A possibilidade de que o gigante do setor de fast food dos Estados Unidos, McDonald’s, comece em breve a utilizar carne bovina magra oriunda da Nova Zelândia em seus hambúrgueres, está gerando uma expectativa de redução da volatilidade dos preços que vem prejudicando as exportações a um dos maiores mercados de carne bovina do mundo.
Uma delegação do McDonald’s visitou processadoras de carnes da Nova Zelândia para discutir a possibilidade de acordos de fornecimento. Isto segue o teste feito pela rede de lanchonetes nos EUA, que passou a vender carne bovina importada da Austrália e da Nova Zelândia em 300 de seus 14 mil estabelecimentos norte-americanos.
Esta tentativa poderá levar a um importante avanço da carne bovina neozelandesa nos EUA. Até agora, o McDonald’s dos EUA se orgulhava de vender hambúrgueres 100% norte-americanos, de forma que este aparente interesse em utilizar produtos importados pela primeira vez foi visto como significativo.
Atualmente, cerca de 100 mil toneladas – quase metade da cota de exportação de carne bovina da Nova Zelândia aos EUA, que é de 213,402 mil toneladas – são vendidas ao principal rival do McDonald’s, a Burger King, também uma importante compradora de carne bovina da Austrália.
Os exportadores de carnes da Nova Zelândia disseram que, se o país ganhar outro consumidor da magnitude do Burger King, isto poderá fornecer uma base muito mais segura ao mercado, que tem estado sujeito a notáveis viradas de preços e variação da demanda por muitos anos, devido ao ciclo de carne bovina dos EUA.
O membro da Associação da indústria de Carnes da Nova Zelândia, Brian Lynch, disse que o interesse do McDonald’s foi motivado, em parte, devido à escassez de carne bovina nos EUA causada pela séria seca que acometeu o centro oeste do país. Entretanto, ele disse que os norte-americanos não aumentarão sua cota de 213,402 mil toneladas, se o McDonald’s tornar-se também um dos grandes consumidores do produto do país.
Este interesse na carne bovina da Nova Zelândia parece sugerir que a tentativa de quatro anos dos EUA para desenvolver uma alternativa doméstica à carne bovina magra da Australásia, oriunda de animais alimentados a pasto, conhecida como lean finely textured beef – LFTB (carne bovina magra texturizada), está tendo menos sucesso do que seus empreendedores esperavam. A LFTB foi desenvolvida para reduzir a dependência da indústria de hambúrgueres norte-americana em relação à carne bovina importada da Australásia.
A LFTB foi desenvolvida a partir de carne cuja grande quantidade de gordura foi retirada, sofrendo um processo subseqüente, ficando de uma forma que replica o produto naturalmente magro da Nova Zelândia. Em um relatório feito pelo Rabobank no ano passado, foi informado que a LFTB teve algum sucesso no Burger King e na Taco Bell, que estavam permitindo este produto em até 20% das formulações de hambúrgueres. A produção de LFTB foi estimada em 140 mil toneladas anualmente, e o Rabobank disse que isso “obviamente determina uma ameaça à demanda futura para o produto magro da Nova Zelândia”.
Entretanto, Lynch disse que a LFTB não se mostrou ainda como uma séria ameaça aos produtos neozelandeses e australianos. O aumento no dólar neozelandês teve um pequeno impacto nos preços e na demanda por carne bovina nos EUA até agora. Lynch disse que o comércio continua forte, auxiliado pelo inverno nos EUA, que limita a oferta de produtos domésticos.
A maior preocupação está com o possível impacto do enfraquecimento do dólar dos EUA no estímulo ao consumo de carne bovina norte-americana no norte da Ásia, incluindo Japão, Tailândia e Coréia do Sul, onde este produto compete com a carne bovina neozelandesa.
Fonte: Stuff.co.nz (por Terry Hall), adaptado por Equipe BeefPoint