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Marcos Mantelato, diretor da Bellman, fala sobre o momento atual da pecuária e perspectivas

BeefPoint: Como a Bellman tem enfrentado a crise de preços da pecuária?

Marcos Mantelato: No último semestre, janeiro a junho, o mercado da suplementação apresentou retração em relação ao primeiro semestre do ano passado. Entretanto, a Bellman cresceu nesse período, ainda que num percentual menor do que aquele que gostaríamos. Nós nos preparamos para atender um volume consideravelmente maior, o que não ocorreu em conseqüência desta crise de preços da pecuária.

A Bellman, como todas as empresas ligadas à atividade pecuária com interesse em sobreviver e crescer, está buscando otimizar os recursos alocados para tornar-se mais competitiva. Estamos aumentando nossa produtividade fabril, ampliando o acesso aos serviços de atendimento técnico que disponibilizamos e a interação com as equipes dos nossos clientes. E o que temos percebido é que a receptividade desta atitude, mais pró-ativa e de proximidade, tem sido muito boa.

Assim temos percebido um profissionalismo na atividade pecuária cada vez maior. Os confinadores estão muito empenhados na seleção de animais, no controle de dieta, inclusive com análise de matéria seca para ajuste do concentrado, no manejo dos cochos. A suplementação estratégica a pasto, com o uso de diferentes suplementos para categorias diferentes, para atender às mais diversas expectativas de ganho de peso e taxas de fertilidade, é uma técnica cada vez mais corriqueira.

Desta forma, estamos enfrentando a crise oferecendo aos nossos clientes as alternativas viáveis no campo da nutrição, buscando uma adequação à realidade de cada propriedade.

BeefPoint: Quais os diferenciais da Bellman hoje no mercado?

Marcos Mantelato: A Bellman tem 7 diferenciais.

O primeiro deles é a segurança, diretamente relacionada à certificação de Boas Práticas de Fabricação (BPF) que conquistamos, a qual envolve padronização, higiene, qualidade, controle de riscos e rastreabilidade.

O segundo é a qualidade. Utilizamos matérias primas dos melhores fornecedores. Temos equipamentos de última geração com elevada automação e rígido controle de qualidade das matérias primas e produto acabado.

Uma questão que tratamos como diferencial, e que não deveria ser, é a ética. Temos um código de conduta e aplicamos esse código. A ética está presente em todas as relações que tangem a empresa: com o cliente, com os funcionários, com a comunidade, com os concorrentes, com o Governo e meio ambiente.

Outro diferencial é a tecnologia de ponta. Temos um intercâmbio tecnológico com universidades, centros de pesquisa e empresas privadas do Brasil e do exterior. Trabalhamos com o IZ (Instituto de Zootecnia, órgão de pesquisa do governo de São Paulo) onde avaliamos experimentalmente nossos produtos. Estão em andamento trabalhos desenvolvidos com a Unesp/Jaboticabal e com a Esalq/Piracicaba.

Além disso, contamos com 19 campos experimentais, fazendas de clientes que utilizamos para acompanhamento dos produtos. Temos um trabalho bastante intenso de desenvolvimento, que traz toda a tecnologia que é incorporada ao produto.

O outro diferencial é o resultado. Ou a Bellman dá um resultado superior, ou não temos razão de existir. Essa base de desenvolvimento de produtos nos permite desenvolver e acompanhar o resultado nas fazendas dos clientes . Daí a necessidade de termos uma extensa linha, com mais de 50 produtos, para escolhermos o melhor se aplica a cada situação.

O sexto diferencial é a equipe. Fazemos um trabalho de capacitação ininterrupto. Temos a Academia Bellman, dentro da fábrica, para treinamentos para até 50 pessoas. Semanalmente, disponibilizamos cursos sobre liderança, comunicação, uso do tempo, além dos específicos à cada função, para orientação sobre os procedimentos operacionais. Qualquer um que entre para a equipe passa por um treinamento antes de iniciar suas atividades.

O sétimo é o serviço que prestamos, que agrega valor ao que fazemos e ao que nossos clientes fazem. Realizamos mais de 400 visitas técnicas por ano em fazendas, sem contar aquelas a escritórios para discutir sistemas de produção. Queremos que este número aumente de fato, pois é assim que conseguimos adequar nossa proposta às necessidades do cliente. Temos um sistema de comunicação dos carregamentos ao cliente. Quando o faturamento é efetuado, disparamos um comunicado com as informações. Desenvolvemos dietas de confinamento e a pasto. Temos, permanentemente, um técnico dentro da empresa para poder atender a essa demanda.

BeefPoint: Como está o andamento da promoção Jóia Rara?

Marcos Mantelato: Como começou a história da Jóia Rara? Em 2006 completamos quinze anos , e estávamos apreensivos sobre como deveríamos comemorar a data em tempos de crise. O objetivo era fazer algo diferente, presentear um cliente com alguma coisa subjetiva, intangível, algo que não fosse encontrado na prateleira.

Pensamos numa jóia . Daí evoluímos para uma mula. Pecuaristas apreciam animais de bom andamento. Uma mula de patrão é um “carro de luxo”. Então conversamos com Marco Antônio Barbosa, o MAAB, que é um parceiro nosso de longa data e um expoente na criação de muares. Falamos com ele sobre a idéia, se seria parceiro, e ele respondeu: “tenho uma mula justamente com nome Jóia Rara!”

Fizemos uma campanha completa, com anúncios em revistas, mala direta, site, TV e cuponagem. A mídia está acompanhando. Muitos já confirmaram presença no sorteio, que será na nossa fábrica, em Mirassol, dia 20/10. Jóia Rara talvez seja hoje a mula mais famosa do Brasil.

BeefPoint: Qual a sua expectativa em relação ao mercado do boi?

Marcos Mantelato: No curto prazo o mercado sinaliza alguma mudança. Este ano estamos tendo uma seca mais intensa. Períodos assim ajudam a enxugar estoques. Isso acaba sendo positivo, principalmente para aqueles que se preparam melhor. Ocorrem momentos em que não se tem mais animais de pasto e os de confinamento ainda não estão prontos. Este cenário contribui para que a arroba permaneça na seca com valores pelo menos 15% superiores, em relação à média do período das águas.

Aparentemente quando o valor da arroba na safra é muito baixo, o valor na entressafra é mais elevado que a média. E sempre que os preços na safra são mais altos, temos uma arroba de entressafra abaixo da média.

A condição altista parece ser bem consistente. Mesmo com a atrativa condição atual de alimentos baratos, o que favorece o fechamento mesmo que tardio de animais em confinamento, é possível que a oferta seja insuficiente.

Assim, a expectativa é otimista, principalmente no médio prazo. Os negócios na pecuária acabam melhorando de fato quando o bezerro passa a ser mais valorizado. Bezerro valorizado é “chuva na cabeceira”…

BeefPoint: Entre seus clientes, quem está crescendo na pecuária, o que vem fazendo diferente?

Marcos Mantelato: Está tendo melhores resultados quem está avançando na gestão do seu negócio. Quem identifica muito bem qual seu potencial, suas deficiências, qual é a aptidão da propriedade, qual é sua aptidão como empresário. Além disso, quem conta com alguma forma de apoio técnico, para adequar o uso das ferramentas – genética, nutrição, manejo de pastagens- e apoio na área financeira, para contar com as informações adequadas para a tomada de decisão.

Exemplificando, podemos citar o trabalho das Fazendas Bartira. A cria, seu principal segmento na pecuária, não está com boa rentabilidade atualmente. Entretanto, eles dominam as ferramentas técnicas, produzem bem, com qualidade e padrão. Construíram uma marca sólida, que acaba ancorando os principais atributos dos seus produtos. Com isso, conseguem vender os bezerros com uma média de preços maior e ainda manter altos índices de retenção e satisfação de clientes. O resultado econômico proporcionado acaba sendo superior ao do segmento.

BeefPoint: O que vocês têm recomendado para os pecuaristas, como forma de aumentar sua rentabilidade?

Marcos Mantelato: Temos sugerido que :

– Tenham foco.

– Estabeleçam objetivos e prazos para seu cumprimento.

– Economizem sim, mas com parcimônia.

– Não se deixem levar por modismos.

– Busquem a produtividade compatível com seu investimento de recursos e tempo na atividade, num exercício permanente de gestão.

– Dediquem um período para identificar melhores oportunidades de venda da produção. Pequenos percentuais conseguidos na receita fazem muita diferença no resultado final.

Para quem tem terminação, indicamos programar-se para venda no mercado futuro, seja na bolsa ou no “boi a termo.” No caso da cria, observar a possibilidade de se estabelecer parceiras, inclusive com agricultura, prática que vem crescendo, para encaminhar a desmama. Ter uma melhor comunicação para venda dos animais, aumentando o leque de potenciais compradores, tornando a oferta mais visível, também faz toda a diferença.

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