Melhoramento Contínuo: o salto sustentável de qualidade

Creio que as maiores carências que temos no Brasil atualmente são a falta de qualidade de vida para uma grande parte da população, a falta de saneamento básico em termos absolutos, mas também em termos qualitativos, a falta de qualidade na saúde, educação, segurança, transporte e principalmente a falta de uma infra-estrutura eficiente.

Os argumentos mais usados para tentar explicar tantos problemas são uma falta crônica de recursos, o tamanho do país e uma falta de vontade política.

O interessante é que esta falta de qualidade generalizada é no fundo um resultado de uma gestão e de uma atitude e a boa noticia é que temos como mudar o rumo desta historia através do Melhoramento Contínuo (MC).

O Melhoramento Contínuo na sua essência é um processo que, uma vez que é iniciado, se torna auto propelido resultando em ganhos aditivos e principalmente acumulativos.

O MC pode ser iniciado em qualquer que seja a atividade e já vou falar de cara que não conheço uma ferramenta ou atitude de gestão e de comportamento pessoal e corporativo mais poderosa e eficiente. Porque, quando adotado, ocupa a massa cinzenta e pensamentos dos Garis até os Presidentes das Empresas.

Não tira férias, não fica doente, faz muitas horas extras sem custos, e podemos dizer que é um verdadeiro milagre e o ovo de Colombo, principalmente, quando o bem estar da sociedade e consumidor final dos produtos e/ou serviços é a meta e foco principal do processo.

MC apareceu no Japão em diversas formas como no Kaizen e em várias outras ferramentas de gestão, que vou chamar com um pouco de ironia de 6AAA até 12ZZZ, que teve no seu primeiro momento o foco principal no chão da fábrica para melhorar o produto, reduzir perdas e por tabela os custos de produção através de contribuições e participação ativa do pessoal da produção.

Depois temos os ISO’s que certificam empresas e processos que se enquadram nas normas pré-estabelecidas de qualidade, porém a era pos-ISO não tem muitas garantias e pode até ser bastante nebulosa, uma vez que em geral não se estabelece uma dinâmica que visa a continuação do processo de melhorias.

Uma das maiores e mais importantes descobertas foi que o processo de MC para funcionar direito tem que ser capaz de promover a derrubada das hierarquias antiquadas, inadequadas e centralizadoras de poder existentes na gestão, desde que estes foram identificados como obstáculos para um funcionamento adequado do processo em qualquer que seja a atividade.

Pessoalmente gosto de falar no “empowerment” (colocação do poder em) dos processos em vez de fazer o empowerment somente das pessoas.

É claro que não podemos pensar em escolhas do tipo oito ou oitenta nesta questão, porque as pessoas sempre serão fundamentais em qualquer situação e atividade, principalmente quando trabalham juntas como facilitadores, contribuidores e estimuladores.

Como exemplos podemos mencionar os programas bem sucedidos de seleção genética de gado como os da CFM, Jacarezinho e outros que tem o MC como base principal, onde cada ano animais superiores aos seus antecedentes devem e são produzidos; o MC nunca para, mas sempre vai para frente.

Não existem acertos nem erros, mas sim resultados e aí reside a grande força e poder do MC de ficar focado no que realmente importa.

MC também tem que ter a capacidade de ser e funcionar como um grande coletor, difusor e somador de conhecimentos técnicos e práticos vindo de dentro e de fora do ambiente de trabalho e além disto incluir um feedback ou retorno sobre como os produtos ou processos de fabricação e serviços, que podem ser melhorados ou em outras palavras trazem o cliente para dentro.

Outra descoberta foi à importância do bem estar das pessoas envolvidas no processo como colaborador, administrador, comprador, fornecedor etc., e isto quer dizer em português claro que o bem estar de todo mundo é fundamental para que o MC possa atingir níveis jamais antes vistos, porque a felicidade empresarial e pessoal é hoje reconhecida como ingrediente básico do sucesso.

Na realidade, entendo que o MC requer um ambiente livre, alto astral, senso critico e com o comprometimento de cada um, seja em sua casa, escola, cidade, estado, país, indústria, prestador de serviços, serviços públicos, fazendas, e principalmente, na administração e representação política em qualquer lugar do mundo.

O MC pode ser aplicado simultaneamente em todos os 5.564 municípios brasileiros, na educação, na saúde, no transporte, na infra-estrutura, promovendo assim uma verdadeira integração, aumentando a velocidade de obter qualidade em tudo que fazemos e colocando o bem estar da sociedade acima de qualquer consideração pessoal de caráter política e oportunista.

Isto quer dizer acabar com o poder podre, incompetente onde a corrupção pelo jeito sempre parece ser o intruso principal de um tipo de doença crônica quase incurável, que sempre ronda os poderes e provoca as podridões em mega escalas.

O MC é a grande e única atitude que pode, até certo ponto, compensar as diferenças e distâncias existentes em níveis de educação e conhecimentos e ser uma verdadeira referencia comum para todos.

O MST e o INCRA devem ser convocados para fazer nos assentamentos já existentes, funcionar e implantar um processo de MC em cada um deles antes de se preocupar com novos investimentos na reforma agrária e finalmente fazer valer a Colonização do INCRA evitando assim a Favelalização Rural!

A grande meta para os poderes e serviços públicos deve ser a introdução do Melhoramento Contínuo em todas as áreas e atividades.

Será que podemos simplesmente ficar sentados e esperar o dia em que teremos educação, saúde e infra estrutura decente no país, ou temos que ter uma atitude pessoal muito mais proativa e melhorar de fato o que podemos fazer dia após dia onde estamos, vivemos e trabalhamos?

Nesta hora creio que não importe de onde viemos, mas sim o que estamos fazendo de mãos dadas e comprometidos com o Melhoramento Contínuo no Brasil e no Mundo.
Um Feliz Natal e Prospero Ano Novo!