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25 de agosto de 2011
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Marfrig foca em redução de custos no segundo semestre, não pensa em aquisições

A Marfrig pretende priorizar no segundo semestre redução de custos e captura de sinergias de aquisições recentes, além da entrada em operação de novas unidades.

A Marfrig, segunda maior empresa em carnes no Brasil, pretende priorizar no segundo semestre redução de custos e captura de sinergias de aquisições recentes, além da entrada em operação de novas unidades, incluindo uma de aves na China implementada por joint venture que tem naquele país.

“Estamos focados em sinergias, redução de custos… Temos tanta coisa que estamos inaugurando no semestre… Vamos fazer o dever de casa agora, e no final do ano, se a gente conseguir tudo isso, faremos o plano estratégico (para avaliar aquisições)”, afirmou o presidente da empresa, Marcos Molina.

A operação de uma unidade para abate de 150 mil aves/dia (inicialmente) na China está começando, e a empresa ainda terá nos próximos meses três confinamentos (dois no Brasil e um no Uruguai), nova linha de hambúrgueres na Argentina e de produtos processados e embutidos no Brasil, segundo o presidente.

A operação na China, que representará 5% do abate de aves da Marfrig e integra a aposta da empresa no crescente mercado chinês, prevê posteriormente a entrada em funcionamento de novos centros de distribuição, dentro de investimentos de US$ 300 milhões anunciados em abril.

Questionado sobre o eventual interesse da empresa nos ativos que a Brasil Foods terá que vender, dentro do acordo no Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), Molina disse ser algo estratégico e não poderia fazer comentários. “Não poderia falar que tenho ou que não tenho interesse”, afirmou. Antes, em tom descontraído, Molina havia dito: “Se falar pra você que não tenho interesse, você acreditaria?”.

Os ativos da BRF, que incluem fábricas e marcas que deverão ser negociados preferencialmente para um só comprador, seriam bastante interessantes ao Marfrig, segundo fontes do setor, até para a empresa não perder terreno no que construiu com a compra da Seara. “É o que o mercado fala”, acrescentou Molina ao ser questionado sobre a lógica de eventual negócio, ressaltando que não poderia se manifestar sobre o assunto.

A BRF, resultado da incorporação da Sadia pela Perdigão, já anunciou que só realizará a venda dos ativos determinados pelo Cade em 2012. E informou que não se importará de vender os ativos para concorrentes, incluindo a Marfrig, seu principal competidor em aves e suínos, se a empresa oferecer o maior valor numa eventual negociação. O JBS, maior empresa de bovinos do mundo, também tem interesse.

Sobre outra preocupação do mercado que também pressiona as ações, o endividamento, a companhia afirmou que 71% da dívida está em moeda estrangeira, e isso não pode ser considerado um problema porque está compatível com o percentual do faturamento (76%) em moedas que não o real. “Está totalmente alinhado dentro do fluxo de caixa”, disse o diretor de Relações com Investidores, Ricardo Florence.

A dívida bruta da empresa cresceu US$ 1 bilhão em relação ao trimestre anterior, para R$ 10,3 bilhões, num trimestre em que a empresa captou US$ 750 milhões no mercado de títulos. Já o índice de alavancagem informado pela empresa caiu de 3,96 vezes no segundo trimestre de 2010 para 3,90 vezes, mas subiu ante o primeiro trimestre, quando estava em 3,59 vezes.

A Marfrig teve um prejuízo de R$ 91 milhões no segundo trimestre, contra lucro líquido de R$ 103,8 milhões de um ano antes e ganho de R$ 23,5 milhões nos três primeiros meses do ano. O resultado reflete o alto custo dos insumos, principalmente grãos e o gado para abate, e também questões cambiais.

Segundo Molina, o prejuízo poderia ter sido transformado em lucro de R$ 50 milhões, se um ganho cambial no exterior de R$ 140 milhões estivesse aqui no Brasil. “Tivemos um ganho de R$ 140 milhões, esse ganho não foi computado na última linha, ele foi direto para o Patrimônio Líquido. Se o empréstimo fosse aqui, ia virar o balanço para positivo”, explicou o presidente da empresa que aumentou no trimestre sua participação nas exportações de bovinos do Brasil de 15,7% para 23,7%, e em aves de 19,9% para 23,1%.

Já a receita saltou quase 50%, para R$ 5,3 bilhões, em grande parte pela incorporação da Keystone Foods, adquirida no ano passado por US$ 1,2 bilhão de dólares. De acordo com Molina, para melhorar as margens no segundo semestre a empresa vai continuar tentando repassar custos, mas ele ressaltou que isso também dependerá muito de uma manutenção da alta das matérias-primas. “O desafio do semestre é ter meta bastante agressiva para melhorar as margens, mas tem coisa que não está nas nossas mãos, o preço dos grãos, o dólar e o boi…”, concluiu Molina.

As informações são da Reuters, resumidas e adaptadas pela equipe BeefPoint.

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