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Mercado do Boi em 2010 e 2011: a Visão do Confinador (slides e artigo)

As perspectivas para os números de confinamentos esse ano ainda são duvidosas, mas a tendência é de redução do total de animais confinados. Estudos mostram que, em relação às interferências climáticas, não teremos nenhum problema, como seca ou chuva excessiva, com tendência de ser uma estação normal. Na previsão dos custos do confinamento observa-se que o valor de compra da reposição está alto, e a rentabilidade prevista é baixa, gerando a dúvida da viabilidade do confinamento esse ano. Baseado na palestra de Alberto Pessina, diretor-executivo da Agropecuária Pessina S/A, apresentada no dia 20 de maio, durante o Workshop BeefPoint Mercado do Boi

Em relação à oferta de boi gordo, em 2009 tivemos queda na produção em relação aos anos passados, com uma ligeira recuperação ao longo do ano. No início de 2010 observou-se um ligeiro aumento da produção, mas com índices abaixo do histórico. As reposições estão bem caras hoje, o que preocupa os confinadores e certamente irá influenciar nas suas decisões.

Até os anos de 2001 e 2002 o volume de exportações de carne representava cerca de 5% a 6% da produção. Ao longo dos últimos anos, as exportações aumentaram para 20 a 30% da produção, fazendo com que o mercado externo passasse a influenciar na formação dos preços no mercado interno.

Em 2008, os preços de exportação (US$/ton) estavam em alta, mas caíram drasticamente devido à crise econômica mundial. Em 2009, os preços estavam em baixa, mas houve o início de uma recuperação no final do ano. No início de 2010, os preços retomaram a alta.

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Porém,apesar do preço maior, o volume de venda está menor, já que os mercados compradores tendem a reduzir as compras quando o preço aumenta. O volume atual de exportações está abaixo do ano passado. Assim, com o aumento da produção e a queda no volume de exportações, sobra mais produto no mercado interno.

Em outros tempos, quando a demanda estava alta, podia-se aumentar o preço que o volume de compra não era influenciado. Mas, a partir de 2009, a demanda começou a ficar mais sensível aos preços.

Mercado internacional

Em relação aos nossos concorrentes, a Argentina teve redução no seu rebanho e nas exportações, não cumprindo a Cota Hilton. O Uruguai absorveu uma parte do mercado da Argentina, mas teve aumento dos preços, diminuindo a competitividade com o Brasil. Assim, em relação aos preços dos países do Mercosul, o Brasil começa a ficar mais interessante para os importadores de carne bovina.

A Austrália apresenta maior demanda para o Japão e os EUA, o que a incentiva a aumentar a produção no segundo semestre.

As exportações brasileiras para a Europa diminuíram, pois estão dependentes da recuperação desses países e também devido às tradicionais barreiras técnicas de produção exigidas por eles.

Já as vendas a Rússia e países árabes são dependentes do preço do petróleo, que atualmente está caindo.

No geral, entre os anos de 2007 a 2009 o crescimento mundial reduziu, mas as novas projeções para 2010 são de uma recuperação geral, apesar da atual crise européia.

Os EUA sentiram bastante os efeitos da crise de 2008, mas voltaram com forte recuperação. Já os países da zona do euro estão tendo uma recuperação mais lenta. Esses dois mercados mundiais são os mais importantes, e os que mais representam no PIB mundial.

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Dados até abril/2010 mostram que as exportações estão fracas, o que aumenta a oferta do produto no mercado interno.

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Mercado interno

De maneira geral o Brasil está crescendo, a renda está aumentando, o desemprego tem caído e o mercado interno se mostra forte, mas isso não garante que a população vai absorver uma alta muito forte no preço da carne. Um dado preocupante é a competitividade com a produção de frango, que desde 2009 se mantém com um custo viável de produção, devido ao baixo custo de milho e soja.

A diferença entre o preço da arroba e do equivalente físico diminuiu, visto que no período anterior a crise, aceitava-se pagar mais pelo boi e vender a carne um pouco mais barata, pois as vendas estavam boas. Com a crise e redução na demanda mundial, as margens dos frigoríficos caíram e esse índice também tem sofrido pressão maior.

O diferencial entre as regiões do Brasil chegaram a ficar muito altos, com diferença de cerca de R$ 10,00, mas essa diferença diminuiu e o potencial de queda para os próximos períodos é pequeno.

Confinamento

As perspectivas para os números de confinamentos esse ano ainda são duvidosas, mas a tendência é de redução do total de animais confinados.

Estudos mostram que, em relação às interferências climáticas, não teremos nenhum problema, como seca ou chuva excessiva, com tendência de ser uma estação normal.

A previsão dos custos do confinamento, em diferentes regiões do país, está representada na tabela a seguir. Podemos observar que o valor de compra da reposição está alto, e a rentabilidade prevista é baixa, gerando a dúvida da viabilidade do confinamento esse ano.

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Em São Paulo, aqueles que já se decidiram por confinar estão encontrando dificuldade para compra de lotes de reposição com qualidade a preços viáveis.

Segundo dados da Assocon – Associação Nacional de Confinadores – os pequenos e médios produtores tendem a aumentar 8,5% de animais confinados. Mas fica a questão para quem trabalha com cria e já tem o boi, se vale à pena engordar, ou simplesmente vender a cria, já que os preços estão atraentes. Já os grandes produtores tendem a reduzir 16,46% dos animais confinados.

Os confinamentos dos frigoríficos estão aumentando a produção e estão trabalhando bastante com sistemas de parcerias com produtores.

Na Bolsa, o volume de contratos para outubro/2010 ainda está baixo, com apenas 10% do total de abates do referido mês. Representando que o número de contratos a termo também deve ser reduzido

Em relação à 2009, os preços estavam na faixa de R$ 80,00/@ a R$ 82,00/@. E as projeções para 2010 são de R$ 85,00/@ a R$ 87,00/@ na entressafra, podendo variar caso ocorra alguma mudança no mercado doméstico e na situação da Europa.

Esse artigo é baseado na palestra Mercado do Boi em 2010 e 2011: a Visão do Confinador, apresentada por Alberto Pessina, diretor-executivo da Agropecuária Pessina S/A, no Workshop BeefPoint Mercado do Boi, realizado pela AgriPoint em 20 maio 2010.

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  1. raphael augusto ferreira silva disse:

    Bom dia quero parabenizar o site beefpoint, e desejar um feliz ano novo a todos que fazem parte dessa grande empresa.