O mercado brasileiro de reprodutores bovinos, que movimenta anualmente cerca de R$ 1 bilhão, segue firme mesmo com a concorrência da inseminação artificial, que cresceu no País entre 8% e 10% nos últimos 20 anos. Apesar de significativo, o crescimento ainda é considerado tímido, frente ao tamanho do rebanho nacional.
Levantamentos não oficiais mostram que o Brasil possui cerca de 60 milhões de matrizes, das quais apenas 5% são inseminadas artificialmente. Com isso, a estimativa é que existam no campo cerca de 2,5 milhões de touros, que trabalham na cobertura de vacas, com necessidade de 500 mil novos animais/ano, para renovação de 20% do rebanho de reprodutores.
A comprovação da solidez do mercado de reprodutores pode ser comprovada pelos resultados de algumas empresas que atuam no segmento. A Agropecuária CFM, uma das principais fornecedoras de reprodutores da raça nelore ao mercado, encerrou 2002 com a venda de dois mil animais, estável em relação ao ano anterior, mas com um preço médio de R$ 3,6 mil por animal, 20% acima dos valores de 2001. “Foi um ano forte de vendas, o que manteve o mercado de monta natural firme. Para este ano pretendemos aumentar nossa oferta em 10% e comercializar 2,2 mil touros”, afirmou o coordenador de pecuária da CFM, Fábio Dias.
Outro resultado positivo foi o dos franqueados do Projeto Montana, que ampliou em 13% suas vendas no ano passado, para 1,5 mil animais. Já nos preços médios houve um crescimento da ordem de 8%, para R$ 3,17 mil cada animal. O programa, que é coordenado pela CFM, tem como meta para 2003 aumentar as vendas para 1,8 mil reprodutores.
“No Brasil, onde está o maior rebanho comercial do mundo, ainda existem muitas realidades regionais distintas que fazem o pecuarista optar pela monta natural a ter que inseminar”, explicou o analista da FNP Consultoria, José Vicente Ferraz. Ele ressaltou ainda que a exigência de uma certa especialização para se inseminar uma fêmea também é considerado um entrave.
De acordo com Ferraz, o que grande parte dos pecuaristas que utilizam inseminação em seus rebanhos fazem é, além de inseminar, colocar as matrizes junto com reprodutores a campo para fazer o chamado repasse a campo. “Nem sempre se consegue 100% de prenhezes com a inseminação por conta do ciclo de cio das fêmeas, que é difícil de identificar”. Os mais otimistas consideram que até mesmo um técnico com experiência não consegue identificar o cio de mais do que 75% das fêmeas de um rebanho.
Vantagens da inseminação
As empresas de inseminação artificial confirmam que a técnica ainda é muito pouco disseminada no Brasil, mas se defendem informando que o que faz um produtor procurar a inseminação é o ganho genético. “Mais de 90% dos 500 mil touros que deveriam entrar no mercado anualmente não possuem nenhum tipo de avaliação genética”, afirmou o gerente de marketing da Lagoa da Serra, Maurício José de Lima.
A mão-de-obra especializada para inseminar, na opinião de Lima, talvez seja o principal problema desse mercado. “Em termos econômicos, a inseminação artificial passa a ter vantagem sobre a monta apenas quando os rebanhos são muito grandes”, disse Lima.
No entanto, trabalhar com a inseminação em grandes rebanhos nem sempre pode ser tão simples, segundo o diretor de pecuária da GAP Genética, empresa do Rio Grande Sul que oferta por ano mil reprodutores ao mercado, João Paulo Schneider. “É muito difícil reunir todo o rebanho de fêmeas em grandes pastos para inseminar. Além disso, para dominar a tecnologia da inseminação tem seus custos e leva algum tempo”, lembrou. No Brasil, cerca de 80% da pecuária é extensiva e não possui estrutura de inseminação, segundo ele.
Fonte: Gazeta Mercantil (por Alexandre Inácio), adaptado por Equipe BeefPoint