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Marfrig sobe e JBS cai em ranking ESG de investidores

A Marfrig tornou-se a única empresa brasileira de proteínas animais classificada por investidores globais como de “baixo risco” ESG (ambiental, social e de governança). Em ranking criado pela FAIRR, iniciativa que engloba gestores com US$ 70 trilhões em ativos, a empresa subiu da sétima para a terceira colocação dentre 60 empresas. Já a JBS caiu uma posição, para a 16ª. 

O índice Coller FAIRR Protein Producer, divulgado anualmente, reúne apenas grupos de proteínas e de capital aberto, avaliadas segundo dez critério ESG.

Marfrig

A Marfrig apresentou melhores notas referentes a uso de água, governança, condições de trabalho e antibióticos. No geral, sua avaliação melhorou por causa da divulgação detalhada de ações e informações nessas áreas. A companhia está atrás agora somente das norueguesas Mowi e Grieg Seafood, ambas de pescados.

Ao Valor, a empresa revelou “enorme satisfação” com o “reconhecimento”, que credita ao Plano Marfrig Verde+. A companhia disse que investe em “novas tecnologias e inovação”. “Tornar nossa cadeia 100% livre de desmatamento, alinhada ao bem-estar dos animais, reduzindo a emissão de gases-estufa e com os mais adequados processos do uso da água, é um desafio em grande escala”, afirmou, em nota.

JBS

A JBS, por sua vez, continua sendo considerada de “risco médio”. A nota à política de desmatamento da companhia piorou. A FAIRR aumentou o rigor e agora só atribui as melhores notas às empresas que se compromete a eliminar o desmate até 2025 e inclui o fim da prática dentro da lei. A JBS perdeu pontos por não se comprometer com o fim do desmate legal e, portanto, não ter uma data de corte associada — além de não ter incluído na meta a Austrália, que tem áreas de alto risco de desmatamento.

A companhia afirmou, em nota, que está comprometida com o desmatamento ilegal zero no Brasil até 2025 e em zerar o desmatamento global em sua cadeia até 2030. A companhia assinou compromisso na COP27 que prevê desmates legal e ilegal zero na Amazônia até 2025. A empresa disse, ainda, que aproveita os resíduos e dejetos em sua subsidiária Campo Forte Fertilizantes.

BRF

A BRF manteve-se na 12ª posição, com melhora em suas notas de segurança alimentar e condições de trabalho, mas piora na de emissões de gases-estufa por causa do aumento de 10% nas emissões nos escopos 1 e 2. Procurada, a empresa não retornou até a conclusão deste texto.

Minerva

A Minerva subiu uma colocação, para a 19ª. Suas notas melhoraram em segurança alimentar, antibióticos e emissões, mas a avaliação sobre desmatamento piorou porque o prazo de 2030 para acabar com a prática é considerado fraco e porque a companhia não tem meta sobre desmate legal.

A empresa já monitora 100% dos fornecedores diretos em Brasil e Paraguai, 80% na Colômbia e 90% na Argentina. No Uruguai, a meta é chegar a 100% até 2025. A empresa usa ferramentas como o Visipec e o aplicativo Prospec para ampliar o monitoramento dos indiretos.

Desempenho geral ruim

No geral, as 60 companhias avaliadas tiveram desempenho considerado ruim nos temas de desmatamento, poluição e conservação de recursos hídricos, que são os três principais pilares da Conferência da Biodiversidade (COP15), que começa amanhã em Montreal, no Canadá. Espera-se que os países firmem compromissos de proteção à biodiversidade com metas até 2030.

Das empresas avaliadas, 87% dizem não checar se as fazendas estão em área com estresse hídrico, e 83% não exigem de fornecedores planos para evitar contaminação de cursos d’água com adubos e dejetos animais. Além disso, 60% delas ainda obtêm soja de áreas com alto risco de desmate e não têm metas para acabar com o problema em suas cadeias.

Para os investidores, falta cuidado com o impacto sobre os ecossistemas. “Um acordo global sobre natureza na COP15 pode fazer a indústria intensiva de agricultura animal enfrentar riscos regulatórios, legais, tarifários e reputacionais crescentes”, disse Jeremy Coller, presidente do conselho da FAIRR Initiative e CIO da gestora Coller Capital, em nota.

Diane Roissard, líder de biodiversidade da gestora La Banque Postale, afirmou que as empresas “precisam tomar ações urgentes para garantir aos investidores que estes riscos estão sendo devidamente gerenciados”.

Fonte: Valor Econômico.

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