O Brasil deve fechar 2002 com saldo na balança comercial agrícola entre US$ 20 bilhões e US$ 21 bilhões, segundo estimativa do ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Marcus Vinicius Pratini de Moraes. O valor representa um acréscimo de 10% sobre o saldo da balança rural do ano passado, que totalizou US$ 19 bilhões. Além das carnes, álcool, suco de laranja, frutas, pescado, couro e café devem ser os destaques neste ano.
Para o ministro da Agricultura, o futuro do agronegócio brasileiro depende, fundamentalmente, de acesso a mercados e preços remuneradores. Pratini de Moraes não espera, no entanto, reversão nos preços das commodities agrícolas, mas sim que o produtor brasileiro aposte em competir, em buscar nichos de mercado sem deixar de lado os mercados já conquistados. O acesso a novos países está sendo garantido por duas frentes de ação do governo: o combate aos subsídios e os acordos sanitários, para o caso das carnes.
Para as carnes, que atingiram vendas de US$ 2,8 bilhões em 2001, o ministro prevê comercialização internacional de US$ 3,2 bilhões. Neste sentido, ele quer diversificar os produtos que são vendidos ao mercado russo – as indústrias esperam atingir 30% deste mercado – e prosseguir nos entendimentos com vistas à abertura do mercado norte-americano (para a carne bovina), chinês (para bovinos e carne de frango) e japonês (para bovinos e carne suína).
Além da perspectiva de conquista de novos mercados, é importante que o país não perca de vista os investimentos para a sustentação de mercados na Europa: União Européia (carne suína), Leste Europeu (carnes suína e bovina) e Oriente Médio (carne bovina e de frango). Ou seja, o Brasil precisará diversificar o número de países compradores de carnes para que possa diminuir a dependência dos embarques.
O crescimento previsto de 15% poderá ser maior, à medida que as negociações de acesso a novos mercados se processem em maior velocidade.
Outra medida importante para o crescimento das exportações de produtos agropecuários foi tomada nos últimos dias, quando o governo implantou o programa de rastreabilidade bovina. Para o ministro, a medida vai influenciar também na qualidade do couro, com melhora das exportações desse produto, bem como proporcionará benefícios para o pecuarista. “Hoje, o couro é pago independente de ser bom ou não”, afirma Pratini.
No que diz respeito ao combate aos subsídios, Pratini de Moraes pretende trabalhar intensamente em estreita relação com o Itamaraty na Organização Mundial de Comércio (OMC) no sentido de obter um compromisso sobre a gradativa eliminação do subsídio à exportação que, segundo ele, “são hoje os principais fatores de depressão dos preços no mercado internacional”.
Para Pratini de Moraes, se os Estados Unidos têm o direito de proteger seus produtores, o Brasil tem o dever de ir à OMC mostrar o quanto essas medidas deprimem os preços do algodão e da soja de países que não têm condições de oferecer o mesmo tipo de benefício.
Fonte: Gazeta Mercantil (por Ayr Aliski e Neila Baldi), adaptado por Equipe BeefPoint