Vamos perder a capacidade de crescer?
22 de setembro de 2006Mercado da carne bovina no atacado – 25/09/06
26 de setembro de 2006Mercado de reposição de machos – 22/09/06
Com a entrada da entressafra, a relação de troca na reposição está próxima aos valores mais altos comparando à uma série desde 2000. Hoje, considerando os indicadores de preço do boi e bezerro, a relação no físico é de 2,71 bezerro/boi gordo, 21,01% acima do início do segundo semestre e 7,36% acima do início do ano.
O mercado de reposição teve pequena valorização em algumas praças no mês, absorvendo em parte a melhora nos preços do boi gordo. Desde o início do segundo semestre, o mercado do boi gordo vem se valorizando significativamente, em ritmo muito mais intenso que a reposição, elevando as relações de troca neste mercado.
No período que compreende 10/07 (quando se iniciou o movimento de alta no boi) e 22/09, o indicador Esalq/BM&F – boi gordo/SP acumula alta de 23,19%. Medido no mesmo período, o indicador Esalq/BM&F bezerro/MS, cotado a R$ 368,39/cabeça a vista, se valorizou 1,80%. No ano a valorização é de 9,56%. O gráfico apresenta a evolução dos preços do bezerro desde o primeiro semestre de 2005.
Gráfico 1. Evolução do indicador Esalq/BM&F – bezerro/MS
Com a entrada da entressafra, a relação de troca está próxima aos valores mais altos comparando à uma série desde 2000. Hoje, considerando os indicadores de preço do boi e bezerro, a relação no físico é de 2,71 bezerro/boi gordo, 21,01% acima do início do primeiro semestre e 7,36% acima do início do ano.
No ano passado, a entrada da entressafra provocou alta significativa na relação de troca, que chegou a atingir 2,82 em 11/11, 4,06% acima da relação hoje. No gráfico abaixo, é representada a série diária da relação de troca desde 2000, calculada pelo indicador Esalq/BM&F a vista, considerando um boi de 16,5 arrobas.
Gráfico 2. Série histórica da relação de troca bezerro/boi gordo
Comparado ao dia 10 de julho, das 18 praças levantadas pelo iFNP no mercado de reposição, 14 registram alta no bezerro macho de 8 meses até sobreano, 15 para o garrote de 18 a 24 meses e 13 para o boi magro (24 a 30 meses).
No noroeste paulista, o boi gordo é negociado a R$ 62,00/@ para 30 dias e acumula alta de 24% em relação a 10/07. O boi magro (24 a 30 meses) teve correção de 2,94% no mês, e foi cotado a R$ 700,00/cabeça pelo iFNP. As cotações consideram prazo de 15 dias para pagamento na reposição. Acompanhe no gráfico abaixo a evolução da reposição e do boi gordo (eixo à direita) em São Paulo .
Gráfico 3. Variação dos preços na reposição e boi gordo no noroeste de SP, em relação a 10/07
No MS, Três Lagoas, onde o boi é negociado a R$ 59,00/@ para 30 dias, a reposição acompanhou de forma mais expressiva no bezerro. Enquanto a arroba do boi gordo se valorizou 25,53%, as três categorias na reposição aumentaram 15,87% (8 – 12 meses), 6,00% (18 – 24 meses) e 3,51% (24 – 30 meses). O mesmo gráfico é reproduzido com as cotações de Três Lagoas.
Gráfico 4. Evolução da reposição e do boi gordo em Três Lagoas
Em Três Lagoas o bezerro de 8 meses a sobreano está cotado a R$ 340,00/cabeça (+15,87% desde 10/07). Cacoal/RO teve alta significativa no garrote de 18 a 24 meses e no boi magro de 24 a 30 meses.
Gráfico 5. Variação das cotações 22/09/2006 na reposição em relação a 10/07
Considerando as categorias, a valorização média no bezerro de 8 meses até sobreano foi de 6,42%, de 18 a 24 meses 4,51% e boi magro de 24 a 36 meses 4,02%, considerando o período entre 10/07 e 21/09. Veja na tabela as cotações na reposição.
Tabela 1. Cotações do macho na reposição
As relações de troca tiveram variação positiva em todos os estados, exceto RS, onde caiu para as três categorias analisadas na reposição. A relação de troca para o boi magro no RS está em 1,72, 8,49% abaixo da relação em 10/07. Neste estado, as cotações do boi gordo permanecer estáveis no período.
Em São Paulo, as relações de troca cresceram significativamente. Hoje, um boi gordo vale 2,66 bezerro (8 – 12 meses), 1,89 garrote (18 – 24 meses) e 1,46 boi magro (24 – 30 meses). Essas relações aumentaram cerca de 20% na média em relação a 10/07. Na média do MS, seguindo a mesma seqüência, as relações estão em 2,62, 1,86 e 1,71. Neste estado, a relação de troca aumentou cerca de 16% para o bezerro (8 – 12 meses) e 20% nas demais categorias.
Gráfico 6. Evolução das relações de troca bezerro (8 – 12 meses)/boi gordo
Gráfico 7. Evolução das relações de troca garrote (18 – 24 meses)/boi gordo
Gráfico 8. Evolução das relações de troca boi magro (24 – 36 meses)/boi gordo
Veja as relações de troca e as variações no mês nos gráficos abaixo. Na média dos estados, a relação de troca para o bezerro sobreano é de 2,66 bezerros/boi gordo, 1,85 para garrotes de 18 a 24 meses e 1,62 para o boi de 24 a 30 meses.
Tabela 3. Relações de troca médias nos estados para reposição (macho)
Gráfico 8. Variações nas relações de troca nos estados para reposição (macho), relativo a 10/07
Contribua com essa análise, enviando informações do mercado de reposição da sua região e comentários, pela seção cartas do leitor BeefPoint, usando o formulário abaixo.
0 Comments
Belo trabalho.
Caro Otavio
Informo que na região central do RS e fronteira oeste, o terneiro está cotado no mínimo a R$2,00 / kg vivo, com negócios a R$2,20. Já os novilhos de 2 a 3 anos estão cotados de R$1,85 a 1,90 / kg vivo. Portanto, a reposição está trabalhando com preços no mínimo iguais a maiores que os bovinos gordos, destinados ao abate. Sendo que a reposição trabalha com oferta escassa.
Na região central do RS, Santa Cruz do Sul, uma grande loja de atacado & varejo, vende dentre outras, carne do Friboi (maturada e desossada) produzida em Cacoal/RO (3.100 km). Já no ano passado havia carnes desta procedência, além do Acre. Somadas às importadas mais freqüentemente de MG, GO e MT. Este passeio das carnes é no mínimo interessante, considerando os altos custos do frete.
Julio Tatsch, agropecuarista e pres.sindicato rural de Caçapava do Sul – RS.
Muito esclarecedora a matéria acima.
Com os dados apresentados fica claro que, brevemente, assim que houver a recuperação das pastagens, o preço dos bezerros , garrotes e boi magros deverão sofrer valorização para os patamares históricos de reposição.
Na região onde atuo (Sul de Mato Grosso) os preços ainda não se recuperaram. Bezerros machos estão sendo vendidos a R$ 300/320 e garrotes R$ 450/500. Foi muito pequena a valorização dessa categoria de animais no período compreendido na análise.
Parabéns pela matéria acima.
Ótima matéria, muito esclarecedora.
Aqui na minha região, os bezerros estão sendo vendidos a R$ 220,00/250,00.
Parabéns por esta excelente análise do mercado de reposição no Brasil. Como você destacou, no RS, estamos vivendo uma situação inversa e, diariamente verifica-se um acréscimo nos preços do gado de reposição.
Este fato determinou que em algumas regiões (Pelotas por exemplo), o valor do Kg do novilho magro valha tanto ou supere o do boi gordo (R$ 2,00) o que não é diferente para a vaca. Outra constatação, é o retorno dos investimentos no gado de cria com uma valorização especial por animais da raça Angus. Nestes últimos dias, precisamente nos dias 13 e 21 de outubro, foram comercializados em 2 remates na Associação Rural de Pelotas, 113 touros Angus rústicos nas variedades preta e vermelha, que obtiveram o valor médio de R$ 5.122,00 (fonte Knorr Remates e Casarão Remates) ou seja, uma valorização de aproximadamente 70% no preço comparado ao ano passado. Touros de outras raças como Hereford e Brangus também obtiveram excelentes preços e acréscimo na procura. Destaque também para as vaquilhonas de raças britânicas com dois anos que, mesmo não registradas, superam em aproximadamente 20% o preço médio do Kg da vaca gorda (R$1,70/Kg).
Estes acontecimentos, embora previstos, estão superando os números projetados e criam a expectativa de uma forte retomada nos investimentos para produção de carne de qualidade no Rio Grande do Sul. Fraterno abraço, Eng. Agr. José Luiz Martins Costa Kessler – Produção de gado de corte – Pelotas – RS
Parabéns ao Otavio, faço votos de que continue a nos fornecer suas ótimas análises.