O Mapa já começou a questionar os embargos a produtos brasileiros, devido aos focos de febre aftosa, que considera “exagerados”. A Indonésia foi o primeiro país a receber oficialmente um pedido de explicações do Brasil por ter não só restringido a compra de carne de todo território nacional, mas também suspendido as importações de farelo de soja, matérias-primas, equipamentos, maquinaria e medicamentos. O ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, encaminhou ao Itamaraty uma nota técnica que será enviada ao governo daquele país.
Paralelamente, os técnicos do ministério entraram em contato com a embaixada da Indonésia para marcar uma conversa. Será preciso aguardar o fim do mês sagrado de jejum religioso do Ramadã, celebrado pelos muçulmanos desde o início de outubro.
A idéia é tentar um acordo bilateral. Se não der certo, o passo seguinte será uma reclamação oficial no Comitê de Medidas Fitossanitárias da Organização Mundial do Comércio (OMC). Só depois disso, alegam técnicos do governo, o Brasil poderá endurecer nas medidas e até retaliar países que não reverem suas decisões.
Dos 49 países que adotaram restrições, apenas sete limitaram a decisão à área do foco: o Mato Grosso do Sul. A maioria incluiu também regiões próximas, como Paraná e São Paulo, e nove países embargaram produtos de todo o Brasil. Entre esses países estão Chile e Israel, mercados considerados importantes pelos produtores nacionais. Há ainda os casos considerados piores como o da Indonésia, que incluíram outros produtos além de carnes.
Apesar disso, a posição do ministro tem sido a de que, enquanto os focos não estão 100% controlados e ainda há incertezas em relação a determinadas regiões, como o Paraná, o governo não deve radicalizar. Isso, porém, não impede de tentar negociação bilateral nas situações mais graves.
O ex-ministro da Agricultura e presidente da Abiec, Marcus Vinícius Pratini de Moraes, é dos que defendem mais firmeza do governo federal. Para ele, o Brasil deveria proibir a importação de produtos de países que não estão obedecendo ao acordo de regionalização para a febre aftosa, como Chile e Israel.
O chefe da Divisão de Controle do Comércio Internacional, Ari Crispim, informou ao jornal Valor Econômico que a estratégia será centrada em quatro pontos: aperfeiçoamento do sistema de rastreamento de bovinos (Sisbov); a instalação de linhas de inspeção post mortem em todos os frigoríficos exportadores; a maturação sanitária da carne; e a desossa seletiva.
“Vamos oferecer registros de elementos que possam ser auditados por missões técnicas em visita ao país”. Os primeiros objetivos da negociação são os mercados da União Européia, Chile e Israel. O governo aposta na reabertura gradual dos demais países a partir dos parâmetros adotados por estes mercados.
O Ministério da Agricultura também defenderá a maturação sanitária como um instrumento seguro para evitar um possível vírus incubado no animal. Nesse caso, o Brasil garantirá que as carnes serão resfriadas a 2oC por, no mínimo, 24 horas após o abate e desossa. “Isso baixa o pH da carne a 6 pontos e inativa o vírus”, explica Crispim.
Fonte: Folha de S.Paulo (por Sheila D´Amorim) e Valor Econômico, adaptado por Equipe BeefPoint
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Gostaria de esclarecer que deve ter ocorrido algum engano na transcrição da entrevista do Dr Ari Crispim, pois as linhas de “inspeção post mortem” são obrigatórias e efetuadas em todos os frigoríficos brasileiros que estão sob SIF (Serviço de Inspeção Federal), são elas:
Linha A: patas e lábios, nesta linha pode-se inclusive visualizar sinais sugestivos de Febre Aftosa;
Linha B: cabeça e língua;
Linha C: cronologia dentária (estimar a idade do animal);
Linha D: trato gastro intestinal;
Linha E: fígado
Linha F: coração e pulmões;
Linha G: rins
Linha H: carcaça porção posterior (traseiro);
Linha I: carcaça porção anterior (dianteiro), e
Linha J: carimbagem.
O problema, na minha opinião, é que faltam Fiscais para cumprir todas as atribuições dos SIFs, uma vez que vários estabelecimentos com abates enormes têm somente um Fiscal Federal Agropecuário, é humanamente impossível atender a demanda.
Vale lembrar que em um frigorífico não acontece somente o abate, existe a desossa, setor de miúdos, embarque, às vezes charque, carne cozida e com um número reduzido de profissionais para fiscalizar tudo isso.
O Brasil precisa revogar a Lei de Gérson, e parar de achar que pode levar vantagem em tudo, como disse o Dr Ari, temos que cumprir o nosso papel e registrar tudo para que seja auditado por quem quiser!
Olhem o SISBOV, poderia ter sido até uma ferramenta na varredura do foco de Aftosa, se todos os animais do Brasil estivessem rastreados era só ver onde estavam os não rastreados, claro que isso é uma outra conversa.
Um abraço a todos e sucesso à equipe do MAPA no convencimento dos importadores.
Crhistian Pachemshy
Fiscal Federal Agropecuário – SIF 2672 – Sorriso/MT
Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento