Por Humberto Tavares 1
Nós pecuaristas travamos uma luta desigual com os frigoríficos na definição do preço de equilíbrio da carne. Somos em número muito grande, dispersos, inarticulados. Eles, ao se unirem, praticam de forma concertada o jogo das “escalas longas”, “compras em outros estados”, “férias coletivas”, “dumping”, “contratação de lobbyistas”, “mercado saturado” e por aí afora. Como resultado, conseguem retardar em muito o repasse dos ganhos extras que auferem quando os distribuidores atacadistas estão “compradores”, e detonam muito facilmente o preço quando seu mercado embarriga.
Tudo isso, todavia, faz parte de um ritual ao qual estamos acostumados. A coisa fica mais complicada quando novas assimetrias são introduzidas como resultado de intervenções governamentais desastradas. Tomemos como exemplo o recente episódio do “seu boi tem brinco?”, em que quem tinha, nada ganhou, e quem não tinha perdeu, e muito. Quase cem milhões de reais, apenas como repasse aos nossos “novos sócios”. Quantia talvez ainda maior foi cedida aos frigoríficos pelos que venderam e continuam a vender “boi sem brinco”.
Para nosso estupor, a semana passada começou com a informação, trazida ao BeefPoint por Fernando Cardoso, de que o próprio Pratini de Morais admitiu que tinha conhecimento de que os europeus não exigiam a identificação individual. Mesmo assim decidiu criar o SISBOV. Na semana anterior o Enio Marques já havia confirmado aquilo que havíamos escrito anteriormente aqui no BeefPoint: toda a rastreabilidade é perdida no frigorífico, que não segrega nem embala separadamente a carne dos diversos lotes do abate do dia. Não porque eles sejam “malvados”, mas simplesmente porque todos os importadores, incluindo a União Européia, nada têm a opor a este procedimento em países, como o Brasil, em que é mínimo o risco do mal-da-vaca-louca.
Vamos então recapitular:
1) Em linguagem rasteira, rastreabilidade é pegar um corte de carne na Europa e ser capaz de voltar ao boi brasileiro que o produziu.
2) O pecuarista brasileiro põe brinco porque lhe dizem que é devido à exigência de rastreabilidade.
3) O frigorífico exporta carne segundo os requisitos de seu cliente, que NÃO EXIGE rastreabilidade com brinco.
4) Os funcionários do MAPA dizem que a Europa exige rastreabilidade com brinco.
5) O ex-chefe destes funcionários diz que eles estão errados, e confirma aquilo que sabemos: que a Europa não exige rastreabilidade com brinco.
6) A Instrução Normativa continua em plena vigência.
7) Os pecuaristas já rasgaram inutilmente mais de 200 milhões de reais.
8) Ninguém foi e nem vai para a cadeia.
A única entidade ouvida por Pratini foi a CNA, que agora nos deve explicações detalhadas sobre os seus motivos. Seria bom que explicasse também os termos do contrato que logo em seguida assinou com a certificadora gaúcha Planejar. A CNA, a ABCZ e a ABC também saíram muito mal na foto ao apoiar com sofreguidão a absurda decisão de Dimarzio, que resolveu levar adiante, a ferro e fogo, a maluquice perpetrada por Pratini e seu secretário-geral.
Aguardamos ansiosos pela nova formatação do SISBOV, lutando para que a nova regulamentação elimine por completo a obrigatoriedade de identificação individual dos animais. De fato, se a União Européia não a exige, seria um absoluto contra-senso mantê-la. Tenho um mau pressentimento, e temo que isto esteja sendo articulado em Brasília. Se ocorrer, continuaremos nas mãos dos frigoríficos, que dirão, mesmo que seja mentira: “Tem brinco? Não? Sinto muito, mas a carne deste mês é para a Europa, e, como você sabe, há uma lei que obriga os fornecedores deste tipo de bois a trazê-los “rastreabili-brincados”. Por você, que é nosso amigo, faremos um sacrifício e tentaremos jogar a carne no mercado nacional. O preço? Para você o deságio será de apenas 3 reais por arroba.”
Felizmente agora sabemos, graças ainda ao Enio Marques, que Instrução Normativa não tem força de lei, e poderemos, nesta trágica eventualidade, propor ações coletivas em que a Justiça ponha fim à velhacaria. Quem sabe nestes momentos de luta nos demos conta da importância de cerrar fileiras em torno de entidades, como a Sociedade Rural Brasileira, que desde o início nos apoiaram.
No passado recente assistimos à movimentação de empresas de “certificação” constituídas às pressas, de fabricantes de apetrechos e demais beneficiários do cartório recém-criado. Lamentavelmente algumas entidades de representação de pecuaristas tentaram alegremente beneficiar-se daquele regulamento absurdo, ao invés de nos defender. Foi com dor no coração que vi há dias, montada DENTRO do escritório técnico regional da ABCZ em Goiânia, uma barraquinha da empresa ABCZ Certificadora. Um escândalo, um acinte, um equívoco monumental da Diretoria recém-substituída, que gostaria de ver reparado rapidamente pelo recém-empossado presidente Orestes Prata Tibery Filho.
A identificação individual de bovinos de abate foi recentemente defendida pelo sr Mario Garcia e, no passado, por vários outros articulistas aqui no nosso querido BeefPoint, como uma medida de modernidade e de aferição da habilidade gerencial do pecuarista. Quem fosse “capaz” de fazê-la era imediatamente promovido à casta dos pecuaristas “mais produtivos”, “modernos” e fornecedores de “carne diferenciada”. Nós outros, a ralé, somos, no dizer de Garcia, os “incapazes de tratar a coisa de forma profissional”, que encaram a pecuária “como hobby ou alternativa de burlar o fisco”, e que continuam “vivendo sob o velho jeitinho brasileiro, que nos coloca como nação e população corrupta, desonesta e que quer levar vantagem em tudo”.
Embora isso seja pura balela, ofensiva mas ainda assim balela, muitos incautos sucumbem ao canto da sereia e pagam a estes consultores o preço inicial do passaporte mágico que vai conduzi-los ao “outro lado”.
A bem da verdade, quero ressalvar que a identificação individual de matrizes e produtos é imprescindível na produção de genética bovina, pois vai permitir elaborar a chamada matriz de parentesco, requerida pelos modelos matemáticos sofisticados empregados no cálculo de mérito genético. Quem produz gado puro também precisa destas informações para gerar os pedigrees. Sou ainda defensor do direito de quem se sinta melhor identificando individualmente seus animais, e de todos aqueles que queiram explorar nichos, como o da carne orgânica, que exige identificação individual e certificação por empresas de idoneidade reconhecida internacionalmente. Como já disse em outro artigo, sei muito bem o que é identificar e rastrear individualmente os bovinos, pois tenho um rebanho Nelore registrado na ABCZ que participa do PMGRN, o “programa de melhoramento da USP de Ribeirão Preto”. Até aí, tudo bem.
Só não posso admitir críticas a quem adote o sistema de controle por lotes em gado que vale quanto pesa. Este sistema tem custo desprezível, burocracia zero, otimiza o gasto com mão de obra e impõe menos stress sobre os animais, com isso minorando danos à carne, perdas de peso por manejo e destruição de instalações. Tanto é assim que sua aplicação é universal. Temo que o sr. Garcia tenha arrolado como “clientes” os pecuaristas que, aterrorizados pelas manobras dos beneficiários (diretos e indiretos) do SISBOV, contrataram a empresa dele para a humilhante tarefa de aplicar brincos em boiadas eradas às vésperas do abate.
Erra redondamente o sr. Garcia ao citar extasiado as plaquetas de identificação do ativo fixo de empresas e propor que o mesmo conceito de controle seja aplicado ao CEC – capital de exploração circulante. Qualquer granja e qualquer fazenda também pode aplicar plaquetas ao itens de ativo fixo. Já os frangos e os bois e novilhas de engorda fazem parte do CEC, devendo ser controlados de maneira a meu ver mais inteligente: por lotes, que coincidentemente – ou não – é a maneira como a Europa exige que a nossa carne seja controlada. A tropa e o gado de reprodução se enquadrariam na rubrica “capital de exploração fixo”, e em tese poderiam ser identificados individualmente. Mas vou mostrar em outro artigo o sistema que adoto e que maneja também este gado por lotes.
O granjeiro controla as partidas de ração e de pintos de engorda. Deficiências na análise bromatológica, nas taxas de crescimento e nos índices de fêmeas misturadas e de pintos-refugo de engorda podem gerar devoluções, multas contratuais e eventualmente processos judiciais contra os fornecedores. Jamais o granjeiro vai pensar em controlar cada frango com anilhas individuais. Que vantagem teria?
De maneira semelhante, o invernista de bois aparta cada compra em lotes que vão ser juntados aos lotes de mesma idade e peso já existentes na fazenda, e que vão ser manejados juntos até o abate. Há pecuaristas que aproveitam a marcação do boi no ato da “tomada de posse” para também marcar a fogo o número do lote a que ele vai pertencer. Não é o meu caso, pois elimino um preciosismo que julgo desnecessário e inflijo menor sofrimento ao animal. Pecuaristas com maior talento para a organização e para a análise de números coletam desde o início, para cada lote, todos os dados necessários para os cálculos de tempo médio de engorda, rendimento de carcaça, custos, taxas de mortalidade, lucro. Excesso de animais de “fundo” indica que a compra foi mal feita, e o responsável (na maioria das vezes, ele mesmo) pode ser cobrado, bastando olhar a marca de origem destes refugos. Dependendo da conjuntura estes animais podem ser engordados, ou então vendidos a terceiros. Animais leves de bom acabamento geram carne tão boa quanto a de animais pesados, mas são penalizados nos frigoríficos pelo maior custo de processamento por kg de carne desossada e pelo menor tamanho dos cortes, que vão destoar da média e apenas por este motivo resultar em carne de menor valor comercial.
Quanto a auditar o estoque, lamento dizer ao sr. Garcia que a única maneira confiável de fazê-lo é a mesma praticada pelos nossos ancestrais: contando os animais pasto a pasto. Só quem nunca viveu o dia-a-dia da fazenda seria ingênuo a ponto de pensar que isso pode ser feito “por computador”. Pecuarista que não queira ser surpreendido exige de seu gerente a apresentação mensal de planilhas de mortes e de estoque por categoria e por pasto, aplica ele mesmo a sua marca ao gado de compra e aos nascidos, e promove “incertas” periódicas para conferência das planilhas por amostragem.
A curva de Gauss não pode ser diretamente aplicada a um lote tomado ao acaso numa fazenda de corte, mas isso não importa agora. Importa mais o conceito de cabeceira, meio e fundo. Suponhamos que uma fazenda em Goiás faça três abates de bois durante as águas. No abate de janeiro/fevereiro sai a boiada gorda que invariavelmente será uma mistura da cabeceira de “era” com a cabeceira “genética”. No abate de março/abril são vendidos os animais prontos e aqueles do fundo sobre cuja capacidade de sustentar a engorda tenhamos alguma dúvida. Melhor vender agora no auge da qualidade das pastagens e sofrer os deságios sobre estes animais de cobertura e peso de carcaça deficientes, que correr o risco de vê-los “andar para trás”. No abate de maio/junho segue o resto do lote e eventualmente animais de destaque no próximo lote, que tenham atingido o acabamento de abate. Isso é o que acontece sempre. Confesso que achei meio confusos os comentários do sr. Garcia. Ele está propondo que compremos só cabeceira? Concordo em tese, e até tento fazer isso. Mas até mesmo a cabeceira vai ter cabeceira, meio e fundo! A única e bem-vinda diferença é que ela vai aprontar em média mais cedo.
A escolha dos animais para engorda em confinamento é uma arte, que exige consideração simultânea da época de venda projetada, sistema de cobrança do confinamento e qualidade de arraçoamento disponível. No geral, num lote de mesmo peso, animais de maior comprimento e profundidade torácica (boa “caixa”) serão os melhores conversores. O pecuarista e seus empregados mais competentes sabem fazer essa apartação muito bem. Dietas de alto teor de energia pedem animais com algum grau de sangue europeu, para minimizar a possibilidade de laminite. Nas dietas mais grosseiras os animais de alta proporção de sangue zebuíno são imbatíveis.
Tenho lutado pela derrubada total do SISBOV porque estão erradas e já caducaram as premissas que nortearam sua primeira redação, e quem vem pagando o pato é unicamente o pecuarista. Ao governo deveria caber o papel de fomentador e facilitador de exportações, nunca o de criador de cartórios e de embaraços. Precisamos agora trabalhar para que parte dos quadros do MAPA e os maus representantes dos pecuaristas sejam impedidos de continuar a desenvolver sua agenda perversa, que tantos prejuízos nos causou e vem causando.
Finalizando, devo dizer que a afirmação de Lirani, “Não existe rastreabilidade sem identificação individual” é puro sofisma, que para ser entendido exige a substituição da palavra rastreabilidade por “rastreabilidade segundo a definição que Lirani preconiza”. É preciso acrescentar ainda que este NÃO é o conceito adotado na norma que rege o comércio de carne brasileira com a União Européia. No caso da carne, tanto nas relações da UE com o frigorífico exportador, quanto nas relações deste frigorífico com o pecuarista, o trace-back é feito por lotes: qualquer inconformidade pode gerar a imediata devolução à origem do lote todo, além da aplicação de penalidades previstas em contrato.
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1Humberto Tavares é criador e invernista
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Há tempo o criador Humberto Tavares vem combatento o sistema de identificação individual exigido pelo SISBOV.
Temos que reconhecer o conhecimento de causa com que argumenta, isto com relação às exigência européias bem como sobre a dispensabilidade e em muitos casos a impraticabilidade deste controle animal por animal.
Faz-se necessário um movimento dos pecuarista, de abrangência nacional, para revogação ou mudança da legislação que só tem causado prejuízos para os produtores.
Paranbéns pelas suas explicações, pontos de vista e orientações. Relatou com uma didática ímpar, agradável leitura e fácil compreensão.
Só nós pecuaristas invernistas é que sabemos o quanto dói de forma desnecessária as aplicações de normas, leis e decretos em que nada contribuem para a valorização de nosso produto, o boi gordo, fonte importante de receitas e divisas para a economia brasileira.
parabens ao sr. Humberto Tavares pelo artigo. Infelizmente o nosso país é ainda um país da fantasia, um país dos aproveitadores.
Só sofre no Brasil quem produz.Nós pecuaristas estamos totalmente nas mãos dos frigorificos por vários motivos, entre eles a nossa desunião.
Sr Humberto Tavares,
Quero lhe parabenizar pelo profundo conhecimento do negócio pecuario e de sua visão do macro, consistente em prática e teoria administrativa, gerencial e de negociação internacional.
Continue perseguindo e nos informado dessas mudanças tão necessárias.
Saudações,
Prezado sr. Tavares,
Meu negócio em bovinos é pecuária seletiva, e não de corte, o que limita meu conhecimento pontual sobre a matéria, mas não meu entendimento geral sobre a cadeia de carne.
Gostei muito de seu artigo: claro, objetivo e fundamentado.
Quero fazer três observações:
1. Os frigoríficos, especialmente os exportadores, passaram a dominar a formação de preços, que NÃO obedece mais a qualquer “lei de mercado” (aqui falo também como economista), e SIM e apenas à lei do mais forte: o cartel. Já assisti – e sofri – a isto em citricultura, heveicultura e no relacionamento de fornecedores de cana de açúcar com usineiros. É o “diálogo do pescoço com a guilhotina”, o qual pensava que jamais ocorreria com a pecuária de corte, devido à capitalização e escala do setor. Constato, lamentavelmente, que eu estava errado.
2. A rastreabilidade, tal como nos foi imposta, lembra-me em certos aspectos, aqueles “estojos de primeiros socorros” que, há anos atrás, éramos obrigados a ter no porta-luvas dos carros. De repente, constatou-se a total inutilidade deles, o povo gastou milhões, e não se descobriu sequer quem havia engendrado a maracutaia. EU NÃO SOU CONTRA identificação de seja lá o que for: de bovinos a avestruzes. Apenas, ANTES do governo baixar um “ukaze” digno dos Czares, há que se estabelecer critérios que atendam a real necessidade de mercado (interno e externo), e de segurança alimentar. Por tudo que li a respeito, não me parece que tal tenha sido feito.
3. A decorrência de uma exigência descabida, e imposta de cima para baixo como ocorreu com a “rastreabilidade”, tem outros efeitos nocivos, além daqueles já vastamente abordados:
– Desmoraliza o que, em princípio, é uma boa idéia.
– Consolida na cabeça dos brasileiros a crença de que há leis que não foram feitas para ser cumpridas.
– Induz à fraude.
Continue sua luta. Ela vale a pena.
Atenciosamente,
Carlos Arthur Ortenblad
Mais uma vez o Eng. Humberto prima pela lucidez e detalhes técnicos em suas análises. Há algumas semanas parece-me que antecipou-se à informação passada por PRATINI a FERNANDO CARDOSO em relação a não exigência de RASTREABILIDADE pelos europeus!
Lamentavelmente observo que pessoas e/ou entidades (PRATINI, CNA,…) de representação pública e nas quais eu depositava (ainda deposito?…) confiança, falharam de maneira tal a desencadear tamanha balbúrdia criando um “CARTEL DA RASTREABILIDADE”; teria sido intencional?!
Como escreveu o articulista: “NINGUÉM FOI E NINGUÉM VAI PARA A CADEIA”!
Quanto a IDENTIFICAÇÃO DE BOVINOS posso dizer que, em minha pequena propriedade em GO, crio, recrio e engordo pequeno plantel, há cerca de 13 anos. Como eu não tinha vivência rural, desenvolvi e adotei sistema e software próprio (nada comprado!) para TODOS OS ANIMAIS, perseguindo o melhoramento do rebanho e utilisando I.A.! Se assim não tivesse procedido, eu não teria confirmação do melhoramento genético do meu rebanho utilisando semen do touro MAREL, entre outros…
Voltando à RASTREABILIDADE, revolta-me não poder utilisar meu sistema de identificação, se quisesse fazer parte do “CARTEL…”.
É irônico, num país onde parte de seus habitantes sequer possui CERTIDÃO/REGISTRO DE NASCIMENTO, e onde o sistema RENAVAM para veículos mal funciona entre os Estados, impossibilitando aplicações de multas (fiscalização), querer rastrear seus bovinos… Como dizem alguns católicos,
de “BOAS INTENÇÕES” o INFERNO está cheio!!
Parabéns Sr Humberto.
CORRETA IDENTIFICAÇÃO DO PROBLEMA – CULPADO ERRADO
Parabéns pela análise perfeita do assunto. Permita-me porem discordar da identificação do culpado pela “coisa toda”. Na minha opinião a indústria simplesmete está fazendo o papel dela no comércio ou seja, comprando cada vez mais por cada vez menos. O governo está querendo chegar de um só salto à perfeição e de quebra “arrumar” serviço para um monte de funcionários que estão se aposentando (não é um sonho sair do governo e ficar sócio de uma rastreadora?). Sempre faz isso.
Os verdadeiros culpados são os INVERNISTAS que por estarem acostumados a serem furtados rotineiramente (quando não é a balança ou a “faca na limpeza” é a nota promissória que não é paga) aceitam mais esta situação e simplesmente repassam para o criador mais este ônus.
É muito confortavel chegar numa fazenda de cria e comprar 2 ou 2 1/2 bezerros com o valor da venda de um boi gordo. Os invernistas não enchergam que o que a indústria do frio está fazendo com vocês, vocês estão fazendo conosco que somos criadores.
O custo de produção de um bezerro nelore é, no minimo, R$ 480,00 e o que está como normal no mercado é R$ 380,00. Muito confortável para voces mas sem sustentação pois nós produtores estamos no fundo do poço.
Quando chegarmos lá, voces vão comprar bezerros no Paraguai?
Conclamo a todos os produtores de bezerros que abandonemos a atividade que é o que estou fazendo e aí vamos assistir de camarote a HORA DA VERDADE!!!
O artigo reflete a realidade. A sugestão de prestigiar a associação que realmente protege nossos interesses é muito boa. Se há prejuízo, há o causador e há a justiça para mandar reparar.
Não se pode dar moleza para quem fatura em cima do suor do pecuarista. Vamos à luta.
Parabéns.
Prezado Sr. Humberto Tavares,
Seu artigo muito bem fundamentado, e escrito por quem é do ramo, não de gabinetes com ar condicionado. Reflete sem dúvida a opinião da maioria absoluta dos criadores de gado deste país. Ninguém é contra obviamente a que as propriedades tenham identificação individual de seus animais, como forma de selecionar ou apurar seus resultados, mas sim contra a maneira com que foi imposta esta obrigação sem nenhum critério lógico, e absolutamente impraticável no dia a dia das fazendas brasileiras.
Desanimou-me, a entrevista dada pelo Sr Moacir, do corpo de jurados da ABCZ, e da mesma ABCZ certificadora, no programa Zebu para o Mundo, defendendo a forma como esta sendo imposta a mesma. Caberia perguntar ao mesmo, se os brincos e boton não vão prejudicar as tatuagens que fazemos nas orelhas dos bezerros ao nascer, ou se os brincos substituem as mesmas.
Na solenidade da abertura oficial da Expointer, depois do discurso brilhante do Sr. Carlos Sperotto, voltou o Ministro Roberto Rodrigues a defender o sistema, o que de certa forma mostra que o assunto ainda vai ser discutido, e esperamos que mudado e melhorado.
Vamos ver se desta vez, conseguiremos nos livrar de mais um “Cartório”, e que isto não venha a prejudicar mais a pecuária nacional.
Prezado Humberto,
Há tempo você vem corajosamente apresentando seus argumentos, com propriedade e conhecimento de causa, sobre o tema rastreabilidade. Pela profundidade da questao e por suas graves implicacoes sobre a sustentabilidade do negocio creio que ja esta na hora dela ser discutida, nao apenas virtualmente, pela internete, mas na real, reunindo os representantes legitimos dos segmentos da cadeia da carne envolvidos e o governo.
Em 2005 vem a tipificação de carcaça. Pode ser outro capítulo de novela… Quem já não ouviu rumores a respeito?
Continue firme, Humberto! A causa e justa mas requer união da classe.
Grande abraco,
Maravilhosa a intervenção do Sr. Humberto.
Parabéns, sua carta deveria ser estendida ao Sr. Roberto Rodrigues, nosso digno ministro, quando ele afirma categoricamente a sustentação do Sisbov.
As afirmações dos Srs. Garcia e Rodrigues nos levam a crer que estamos fadados a desaparecer do mapa, sem antes enriquecer uma leva muito grande de aproveitadores.
Perguntas bobas (para reflexão):
1.Depois de tudo isso, será que os pecuaristas continuarão ELOGIANDO de forma efusiva o Sr. PRATINI DE MORAIS?
2. Ele deverá prosseguir sendo ouvido e convidado para palestras?
3. E a CNA e a Senadora Kátia Abreu ?
4. Como entender os princípios constitucionais da MORALIDADE e TRANSPARÊNCIA devida a todos aqueles que, pelo menos em tese, atuam para o público?
5. Por fim: ELES TRABALHAM PARA O COLETIVO OU PARA O INDIVIDUAL?