicas.

    Mas também quero chamar a responsabilidade alguns de meus pares, pecuaristas, com relação a este tema, para que elevem seus controles e cuidados. Muitas dos ajustes podem ser feitos sem grandes investimentos e/ou traumas. É mais uma questão de começarmos. Só assim avançaremos.

    Como pecuarista apoio os investimentos públicos e privados para elevar ainda mais os níveis de controles sanitários da nossa carne. E apoio os esforços diplomaticos e comerciais do governo e dos frigoríficos para ampliar a penetração de nossa carne no mercado mundial.

    Att,

  7. José Manuel de Mesquita disse:

    Prezada Melina,

    Acredito que em algum momento do passado, você estava certa, mas no momento atual  duvido.  Infelizmente os fatos são reais e são mais concretos que as desculpas repetidamente publicadas.  Veja as últimas matérias sobre o assunto  aqui mesmo no BeefPoint.

    A estrutura  dos órgãos "responsáveis" está em frangalhos, ou talvez aparelhada de forma desproporcional por pessoas não capacitadas, ou não comprometidas com suas responsabilidades.

    Ademais, sempre que algum país nos ameaça com embargos, aparecem os dirigentes com o já conhecido "ufanismo tupiniquim",  nos empurrando sempre as mesmas desculpas…  problemas políticos,  pressão para baixar os preços, ou mesmo diferenças de "critérios" entre a legislação deles e a nossa; como se não fosse nossa a obrigação de atende-los respeitando as "regras de quem compra"…

    Jogo de empurra, o tempo passando e os responsáveis não mudam o discurso… já é hora de trabalhar sério, do contrário a produção de proteína animal  deste país, terá que ser absorvida por aqui mesmo…  voltaremos aos preços dos anos 2002-2007…

    As vezes chego a pensar que toda essa "aparente incompetência" é  estratégia de governo, para manter os preços em patamares  condizentes com as taxas de inflação buscadas…  e que se virem os que pretendem produzir proteína animal neste país, poderiam aplicar seus recursos em papéis do governo e viver de renda, sem os riscos já conhecidos:  moléstias, infra-estrutura precária, problemas trabalhistas, saúde, educação e segurança (falta)… ia me esquecendo…  os especuladores.

    Abraço, saúde e sorte.

    JMM

    http://wm.agripoint.com.br/mailing/redirect.asp?15145**19547**beefpoint.com.br/cadeia-produtiva/giro-do-boi/governo-e-criticado-por-postura-no-caso-russia-73695n.aspx

    http://wm.agripoint.com.br/mailing/redirect.asp?15145**19547**beefpoint.com.br/cadeia-produtiva/giro-do-boi/russia-faz-novas-exigencias-na-negociacao-das-carnes-73665n.aspx