O presidente da Marfrig Alimentos, Marcos Molina, não escondia a euforia na segunda-feira à noite, pouco depois de a empresa divulgar a aquisição da americana Keystone Foods. "Matar boi, a gente mata amanhã. Já desenvolver um produto é muito diferente", disse.
O presidente da Marfrig Alimentos, Marcos Molina, não escondia a euforia na segunda-feira à noite, pouco depois de a empresa divulgar a aquisição da americana Keystone Foods. “Matar boi, a gente mata amanhã. Já desenvolver um produto é muito diferente”, disse, rindo, em conversa telefônica com o Valor.
Molina referia-se aos constantes e recentes comentários no mercado de que a Marfrig poderia comprar frigoríficos de carne bovina. Em vez de simplesmente “matar mais bois”, a Marfrig adquiriu, por US$ 1,26 bilhão, uma empresa que é uma das maiores fornecedoras no mundo de processados de carnes para redes de restaurante como o McDonald´s. E que fornece ainda para Campbell´s, Subway, ConAgra, Yum Brands e Chipotle.
Com 54 unidades nos Estados Unidos, Nova Zelândia, Austrália, além de países da Europa, Ásia e Oriente Médio, a Keystone atende mais de 28 mil restaurantes e teve uma receita líquida de US$ 6,4 bilhões com suas operações de processamento de carnes e distribuição em 2009. O número é próximo ao que a Marfrig faturou no ano passado – R$ 10,28 bilhões – e deve levar a receita da empresa brasileira a R$ 28 bilhões, segundo Molina, à frente do que a BRF Brasil Foods (resultado da união entre Perdigão e Sadia) vendeu em 2009.
“Nossa estratégia é crescer com produtos industrializados”, afirmou o empresário, que criou a Marfrig há 24 anos, então, apenas uma distribuidora de alimentos. Além de processar e distribuir alimentos à base de carnes de aves, peixes, suínos e bovinos, a Keystone vem, desde sua fundação, na década de 60, desenvolvendo produtos para o “food service”.
Para financiar a aquisição da Keystone, a Marfrig vai emitir R$ 2,5 bilhões (cerca de US$ 1,3 milhão) em debêntures obrigatoriamente conversíveis em ações num prazo de 5 anos. Os atuais acionistas terão direito de preferência e o preço de conversão será de R$ 21,50 por ação.
Questionado se o BNDES, que tem participação de 14% no capital da Marfrig, poderia subscrever as debêntures, Molina desconversou. Ontem, via assessoria, a empresa disse preferir não se pronunciar sobre o assunto. Afirmou, contudo, que esta “é uma possibilidade, mas depende do BNDES”. Como o banco oficial tem estimulado a internacionalização das empresas brasileiras, analistas do setor avaliam que é possível que este apoie o novo investimento da Marfrig.
Uma das razões para a Lindsay vender a Keystone, disse uma fonte próxima às negociações, é que a empresa não tinha condições de crescer no mesmo ritmo em que vem aumentando a demanda de redes como o McDonald´s. O avanço da rede de fast food em mercados da Ásia é, aliás, um dos alvos da Marfrig.
Para uma fonte do setor de carnes, operações como a concretizada pela Marfrig são uma tendência. Assim, as empresas distribuidoras ou processadoras que existem atualmente entre as indústrias de carne e os restaurantes tendem a ser absorvidas.
Com a Keystone, as aquisições da Marfrig nos últimos três anos, no Brasil e no exterior, já somam 38 empresas, num investimento superior a R$ 7 bilhões. Uma das mais importantes foi a compra da Seara, da Cargill, no ano passado. Agora, o desafio da Marfrig para integrar todas essas empresas é ainda maior.
O crescimento em produtos de maior valor agregado e o reforço da diversificação não são as únicas razões para a euforia de Marcos Molina. Ele contou que com a aquisição da Keystone, a Marfrig passa a ter 151 unidades em 22 países. O total de funcionários alcança 85 mil pessoas.
As informações são do Valor Econômico, resumidas e adaptadas pela Equipe BeefPoint.
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