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Mato Grosso do sul: boi some dos pastos e preço pode subir

A seca em Mato Grosso do Sul, já considerada de grandes proporções, vai influenciar no mercado pecuário este ano. A oferta de gado para abate já é pequena e pode cair ainda mais. Com isso, a cotação do boi gordo, que está muito baixa em relação ao mesmo período de outros anos, vai aumentar gradativamente. Essa é a expectativa de produtores e analistas do mercado bovino.

O produtor Antônio José de Oliveira afirmou que a seca está forte em todo o Estado e que isso está provocando uma corrida pelo boi. Mas frisa que, por conta do preço que os alimentos suplementares estão atingindo, influência da disparada do dólar, a maioria dos pecuaristas não está tratando o gado como normalmente trata nestas épocas de falta de chuvas. “Com isso, podemos ter dificuldades mais para frente, com oferta ainda menor de boi. Temos que lembrar que a safrinha deste ano foi perdida quase toda, não apenas o milho, mas também o sorgo, o milheto e o trigo”, afirma. Ele acha que a tendência do preço hoje é de alta: “deve ocorrer uma arrancada nas cotações”.

Para o consultor e analista do mercado pecuário, Júlio Brissac, o preço da arroba do boi gordo está muito baixo, em torno de 15 dólares, cotação de São Paulo. Segundo ele, no ano passado, na mesma época, o preço era de 17 dólares e no ano 2000, de 21 dólares. Mas considera, no entanto, que o preço vá subir. “Dias atrás já houve uma alta de R$ 1. A tendência é de que aumente ainda mais, pois o boi de pasto deve sumir, ficando apenas para oferta o gado confinado”.

Goiás

O mercado atacadista da carne bovina em Goiás foi de calmaria no primeiro semestre do ano. A arroba do boi gordo teve pequenas variações e chegou ao final de junho valendo quase 5% menos que em janeiro. No início do ano, a cotação do boi gordo estava em R$ 42,00. Agora está em R$ 40,00. Situação semelhante foi verificada em relação à carne de vaca, cuja cotação caiu de R$ 38,00 a arroba em janeiro, para R$ 37,00 agora.

De acordo com o presidente do Sindicato da Indústria de Carnes e Derivados do Estado de Goiás, José Magno Pato, nos seis primeiros meses do ano o mercado não sinalizou com qualquer possibilidade de absorver aumento da carne bovina, por conta de três fatores básicos: oferta elevada, baixo consumo interno e poucas vendas para o mercado externo. Segundo ele, na realidade, há grande oferta de carne no mercado internacional, já que Argentina e Uruguai retomaram as vendas principalmente para a Europa, abastecida no ano passado pelo Brasil.

Outros mercados como Rússia estão fechando alguns contratos de compra e Israel pode também importar, mas com preços muito baixos. Para se ter idéia, em 2000 o País comprou dianteiro desossado a 2.250 dólares a tonelada. Este ano propõem pagar 1.450 dólares a tonelada do mesmo produto. Magno Pato ressalta ainda que, além da estagnação do consumo interno e da morosidade nas exportações, há outro agravante: o preço internacional está em queda. Segundo ele, a propalada desvalorização do real não contribuiu para aumentar as exportações e o faturamento do setor.

O presidente do Sindicarnes não vislumbra aumento significativo de preço a curto prazo. Ele admite que se houver recuperação das cotações da carne suína e de frango, o bovino pode acompanhar, mas em índices muito pequenos. Magno Pato lembra que é comum os preços do boi gordo melhorarem no segundo semestre do ano, alcançando a maior cotação nos meses de outubro e novembro. Contudo, este ano pode ser atípico, pelo aumento da oferta. Pato informou que muitas indústrias reduziram os abates não pela inexistência de boi gordo, mas por absoluta falta de mercado.

Alta do dólar ajuda a compensar perda nos preços internacionais

A alta do dólar está ajudando os exportadores das carnes bovina, suína e de frango, a recuperarem as perdas que teriam no mercado internacional diante da redução de preços desses produtos. A queda dos valores chegou a 14% neste ano. Como o dólar valorizou 22,58% no semestre, os exportadores de carne conseguiram reverter os possíveis prejuízos.

Segundo informação do assessor econômico do Sindicato da Indústria da Carne do Paraná, Gustavo Fanaya, a redução dos preços da carne bovina no mercado internacional está ligada diretamente à volta da Argentina e do Uruguai, que estavam impedidos de exportar em função da febre aftosa. “A concorrência maior fez com que os preços cedessem”, explica. Outro agravante para o exportador brasileiro foi que a Europa recuperou seus estoques de carne bovina depois da crise detonada pelo mal da “vaca louca”.

No caso específico da carne bovina, o preço médio caiu 13,5%, com a tonelada sendo cotada a US$ 1.966,00 ou US$ 1,96 o quilo dos quartos traseiro e dianteiro.

O quilo da carne suína, cotado a US$ 1,17 no mercado externo, registrou redução de 15,1% neste ano, na comparação com 2001.

O quilo da carne de frango teve queda de 14,6% lá fora, com o nosso exportador conseguindo vender o produto a US$ 0,93 por quilo. No Paraná, a produção de frango de corte acumula alta de 9,1% entre janeiro e maio em comparação ao ano passado.

Fonte: Correio do Estado/MS (por Maurício Hugo), O Popular(GO) e Gazeta do Povo/PR (por Miriam Gasparin), adaptado por Equipe BeefPoint

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