Mercados Futuros – 19/05/08
19 de maio de 2008
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21 de maio de 2008

Maximização do uso da uréia pelos microorganismos ruminais

A utilização da uréia na nutrição de ruminantes passou a ter maior importância a partir da década de 80, tendo seu apogeu na década de 90 e atualmente é utilizada de forma a maximizar o ambiente ruminal e favorecer a digestibilidade de fibras. O conhecimento dos processos relacionados à produção de proteína microbiana e da importância desta ao suprimento desse nutriente às exigências nutricionais dos bovinos, levaram a grande utilização desse ingrediente no arraçoamento dos bovinos.

A utilização da uréia na nutrição de ruminantes passou a ter maior importância a partir da década de 80, tendo seu apogeu na década de 90 e atualmente é utilizada de forma a maximizar o ambiente ruminal e favorecer a digestibilidade de fibras. O conhecimento dos processos relacionados à produção de proteína microbiana e da importância desta ao suprimento desse nutriente às exigências nutricionais dos bovinos, levaram a grande utilização desse ingrediente no arraçoamento dos bovinos.

Dentre as fontes de nitrogênio (N) utilizadas na nutrição de ruminantes a uréia ainda apresenta custo razoável, devido a sua alta eficiência de conversão em proteína microbiana. O grande aumento do custo da uréia nos últimos anos, aumentou a importância da eficiência de utilização desse ingrediente, sob pena de inviabilizar sua utilização nos casos em que a uréia não for utilizada de forma eficiente.

As principais vantagens de utilizar uréia na nutrição de ruminantes são:

• Elevar a concentração de amônia no rúmen para melhorar a síntese de proteína microbiana;

• Criar uma ação tamponante no rúmen, de modo a manter o pH numa faixa mais adequada para o processo de digestão da celulose;

• Alterar o hábito alimentar no sentido de promover refeições mais frequentes, resultando um possível incremento na eficiência energética da dieta. Nesse campo a uréia tem sido utilizada para limitar o consumo de rações suplementares como exemplo o sal proteinado.

A uréia é rapidamente hidrolisada à amônia pela ação da urease microbiana no rúmen. A velocidade de produção de amônia pode ser 4 vezes superior a capacidade de utilização pelos microorganismos do rúmen, diminuindo drasticamente a utilização dessa fonte de N na produção de proteína microbiana (Makkar et al., 1988). De 1 a 3 horas após o fornecimento da uréia, ocorre um rápido incremento na concentração de amônia no rúmen, que se não utilizada, será absorvida pela parede ruminal, transformada em uréia no fígado e eliminada através da urina ou reciclada ao rúmen pela saliva. Além de ser desperdiçada ao ser eliminada na urina, a “uréia” não utilizada gasta energia ao ser transformada no fígado, gerando um custo energético para eliminar o nitrogênio excedente através da urina. Esse gasto de energia irá retirar parte de energia destinada à produção (ganho de peso/produção de leite). Dependendo do nível de amônia e uréia o organismo não consegue eliminar rapidamente o excedente em amônia, levando à intoxicação do animal.

Para solucionar ou amenizar os efeitos desfavoráveis da utilização da uréia na nutrição de ruminantes, se faz necessário a redução da taxa de hidrólise da uréia no rúmen, amenizando os problemas apresentados, possibilitando melhor utilização da mesma como fonte de N para os microorganismos ruminais.

Algumas técnicas de “proteção” da uréia contra a ação da urease no rúmen foram feitas através do revestimento do grão de uréia com amido, enxofre, barreiras físicas, etc, no intuito de diminuir a liberação de amônia no rúmen, possibilitando a melhor utilização da mesma.

A proteção da uréia através da utilização do amido foi desenvolvida por pesquisadores da Universidade do Kansas nos Estados Unidos, porém sem apresentar realmente uma forma de liberação “parcelada” que possibilitasse a maximização da utilização, pelo fato do amido ser também rapidamente degradado no ambiente ruminal. Além do aspecto de proteção à degradação ruminal, a proteção da uréia com amido, possibilita a proteção efetiva da mesma nos casos do contato com a água, evitando intoxicações de animais quando a ocorrência de chuvas durante o fornecimento. Vale lembrar também que o amido ao ser fornecido conjuntamente com a uréia, passa a ser fonte de energia para os microorganismos ruminais utilizarem essa fonte de N.

Atualmente, outras formas de proteção, como a proteção física, vem sendo utilizada, porém ainda não apresentam satisfatória avaliação científica para que possamos discutir sobre a eficiência de sua utilização.

Além do aspecto tempo de liberação, é importante salientar que a utilização do nitrogênio não protéico pelos microorganismos ruminais, depende da presença concomitante de uma fonte de carboidrato (energia). Portanto, no intuito de maximizar a utilização da uréia pelos microorganismos ruminais, deve ser fornecida, juntamente com a uréia, uma fonte de energia rapidamente degradável no rúmen, visando a sincronia de liberação amônia/energia no ambiente ruminal.

Referências bibliográficas:

ARELOVICH, H.M.; OWENS, F.N.; HORN, G.W.; VIZCARRA, J.A. Effects of supplemental zinc and manganese on ruminal fermentation, forage intake, and digestion by cattle fed praire hay and urea. J. Anim. Sci., v. 78, p. 2972-2979, 2000.

STANTON, T.L. Urea and NPN for cattle and sheep. Livestock Series. Colorado State University – Cooperative Extension, 6/98, 2003.

22 Comments

  1. Hermes Jose de Morais disse:

    Parabéns pela matéria Dr. André, muito importante em tempos de grãos em alta, novamente o uso parcial da uréia pode ser usado na nutriçao de ruminates.

    Otivemos bons resultados ano passado na adiçao ureia + cana-de-açucar +silagem de milho em graos, no periodo da seca, viabilizando o custo na produçao.

  2. Francsico Brandao da SILVA disse:

    Gostei muito da matéria, já faço uso da uréia no mineral acrescentando ao mesmo farelo de milho, trigo ou arroz, sempre o que está mais em conta no momento.

    Os resultados são bem satistatórios, crio gado nelore PO aqui em pleno semí-árido da Bahia.

  3. valdivino ramos dos santos disse:

    Boa, essa gostei. É muito importante saber disso,fico muito feliz com o BeefPoint.

  4. wilson tarciso giembinsky disse:

    Uso sal proteinado (com uréia), chamado aqui na região de lambe lambe, no período das secas, desde 1993.
    Se tivermos capim seco para o gado ele não perde peso e alguns animais, principalmente os de cruzamento industrial, ganham peso, tenho vendido boi gordo a pasto em plena seca.

    Em 1998 passei a usar sal mineral com uréia também nas águas e os resultados são satisfatórios, há um pequeno incremento no ganho de peso diário. Neste caso temos que calcular o custo benefício.

  5. José Coutinho Neto disse:

    Prezado Doutor Andre, em vossa explanação é citado que “a utilização do nitrogênio não protéico pelos microorganismos ruminais, depende da presença concomitante de uma fonte de carboidrato (energia).”

    Minha formacao academica é outra e gostaria de entender melhor a relacao com a cana, na minha ignorancia acredito que a cana nao possua a fonte de carboidrato mas só os acucares redutores totais, entao minha pergunta – estes acucares sao considerados como a fonte de energia? Ou o que supre, na cana, esta fonte energetica, jah que na cana (1 Kg/100 Kg) nos usamos o dobro de ureia que usamos no capim napie (0,5 Kg/100 Kg)? Gostaria de entender a nivel teorico este mecanismo.

    Outra pergunta – Tenho usado 0,5 Kg de ureia para o napie ou 1 Kg de ureia para cada 100 Kg de cana e alem disto uso 15 gramas de ureia pecuaria para cada kilo de concentrado que forneco as vacas (para uma vaca de 20 litros/dia forneco 4 kg de concentrado ou seja mais 60 gramas de ureia granulada, dividido em 2 porcoes fornecidas durante a ordenha e o volumoso apos a ordenha); com este meu manejo eu corro risco de intoxicacao?

    Obrigado por disponibilizar o seu saber nos ajudando a produzir com mais eficacia.

  6. Aroldo Bacchi disse:

    Muito boa a matéria, já venho usando a uréia a algum tempo na engorda de bois no semi confinamento com um resultado muito bom.

    Parabens

  7. Elisiário Alves de Toledo disse:

    Excelentes informações e objetivas.

  8. André Alves de Souza disse:

    Prezado José Coutinho,

    A energia oriunda da cana é usada sim pelos microorganismos ruminais na utilização da amônia oriunda da uréia. Os microorganismos ruminais só NÃO utilizam gordura como fonte de energia. Nos níveis que você está utilziando, se os animais forem adaptados e não ocorrem problemas de manejo de cocho, não há perigo de intoxicação.

    Grande abraço.

  9. HERNANI DE AGUIAR disse:

    Gostaria de saber se usando cana hidrolizada como volumoso, em torno de 30 kg/animal adulto, a utlização da úreia+sulf. de amônio pode trazer alguma complicação para o rúmen, já que a cana contém cal para hidrolise.

  10. André Alves de Souza disse:

    Prezado Hernani,

    Isso dependerá da quantidade total de uréia utilizada. Não teriam problemas em utilizar de forma conjunta tais ingredientes.

    Grande abraço.

  11. Marco Antonio Machado Vieira disse:

    Caro Dr. André, já trabalho com uréia protegida em dietas de bovinos de leite há pelo menos dois anos e tenho colhido resultados excelentes em produtividade com uso de uma quantidade reduzida de uréia protegida em relação à uréia pecuária comum e, se me permite, quero dizer que, se faltam estudos, estes têm que ser realizados com toda urgência, pois estamos perdendo uma oportunidade de utilizar uma fonte muito segura de nitrogênio para alimentação animal.

  12. André Alves de Souza disse:

    Prezado Marco,

    Existem diversos trabalhos científicos testando o uso de uréia “protegida” na nutrição de ruminantes, porém os dados obtidos não comporvam que o uso desse tipo de ingrediente seja superior a uréia comum, bem como eficiente em termos de viabilidade econômica.

    Portanto, o que não existem são trabalhos com resultados satisfatórios que nos permitam indicar esse manejo para todas as situações. Deve-se ressaltar também que existem diversas formas de proteção, bem como, eficiências de proteção em relação ao rúmen (nutricional) ou a água (intoxicação).

  13. guilherme meirelles sigaud disse:

    Prezado Andre,gostaria de saber qual a eficiencia da utilização de sal proteinado durante a seca,utilizando uma batida de:50kg sal comun,50kg sal mineral(130 P),20 kg ureia,5 kg sulfato amonio e 6 kg fuba milho em pastos com capim(massa seca) reservado?Esta ureia favorecera o aumento de consumo do capim?O milho ajudara na eficiencia da ureia?

  14. André Dal Maso disse:

    Boa tarde Senhores,

    Estive vendo a discução sobre a utilização de cana + uréia. Temos trabalhado com uréia somente via concentrado.

    No caso do Sr. José Coutinho Neto, ele afirma colocar 1kg de uréia para cada 100kg de cana. Certamente esta uréia deve estar sendo diluida em água. Pesando em uma vaca de 20 litros diário, como ele afirma, este animais deve ingerir pelo menos uns 25~30kg de cana/dia, logo estamos falando em ingestão de uréia na ordem de 250~300g/dia + 60g via concentrado fecha algo em torno de 310~360g/dia.

    Busque fechar a dieta com volumosos (cana ou napier) apenas e forneça o restante via concentrado. Colocar uréia misturada ao volumoso tem pouca valia, ainda mais diluida em água, se for o caso, pois a uréia é muito volátil e o Sr. deve estar perdendo muito nitrogênio nesse processo.

    Abraços

  15. André Alves de Souza disse:

    Prezado Guilherme,
    O sucesso em um programa de suplementação depende de vários fatores, como: Disponibilidade e qualidade de forragem, ajuste da formulação do suplemento, consumo do suplementos, potencial genéticoa dos animais, etc… Portanto, fica muito difícil para te afirmar alguma coisa. Com certeza a uréia irá ajudar na deficiência de nitrogênio no rúmen, aumentando a flora microbiana favorecendo a digestão dessa fibra de baixa qualidade. No caso do milho, o mesmo será importante fonte de esqueleto carbônico, aumentando a eficiência de uso da uréia.

    Grande abraço!

  16. Laert Rabelo Brandão disse:

    O problema maior é que a maioria dos pecuaristas, não procuram um tecnico para orientar sobre a utilização da ureia na nutrição animal. Fazem a introdução da ureia sem parametros e depois sofrem com as consequencias que na pior das hipoteses tentam diminuir a intoxicação de ureia com Acido Acetico ( vinagre ) e na maioria das vezes animais vão ha obito por ignorancia de seus criadores.

  17. José Cavalcanti da Silva Junior disse:

    Caro Dr.
    Confinamento com capin,cana,milheto e sorgo + sal proteinado. Qual ganho de peso dia e se e viavel. muito obrigado

  18. anderson jose pereira disse:

    dr andre eu queria saber se eu posso usar ureia em forma de lambe lambe pra animais comendo silagem de milho em confinamento eu tenho duvida se eu posso usar
    muito abrigado aguardo sua resposta

  19. André disse:

    Olá José Cavalcanti!
    Vc descreveu-nos diversas variáveis que poderão interferir diretamente no resultado final de desempenho. Se utilizar cana picada + silagem de capim como fonte de volumoso em confinamento, poderá ter ganhos entre 1, 3 e 1,5 kg/cba/dia, com pequenas variações. Porém, se o caso for fornecer cana picada com sal protéico em pastejo, essa deve ser utilizada por no máximo 90-100 dias e a formulação do mineral deverá ser específica para fornecimento de cana, com correções dos minerasi de forma específica, principalmente o enxofre. Nesses casos, os ganhos não devem superar 300 a 400g/cab/dia.

    Grande abraço!

  20. André A. Souza disse:

    Olá Anderson!
    Acredito que vc descreve lambe lambe como sendo disponibilizar uréia pura no cocho para animais recebendo silagem de milho. Nesse caso, minha resposta é não, vc não deve disponibilizar uréia pura para consumo à vontade, pois ocorrerá intoxicação. No seu caso, a ur;eia deverá ser fornecida misturada à silagem de milho e, ser inserida de forma gradual (adaptação).

    Grande abraço!

  21. Adriano Venturini Junior disse:

    DR, André, boa tarde !! como posso introduzir a ureia ? sou novo na atividade de confinamemto. hj trato os animais com 6 kg de bagaço de Laranja, 2 kg de farelo de trigo, 12 kg de silagem de milho e 80 gramas de sal mineral, que quantidade de uréia posso colocar ? nos dias chuvos posso misturar a uréia junto com o farelo de trigo e servir aos animais ? com esta dieta junto com a uréia estimasse um ganho de peso de ? dia. grande abraço fica co DEUS !! Obrigado !!

  22. Adriano Venturini Junior disse:

    Fico no seu aguardo caso possa me ajudar

    Grande abraço