O projeto para se criar um sistema de classificação do couro do boi volta à tona no Mato Grosso e pode começar a vigorar ainda neste primeiro semestre. Esta é a expectativa do coordenador do Programa da Cadeia Produtiva do Boi, da Secretaria de Indústria Comércio e Mineração (SICM), Waldebran da Silva Coelho. O objetivo do projeto é valorizar o preço da matéria-prima e mudar hábitos dos pecuaristas, que, além de se preocupar com a qualidade da carne, passariam a adotar medidas para garantir a valorização do produto.
O sistema em discussão deve ser formatado em três ou quatro níveis de classificação, conforme a qualidade da pele do animal. Os sindicatos dos frigoríficos (Sindifrigo) e dos curtumes (Sindicurte), Ministério da Agricultura, Conselho Regional de Medicina Veterinária e a SICM se reúnem na próxima semana para levar o projeto adiante.
A parte técnica da classificação dever ser feita pelo Sindicato do Veterinários, por meio de um convênio com o Ministério da Agricultura, explica Coelho.
Se a iniciativa vingar, Mato Grosso será o primeiro Estado do país a criar a classificação. A novidade provocaria mudanças na cadeia produtiva do boi, a começar pela valorização da matéria-prima.
Paralelamente à iniciativa de classificação da pele, outro projeto está contribuindo, de forma indireta, para a melhoria da qualidade da matéria-prima. É o Programa Mato-grossense de Melhoramento da Pecuária (Promepe), implantado em 1999, que visa incentivar a criação de novilho precoce – os produtores recebem do Estado como incentivo 5% do ICMS cobrado aos frigoríficos. A vantagem, no que diz respeito à pele, é que o animal é abatido com 30 meses de idade.
O técnico da Secretaria de Agricultura, Cleiber Leite Pereira diz que, em 2001, mais de 2 mil fazendas foram cadastradas no programa e, se continuar no mesmo ritmo, até o final de 2002 esse número pode chegar a 5 mil. Pereira acredita que entre 5% e 10% do rebanho do Estado (20 milhões de cabeças) seja de novilho precoce.
O nível de beneficiamento do couro de boi produzido no Estado é motivo de controvérsias entre a SICM e o Sindicurte. O órgão do governo afirma que 90% da pele produzida em Mato Grosso – 12 mil quilos diários – já é beneficiada no estágio wet blue e o sindicato garante que esse percentual ainda é de 70%, dos quais 10% estão sendo semi-acabados.
Incentivos
Neste ano, dois dos sete curtumes em funcionamento no Estado receberam incentivos do Pró-couro, programa da SICM que concede incentivo de 29% do Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) para os que beneficiam no estágio wet blue, de 57% para os produtores de semi-acabado e de 85% para o couro em estágio acabado.
Outra iniciativa estadual que beneficiou os curtumes em 2001 foi o Programa de Desenvolvimento Industrial (Prodei) que postergou por 15 anos 70% do ICMS pago por outros dois curtumes mato-grossenses.
Fonte: Gazeta Mercantil (por Fabiana Batista), adaptado por Equipe BeefPoint