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Medida tomada pelo Wal-Mart repercute nos EUA

O escritor e especialista em negócios sustentáveis, Andrew Winston, escreveu um artigo comentando sobre a Cúpula de Sustentabilidade do Wal-Mart realizada em São Paulo no mês passado, dizendo que esse foi um dos eventos com maior potencial para mudar os negócios de forma permanente.

O escritor e especialista em negócios sustentáveis, Andrew Winston, escreveu um artigo no http://blogs.harvardbusiness.org comentando sobre a Cúpula de Sustentabilidade do Wal-Mart realizada em São Paulo no mês passado, dizendo que esse foi um dos eventos com maior potencial para mudar os negócios de forma permanente.

Seguindo o modelo de reuniões históricas que o Wal-Mart realizou com seus fornecedores chineses no ano passado, o presidente da rede varejista no Brasil, Héctor Núñez, decidiu fazer um evento similar com seus fornecedores brasileiros. Winston foi contratado para dar ideias sobre a sustentabilidade dos negócios, embora não tenha uma relação de consultoria com o Wal-Mart.

Os palestrantes do evento incluíram o ministro do Meio-Ambiente e o diretor do Greenpeace Brasil, uma organização que há poucas semanas produziu um relatório incriminador que apontou o dedo para a indústria frigorífica como a causa primária do desmatamento da Amazônia (a produção de soja é outra causa importante). Winston disse que conversou com Núñez sobre suas conversas com o Greenpeace. Ele disse que “quando se fala com o Greenpeace, é difícil argumentar com aquilo que eles estão dizendo”.

No entanto, Winston diz que argumentar com a perspectiva ambientalista é exatamente o que os líderes de negócios normalmente fazem. No entanto, o mundo está mudando – rápido. De fato, a palestra de Núñez na reunião, com sua retórica sobre os danos ambientais globais, fez com que ele soasse mais como um ativista do Greenpeace do que como um gerente teimoso.

Na reunião, o Wal-Mart anunciou metas significantes e ordens para reduzir alguns dos mais complicados problemas ambientais e sociais do mundo. O Wal-Mart Brasil irá agora, em essência, ter as seguintes exigência em sua rede:

– Nenhuma companhia que tenha trabalho escravo; trabalho “forçado” é um grande problema nos países em desenvolvimento.

– Nenhuma soja oriunda de áreas ilegalmente desmatadas; 20% das emissões de carbono do mundo (e 70% das emissões do Brasil) vêm de das queimadas de árvores.

– Nenhuma carne bovina oriunda de qualquer terra recentemente desmatada da Amazônia; globalmente, o desmatamento emite mais carbono do que todos os veículos. O Brasil e a Indonésia estão no centro desse enorme desafio.

O Wal-Mart também determinou algumas metas mais táticas a seus fornecedores, como redução de 70% nos fosfatos em detergentes até 2013 e uma redução de 50% nos sacos plásticos até 2013. No entanto, é aqui que o evento tomou um rumo radical e histórico. O Wal-Mart Brasil conseguiu que os 20 principais fornecedores, entre eles, Cargill, Johnson & Johnson, Kimberly Clark, PepsiCo, P&G, Sara Lee e Unilever, assinassem um acordo dizendo que cumpririam com todas essas metas. Muitas dessas companhias já tinham líderes ambientais há anos, mas, segundo Winston, é curioso porque esses compromissos ainda não tinham sido feitos antes.

Essa reunião mudará a forma como o negócio é feito de forma profunda, mas ninguém sabe disso ainda, segundo Winston. Segundo ele, existem algumas questões críticas. Quanto tempo vai demorar para que as ONGs, consumidores e outros grupos de pressão percebam que as operações brasileiras dessas multinacionais concordaram em não fornecer produtos que prejudicam a Amazônia? Quanto tempo demorará para que se questione por que as operações dos Estados Unidos, União Europeia (UE) ou globais não determinaram ainda as mesmas metas?

Outro ponto para refletir: quanto tempo demorará para que os varejistas peçam a seus fornecedores que proíbam outras práticas ou estratégias de aquisição? Winston disse para imaginar as demandas por carnes ou lácteos livres de hormônios ou antibióticos, ou por métodos de produção que são neutros na rede de água, ou seja, não usam água de aquíferos que não retornam, ou para provar pagamentos iguais para mulheres. Forçar mudanças em uma parte de uma organização multinacional cria ondas ao redor do mundo.

Esse tipo de acordo mudará radicalmente as economias de certos sistemass de produção e estratégias de aquisição de produtos. Por exemplo, a carne bovina vinda da Amazônia em breve se tornará menos valiosa, com a carne não vinda da Amazônia se valorizando.

É uma prática comum no mundo da sustentabilidade colocar várias advertências sobre declarar o Wal-Mart como um líder em sustentabilidade. Então: Sim, a companhia tem muitos desafios em áreas de cuidados de saúde para pagar. Sim, os desafios de rastreabilidade e transparência da implementação dessas metas são substanciais. Sim, ninguém sabe como é o consumo sustentável e se o modelo do Wal-Mart pode se adequar a isso. No entanto, não vamos parar o consumo global, de forma que é melhor entendermos como obter sustentabilidade com as grandes empresas, não apesar delas.

Quem imaginaria o Wal-MArt como uma resposta a algumas das mais complicadas questões? O Brasil está enfrentando uma competição global sobre suas florestas e luta diariamente para saber como administrar as necessidades de competição econômica e desenvolvimento. Parece quase inimaginável que a solução possa vir de pressões de mercado e de um gigante varejista. No entanto, agora podemos pintar um mundo onde todos parem de comprar carne de áreas desmatadas.

Winston termina seu artigo dizendo que está na hora de parar de negar o fato: o Wal-Mart está mudando o mundo para melhor e está determinando um novo passo na sustentabilidade corporativa. O resto do mundo dos negócios – sem falar nos políticos que ainda debatem ações sobre o clima – podem somente tentar se manter.

0 Comments

  1. FRANCISCO FIGUEREDO disse:

    Wall Mart, está gerando história.
    Além da sustentabilidade, do sanitariamente correto, social e ecologicamente aceito, com certeza, pela sinergia, gerarão muitos beneficios, não só ao mercado mas à sociedade.

  2. vacir P Oliveira disse:

    Porque estas redes internacionais querem ditar ordens aquidentro de nosso territorio? So querem nostas portas bem abertas para impor suas condicoes que atrazam nosso progresso. Acorda minha gente. So querem nos explorar e levar o dinheiro para suas matrizes. Acorda Brasil.

  3. Humberto de Freitas Tavares disse:

    Hmmm…

    Farisaísmo total. Quer impor dificuldades para depois comprar nossa carne a preço de banana.

    Cortina de fumaça para desviar de acusações pesadas:

    http://en.wikipedia.org/wiki/Criticism_of_Wal-Mart

  4. Gil Marcos de Oliveira Reis disse:

    Tenho a impressão que o mundo inteiro está sofrendo de idiotia ou o povo do mundo é muito crédulo em acreditar nas mentiras do greenpeace.

    Não consigo entender como o Amazônida pode ser acusado de “desmatador” se a Amazônia tem 83% e a média de preservação mundial não chega a 15%.

    Como Amazônida, venho de público, desafiar os países produtores de carne a provar qual deles desmata menos que nós.

    O documento denominado “farra do Boi na Amazônia” está cheio de informações falsas e mapas de satélite com desmatamentos criados “virtualmente”.

    O greenpeace para tirar do bolso dos incautos os USD 150.000.000 anuais precisa criar fatos e espalhar pânico.

    Caso os contribuintes do greenpeace queiram confirmar o que digo, basta contratar uma auditoria independente, por exemplo a “Price”, para auditar a “farra do boi” e comparar os mapas publicados com os mapas do Serviço de Monitoramento por Satélite da EMBRAPA.