Pesquisadores do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/USP, avaliam que os preços atuais do milho podem levar produtores a manter a área cultivada na segunda safra que, a depender do clima, pode gerar oferta não muito distante da obtida em 2014, podendo inclusive pressionar as cotações.
O milho 1ª safra teve redução de área, preterido em favor principalmente da soja. Apesar disso, no final de janeiro haverá estoques na casa de 15,5 milhões de toneladas, o que equivaleria a 48% do que foi colhido na safra verão 2013/14. No primeiro semestre, haveria disponibilidade de 44,7 milhões de toneladas, que representa 81,3% de todo o consumo interno de 2015, estimado pela Conab em 55 milhões de toneladas. Assim, dados iniciais do Cepea apontam para uma menor área cultivada na 2a safra.
Numa simulação que considere a mesma área cultivada na segunda safra de 2013/14, mas com produtividade média nacional 2,4% maior, a oferta da 2ª safra poderia chegar a 49,4 milhões de toneladas. Somados estoques iniciais, oferta da 1ª safra e um pouco de importação, a disponibilidade anual de milho chegaria a 94,45 milhões de toneladas. Ao se descontar o consumo interno, o excedente chegaria ao recorde de 39,45 milhões de toneladas.
Mesmo que se subtraiam exportações de cerca de 20 milhões de toneladas, no final de janeiro de 2016, haveria ainda estoques na casa de 20 milhões de toneladas, o que não permitiriam recuperações expressivas de preços em 2015. Somente um forte aumento nas exportações poderia mudar o cenário de preços.
No entanto, no mercado internacional, a concorrência por compradores estará acirrada. Os estoques mundiais também estão crescentes, fazendo com que a relação estoque final/consumo volte aos maiores níveis desde a safra 2002/03 – o maior em 12 anos. Com isso, as transações mundiais devem cair, reduzindo as oportunidades de vendas.
Fonte: Cepea, resumida e adaptada pela Equipe BeefPoint.