Com cerca de R$ 11 bilhões em dívidas totais a vencer até 2021 – sendo R$ 1,7 bilhão ainda este ano e R$ 3,07 bilhões em 2017 – a Marfrig Global Foods volta a ser alvo de rumores de uma possível venda, negada pela empresa. Recentemente, um grupo chinês teria sondado o empresário Marcos Molina, principal controlador e presidente do conselho da companhia, mas o negócio não prosperou.
Outro rumor comentado por analistas e operadores de mercado dá conta do interesse da JBJ Investimentos, holding pertencente a José Batista Júnior, um dos fundadores da JBS, maior concorrente da Marfrig e hoje controlado por Wesley e Joesley Batista, irmãos de Batista Júnior. A JBJ anunciou, em janeiro, a compra do Mataboi, mesmo com o grupo frigorífico em recuperação judicial, e marcou a volta de Batista Júnior ao setor de frigoríficos. De acordo com a assessoria de imprensa da JBJ, Batista Júnior está em viagem ao exterior e só retorna ao Brasil após 10 de abril.
Por meio de uma curta nota enviada pela assessoria de comunicação, a Marfrig negou as informações de venda da companhia e disse que “não comenta rumores de mercado”.
Os rumores de venda da Marfrig ganharam força na época que a empresa ainda detinha o controle da Seara. Ao final de março de 2013, o endividamento bruto era de R$ 12,9 bilhões. Em junho daquele ano, sob a gestão de Sergio Rial, a Marfrig vendeu a Seara para a JBS por R$ 6 bilhões, o que ajudou, na época, a companhia a se capitalizar e a ganhar fôlego para promover ajustes internos e medidas para gerar caixa.
Os boatos de agora coincidem com a ausência de Rial no comando da empresa e de um momento de espera dos planos de capitalização devido ao cenário macroeconômico desfavorável brasileiro e mundial. O executivo, que capitaneava medidas internas para melhora do financeiro da companhia, deixou a Marfrig em dezembro para o banco Santander. Martin Secco, o atual CEO da empresa, sinalizou que continuará com os planos de Rial de desalavancagem.
Entre as medidas de redução das dívidas e de capitalização, seguem ao menos duas alternativas, paralelas às negociações para a rolagem do passivo: a abertura de capital por meio de uma oferta pública de ações (IPO) da subsidiária Moy Park na Europa e ainda a redução da participação da Keystone Foods, com a venda e a ampliação da fatia de sócios chineses no negócio.
O IPO da Moy Park na Europa, com negociação em bolsa de 40% da companhia, deveria ocorrer no ano passado, mas o controlador da Marfrig desistiu da operação após avaliação de que o negócio geraria cerca de R$ 1,4 bilhão, abaixo do R$ 1,8 bilhão desejado. “Agora, com a desvalorização da moeda brasileira, o valor chegaria fácil a R$ 1,8 bilhão”, disse uma fonte ligada à companhia. Na última conversa com jornalistas sobre seus resultados, a Marfrig informou que o IPO está previsto para o segundo ou terceiro trimestre de 2015.
Já na Keystone Foods poderia contribuir um aporte de total de R$ 1,2 bilhão oriundo da ampliação de 15% para 40% na participação dos sócios orientais. Chegou-se a pensar em um IPO para a unidade, mas a companhia descartou essa opção.
Fonte: Estadão, resumida e adaptada pela Equipe BeefPoint.