Os investimentos em mecanização e tecnologia permitiram ao agronegócio elevar sua produtividade e ser mais sustentável, embora tenham reduzido a necessidade de mão de obra no setor, disse o assessor do Departamento Econômico da Confederação da Agricultura e Pecuária (CNA), Paulo André Camuri, ao comentar os resultados do Censo Agropecuário de 2017, divulgados na manhã desta nesta quinta-feira pelo IBGE.
O levantamento apurou a existência de 1,22 milhão de tratores nos estabelecimentos agropecuários do país em 2017, 408 mil a mais que em 2006, quando foi realizado o Censo Agropecuário anterior. Nesse período, a população ocupada no setor reduziu-se em 1,5 milhão de pessoas, para 15 milhões. Isso significa que para cada trator comprado quatro trabalhadores foram dispensados.
“É possível fazer essa conta, mas é preciso dizer que a mecanização permitiu ganhos de produtividade, o que é algo positivo. Você passa a usar menos solo para uma produção maior. Produz de forma mais sustentável”, disse o assessor, acrescentando que os investimentos do setor também passam pela tecnologia de sementes e manejo do solo.
O Censo Agropecuário do IBGE mostrou que a área ocupada pelos estabelecimentos agropecuários cresceu em 16,5 milhões de hectares desde 2006, o equivalente ao território do Estado do Acre. Essa expansão deu-se principalmente no Pará (pastagem) e Mato Grosso (lavouras). E foi liderada por grandes fazendas.
Segundo Camuri, são áreas com maior quantidade de terras disponível e produtores de maior expertise, que atuam concentrado em commodities agrícolas. São produtores com foco em escala. “Quanto maior, melhor é a negociação de insumos, mais acessível fica o financiamento, inclusive do mercado internacional”, disse ele.
Apesar do crescimento de terras concentrado nesse perfil, Camuri afirma que a produção cresce de forma disseminada no agronegócio, e não apenas em culturas como soja e milho. Ele menciona a dinamização de culturas como frutas e da produção de leite. “São também bastante dinâmicas e competitivas”, avalia.Vou incluiVou
A pesquisa do IBGE mostrou ainda o envelhecimento do produtor. As pessoas de 35 a 44 anos representavam 18,3% do total de produtores rurais do país, proporção inferior aos 21,9% registrados em 2006. Já os grupos mais velhos aumentaram sua fatia: de 45 a 54 anos de idade (23,3% para 24,8%), de 55 a 64 anos (20,3% para 24%) e de 65 ou mais (17,5% para 21,4%).
Segundo ele, esse envelhecimento reflete a dificuldade do agronegócios despertar o interesse profissional dos jovens. Porém, o economista afirma que ramos do agronegócio tem conseguido atrair uma geração mais nova, como o de café. “É uma geração mais escolarizada, com conhecimento de mercado financeiro, que progressivamente assume o lugar de pais e avós”, disse.
Fonte: Valor Econômico.