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Marfrig: bônus acumulam desvalorização

Em um momento em que a aversão ao risco domina os negócios de títulos de dívida externa, o desempenho dos papéis do frigorífico Marfrig chama a atenção. Desde o início do mês, os bônus externos da companhia com vencimento em 2020 acumulam desvalorização da ordem de 12%, elevando o retorno dos papéis para quase 15%.

Em um momento em que a aversão ao risco domina os negócios de títulos de dívida externa, o desempenho dos papéis do frigorífico Marfrig chama a atenção. Desde o início do mês, os bônus externos da companhia com vencimento em 2020 acumulam desvalorização da ordem de 12%, elevando o retorno dos papéis para quase 15%.

A empresa acessou o mercado externo pela última vez em maio deste ano, quando captou US$ 750 milhões em bônus com vencimento em sete anos, no valor total de US$ 750 milhões, emitidos com cupom de 8,37% ao ano.

As empresas brasileiras com alto grau de endividamento têm sido afetadas pelo momento de maior incerteza no cenário externo. Em um cenário de maior aversão ao risco e liquidez restrita, o investidor evita se expor aos bônus emitidos por essas companhias, o que levou a uma queda no valor dos papéis e consequente elevação no rendimento.

Segundo analistas, uma possível restrição na oferta de crédito em consequência da crise pode fazer com que as companhias mais endividadas enfrentem dificuldades em honrar os compromissos, a exemplo do que ocorreu em 2008. Os frigoríficos, que financiaram uma parte do processo acelerado de aquisições por meio de dívida, costumam ser alvo da desconfiança dos investidores. “De um modo geral, as empresas ainda não conseguiram extrair as sinergias esperadas com o processo de consolidação, o que frustrou o mercado”, diz o analista Cauê Pinheiro, da SLW Corretora.

O agravamento da crise pegou os frigoríficos em uma situação delicada. Além do reflexo direto da piora da atividade econômica nos EUA, onde se concentraram as aquisições realizadas nos últimos anos, o setor enfrenta ainda o aumento no custo dos insumos, que pressiona as margens. No segundo trimestre deste ano, o Marfrig registrou prejuízo de R$ 91 milhões, ante um lucro de R$ 103,8 milhões em igual período de 2010.

Com o maior grau de endividamento entre os frigoríficos, o Marfrig decidiu vender o negócio de serviços de logística da subsidiária Keystone Foods, por US$ 400 milhões. A expectativa é que os recursos obtidos reduzam a relação entre a dívida líquida da empresa e a geração de caixa medida pelo Ebitda (sigla em inglês para lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) de 3,9 vezes para 3,5 vezes, patamar semelhante ao do primeiro trimestre deste ano. Apesar da queda, o índice ainda é superior ao da concorrente JBS, estimada em 3 vezes o Ebitda.

Questionada sobre a forte queda na cotação dos bônus, a Marfrig informou, por e-mail, que entende que as oscilações não estão associadas aos fundamentos da companhia.

Fonte: Jornal Valor Econômico, adaptada pela Equipe BeefPoint.

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