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Marcelo Pimenta: precisamos de estudos claros sobre os impactos da pecuária brasileira para combater informações tendenciosas

Avaliando um estudo publicado no Environmental Science & Technology, que avaliou que a produção de carne bovina do Brasil produz mais emissões de carbono do que a produzida em outros países, Marcelo Pimenta, diretor geral e sócio da Exagro nos enviou um comentário onde lembra que precisamos de estudos claros sobre os impactos da pecuária brasileira sobre o meio ambiente para combater informações tendenciosas.

Avaliando um estudo publicado no Environmental Science & Technology, que avaliou que a produção de carne bovina do Brasil produz mais emissões de carbono do que a produzida em outros países, Marcelo Pimenta, diretor geral e sócio da Exagro nos enviou o seguinte comentário:

“É muito fácil analisar e publicar dados de pesquisa quando já se sabe de antemão o que se quer dizer. É revoltante a quantidade de informações tendenciosas e pelas metades que chegam até o consumidor dos nossos produtos, que não tem conhecimento para contestá-las e nem sequer questioná-las. Dados como esses da pegada de carbono são tão absurdos como aqueles que tratam do gasto de água por quilo de carne produzida.

É urgente que a Embrapa e outras entidades de pesquisa brasileiras se mobilizem para pesquisar e publicar dados científicos definitivos, que tratem ponto a ponto a realidade do assunto, não para simplesmente contestar as publicações absurdas de quem quer denegrir o nosso produto, mas para dar um diagnóstico completo da pecuária brasileira do ponto de vista ambiental.

Precisamos mostrar como a pecuária brasileira bem conduzida, com produtividade e inteligência ambiental, retêm enormes quantidades de carbono no solo, preserva as nascentes e os recursos naturais de modo geral, e pode alimentar o mundo com uma carne barata, saudável e de excelente qualidade. Esse estudo deveria servir também para apontar as nossas falhas, mostrando a porcentagem da área de pastagem degradadas e mal conduzidas, mas sobretudo apontando soluções e prazos para combatermos as deficiências. Com toda a minha limitação de conhecimento específico sobre esse assunto, sugeriria alguns pontos que deveriam ser esclarecidos nesse trabalho:

1- Qual a real taxa de desmatamento anual no Brasil causada pela pecuária, qual a curva de queda que vem ocorrendo, e quando poderemos contar com desmatamento próximo de zero.

2- Qual a emissão de carbono das áreas desmatadas por ano, a ser computada no balanço de carbono na produção de carne também anual de todo o país. É obvio que o cálculo deve ser da emissão anual com o desmatamento, e não do total da área já desmatada para pecuária, que segundo a notícia em questão é de 70% do total. Se fosse assim, poderemos também fazer conta da área desmatada na Europa ou nos Estados Unidos, por exemplo, nos últimos 500 anos.

3- Qual é o balanço de carbono nas áreas de pasto bem manejados, que aumentam anualmente o seu teor de matéria orgânica no solo? Qual a porcentagem dessas áreas no total da pecuária, quais as medidas a serem tomadas para elevar para 100% o bom manejo de pastagem no Brasil, e quanto tempo isso levaria?

4- Quais as possibilidades de aumento de produtividade por intensificação de pastagens e confinamentos, e qual o impacto no balanço de carbono por quilo produzido?

Certamente essas e muitas outras questões poderiam ser respondidas, e se houvesse uma continuidade no acompanhamento e análises desses dados, poderíamos responder a esses defensores do vegetarianismo o seguinte:

1- Sim, temos problemas ambientais em parte da área de produção de carne no Brasil, como tiveram todos os países na sua fase de desenvolvimento. Sabemos dos problemas, as providências estão sendo tomadas, e em x anos poderemos dizer que 100% da produção de carne no Brasil é ambientalmente sustentável.

2- Apesar das áreas ainda degradas e dos desmatamentos que ainda ocorrem, a porcentagem de sua área em relação ao total vem diminuindo anualmente, e vem crescendo a área bem manejada, produtiva, com impacto positivo na questão ambiental.

3- O Brasil possui um modelo completamente sustentável para a produção de carne, e certamente poderá abastecer o mundo com proteína de primeira qualidade, atendendo a demanda que sem sombra de dúvida só vai crescer, apesar dos esforços em contrário de uns poucos ativistas barulhentos”.

Leia também:

Rodrigo Paniago: afirmar que a pecuária é a grande responsável pelo desmatamento é olhar de forma simplista para o problema

Equipe BeefPoint

0 Comments

  1. Marcelo Pimenta Barbosa Mascarenhas disse:

    Caro Mário Perestrelo.
    Temos estudos parciais sobre quase todos esses pontos. O que nos falta mesmo é uma organização desses dados e de uma estratégia de ação para levar as verdades científicas ao conhecimento de todos. Parece que falta dono para esse tema!
    Abraço.