O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) quer que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva convença os países da América do Sul a investirem anualmente, cada um, US$ 0,30 por cabeça de gado para erradicar a febre aftosa no continente.
No caso do Brasil, dono de um rebanho bovino de 186 milhões de cabeças, o investimento seria de US$ 55,8 milhões anuais, ou seja, cerca de R$ 170 milhões.
Neste ano, o Mapa vai gastar muito menos com a erradicação da doença: R$ 34,6 milhões. O dinheiro é usado principalmente na contratação de médicos veterinários, em barreiras de fiscalização, na compra de combustível e carros para ir a campo.
Dos R$ 34,6 milhões, R$ 16,6 milhões foram repassados aos estados do Norte e do Nordeste no primeiro semestre deste ano. As regiões não têm status de área livre da doença. Mais R$ 18 milhões devem ser liberados no segundo semestre. Esse dinheiro está dentro da verba extra de R$ 44 milhões que Lula, por meio de uma medida provisória, liberou no início deste mês.
O secretário interino da Defesa Agropecuária do Mapa, Cezar Wilson Martins da Rocha, disse que, para alcançar a meta de investir R$ 170 milhões ao ano, na erradicação da aftosa, serão necessárias as participações da iniciativa privada e dos pecuaristas.
Na quinta-feira passada, o ministro José Dirceu (Casa Civil) participou de uma reunião entre os secretários estaduais da área de agricultura no Mapa. Segundo Rocha, Dirceu deve levar a Lula a proposta da campanha para erradicação da febre aftosa na América do Sul com investimento de US$ 0,30 por cabeça de gado.
Preocupa o Mapa principalmente a presença da doença na Bolívia e no Paraguai. Esses países têm fronteiras de mais de 1.000 km de extensão com Mato Grosso e com Mato Grosso do Sul.
Os dois Estados brasileiros possuem ao menos 49 milhões de cabeças de gado. São áreas livres da aftosa com vacinação, mas sofrem a ameaça vinda dos países vizinhos e ainda não receberam neste ano recursos para prevenir a febre aftosa.
O secretário estadual da Produção de Mato Grosso do Sul, José Antônio Felício, disse que, se o presidente Lula lançar a campanha contra a aftosa na América do Sul, pode haver cooperação entre os governos brasileiro, boliviano e paraguaio. “Podemos montar uma ação conjunta sem levar em conta as fronteiras”, afirmou Felício. De Mato Grosso do Sul sai 45% da carne exportada pelo Brasil.
Fonte: Folha de S.Paulo/AgroFolha (por Hudson Corrêa), adaptado por Equipe BeefPoint