Há trinta anos no Brasil, os animais da raça Marchigiana têm provado que esse europeu é funcional e apresenta grande desempenho nas condições de pecuária praticadas em nosso país.
Recentemente, criadores e técnicos estiveram reunidos em Araçatuba para um dia de campo na Fazenda Santa Cecília, do pecuarista Oscar Maroni Filho. A Santa Cecília trabalha há anos com terminação de animais meio sangue em regime de confinamento, fato que leva Oscar Maroni a afirmar: “Sempre trabalhei com confinamento empregando diversas raças e tenho tudo anotado, tudo registrado, essas anotações mostram que o Marchigiana apresenta o melhor ganho de peso”.
Na ocasião, o professor João Otávio Junqueira, da Fundação Octávio Bastos, São João da Boa Vista/SP, mostrou o resultado de um trabalho com machos meio sangue:
– Inicio da terminação: 413 kg aos 18 meses
– Abate: 504 kg aos 21 meses
– Ganho médio de 1,44 kg/dia
– 107 dias de confinamento
O professor João Otávio diz ainda: “A produção de carne na carcaça dos animais é acima da média e as fêmeas meio sangue e três quartos não devem nada para os machos”.
Esse bom desempenho na terminação se deve a própria origem do Marchigiana, na região de origem da raça, os indivíduos convivem, e muito bem, com temperaturas extremas, quinze graus negativos e quarenta positivos.
Testes de tolerância ao calor revelam a adaptabilidade da raça. “Num índice de zero a dez, o Marchigiana chegou a 9.51 no teste de tolerância ao calor”, constata Roberto Vilhena, professor da USP de Pirassununga, SP.
Para o médico veterinário e técnico da raça, Sérgio Félix, essa tolerância ao calor traz reflexos positivos no desempenho dos touros. “O fato de suportar bem altas temperaturas permite ao touro Marchigiana trabalhar por mais tempo. No estado de Mato Grosso do Sul, contatamos reprodutores com oito ou nove anos servindo muito bem a vacada”, afirma.
Fábio Pedreali, diretor técnico da Associação Brasileira dos Criadores de Marchigiana, trabalha com a raça há mais de vinte anos e faz uma afirmação categórica: “Marchigiana agrega qualidades, é rústico, ganhador de peso, precoce e oferece padronização nas carcaças dos produtos meio sangue”.
Conversando com o presidente da Associação Brasileira, o criador Rogério Felipe, fica evidente a transparência na condução do trabalho dentro da raça: ” Todos os dados que divulgamos, não saem da minha simples opinião, são todos fundamentados com trabalhos científicos, produzidos pelos técnicos e pesquisadores principalmente da USP de Pirassununga”.
Ainda segundo Rogério Felipe, a Associação Brasileira dos Criadores de Marchigiana está com as portas abertas para os interessados em conhecer mais profundamente a raça.
Fonte: ABCMarchigiana (por Tobias Ferraz), adaptado por Equipe BeefPoint