A Marfrig anunciou a liquidação parcial antecipada, no valor de US$ 500 milhões, das notas sênior (bonds) com remuneração de 7% ao ano e vencimento em 2026, emitidas em maio de 2019. O valor original do título era de US$ 1 bilhão, mas foram realizadas recompras no mercado aberto ao longo dos últimos anos e restaram US$ 711 milhões. Com a recompra, o saldo ficará em US$ 211 milhões.
Essa liquidação antecipada parcial dos títulos de dívida, com recursos próprios, é o primeiro movimento da empresa após a conclusão da venda de seus ativos de bovinos e ovinos na América do Sul à Minerva. Na segunda-feira, a Marfrig recebeu da Minerva o pagamento de R$ 5,68 bilhões referentes à venda das 13 unidades industriais.
Segundo a empresa, a recompra antecipada dos bonds faz parte de sua estratégia de melhorar a alocação de capital, alongar o perfil de dívida e reduzir o endividamento e o custo financeiro da Marfrig. A companhia vem manifestando esse objetivo desde o ano passado, quando anunciou a transação de venda de ativos à Minerva.
O foco da Marfrig é a reduzir a alavancagem, que no segundo trimestre de 2024 era de 3,38 vezes, para perto de 2, 5 vezes.
O Valor apurou que a empresa vai estudar a liquidação antecipada de novas dívidas e que a prioridade são as mais caras. Com a entrada dos recursos da venda dos ativos à Minerva, o movimento para melhorar o perfil da dívida deve ficar mais intenso.
Até a segunda-feira, a Marfrig já recebeu R$ 7,18 bilhões da Minerva pela venda dos ativos. Inicialmente, as empresas fecharam o negócio por R$ 7,5 bilhões. Na data da assinatura do contrato, em agosto de 2023, a Minerva antecipou um sinal de R$ 1,5 bilhão.
Do valor recebido pela Marfrig do Minerva, R$ 5,325 bilhões referem-se as 13 plantas industriais e ao centro de distribuição localizados no Brasil, na Argentina e no Chile, e R$ 264,92 milhões correspondem à correção desse valor pelo CDI. A Minerva pagou ainda R$ 90,68 milhões por outros ajustes estabelecidos em contrato. Eles ainda estão sujeitos a confirmação, que deve ocorrer nos próximos 90 dias a contar da última segunda-feira.
O negócio entre Marfrig e Minerva anunciado em agosto de 2023 incluía ainda três unidades no Uruguai. Em 21 de maio deste ano, o órgão antitruste do país, a Comission de Promocion y Defensa de La Competencia (CPDC), negou autorização para a conclusão da venda desses ativos ao Minerva.
Hoje, mais cedo, a Marfrig anunciou, em fato relevante, que as autoridades antitruste do Uruguai negaram a autorização de venda de ativos da companhia no país para a Minerva. O órgão analisava um recurso à negativa de 21 de maio apresentado pelas empresas.
O valor dessas operações é de R$ 675 milhões e envolve instalações de abate de bovinos em Colônia, Salto e San José. “Vale destacar que a decisão não é definitiva e segue sujeita a recursos”, reafirmou a Marfrig no fato relevante.
Caso a proibição da venda seja mantida, o contrato entre as empresas prevê que a Minerva terá de pagar uma multa de 30% sobre o valor dos ativos no Uruguai à Marfrig.
Fonte: Globo Rural.