O ciclo de baixa do bezerro, ao que tudo indica, deve acabar este ano. Com isso, o abate de matrizes, que ocorre desde 2002 e se acentuou em 2003, pode diminuir. Com o preço do bezerro em baixa, a alternativa para criadores foi abater fêmeas, fenômeno que começa a perder força. O avanço de agricultura sobre áreas de pecuária também foi um dos motivos que ocasionaram maior abate de matrizes e queda ou pouca reação nas cotações dos bezerros nos últimos tempos.
Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o abate de bois em 2003 não variou muito em relação a 2002, ficando na faixa de 11 milhões de cabeças. Já o de fêmeas registrou aumento significativo: foram 4,7 milhões de cabeças em 2002 e 6,72 milhões de cabeças em 2003, uma elevação de 42%. Mas o volume pode ter sido ainda maior já que os dados do IBGE são subestimados porque consideram somente os abates ”oficiais”, aqueles com Serviço de Inspeção Federal (SIF).
Segundo o zootecnista e analista em pecuária da Scot Consultoria, Fabiano Tito Rosa, no início deste ano o aumento no volume de abate de fêmeas ficou evidente quando alguns frigoríficos do Centro-Oeste, por exemplo, tinham a escala de abate com 60% a 70% de vacas. Todo esse abate, conforme Rosa, deve refletir na menor oferta de bezerros nos próximos dois anos. Isso não quer dizer, por enquanto, reação nos preços. ”Tudo depende da demanda.”
Dados da Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária (CNA) indicam que pelo menos 2,5 milhões de bezerros deixariam de ser produzidos. Com isso, a perspectiva é de preços firmes para a categoria em 2005, diferente de hoje, em que o preço ainda trabalha na baixa.
Em São Paulo, mercado balizador de preços, a cotação do bezerro começou o ano na média de R$ 407,25 e chegou em junho valendo R$ 410, com aumento de 1%, abaixo da inflação. Em janeiro de 2003, segundo Rosa, o valor pago foi R$ 414,25 e já em junho houve recuo para R$ 410,25.
No Paraná, em janeiro deste ano a arroba foi negociada a R$ 433,50, em junho caiu para R$ 412,75. Segundo Rosa, a queda se deu não só pela maior oferta de bezerros, mas pelo fato de a agricultura estar ocupando áreas de pastagens. No lugar entrou a soja, cultivo estimulado pelos bons preços do grão. O fenômeno, conforme o analista, aconteceu em quase todo o País, mas no Paraná foi bastante acentuado. ”A pecuária está subindo para o Norte do País, em regiões que estão sendo chamadas de novas fronteiras pecuárias”.
Com o final de um ciclo de baixa do bezerro, a perspectiva, prevê o analista, é de que em 2005 os preços da categoria possam estar mais firmes. ”A lucratividade com a pecuária depende muito do perfil de exploração do pecuarista. Quem faz a recria e engorda tem uma rentabilidade melhor se for também dinâmico na hora de vender a produção”, considera Fabiano Rosa.
Fonte: Folha de Londrina/PR (por Cláudia Barberato), adaptado por Equipe BeefPoint