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Mercado do boi gordo – 01/11/2006

O mercado do boi teve mais uma semana de baixa, com reduções em todos os indicadores e na maioria das praças. Na semana o indicador Esalq/BM&F para boi gordo caiu 2,9% e o equivalente físico caiu 5%, aumentando a diferença (spread) entre o preço da carne no atacado e do boi gordo em SP, o que pressiona por reduções no preço do boi.

O mercado do boi teve mais uma semana de baixa, com reduções em todos os indicadores e na maioria das praças. Na semana o indicador Esalq/BM&F para boi gordo caiu 2,9% e o equivalente físico caiu 5%, aumentando a diferença (spread) entre o preço da carne no atacado e do boi gordo em SP, o que pressiona por reduções no preço do boi.

Nesse artigo, vamos comparar os preços e indicadores em relação à três datas importantes desse ano. Primeiro dia útil do ano, 10 de julho (início da entressafra) e 26 de outubro (valor mais alto do ano para o indicador Esalq/BM&F), como pode ser observado na tabela, ao final do texto.

O indicador Esalq/BM&F acumula, em 16 dias, queda de 8,5%. Como a cotação do dólar está praticamente estável (+0,37%), a cotação do boi em dólares também caiu (-8,8%) no período. O preço do boi em dólar é o principal empecilho aos aumentos na cotação do boi gordo nessa entressafra. Em relação ao início do ano (02/jan), os preços do boi gordo (indicador) subiram 12,4% em reais e 22,7% em dólares.

O indicador Esalq/BM&F para bezerro no MS se desvalorizou menos que o boi gordo desde 16/out, fazendo que a relação de troca caísse para 1:2,57 (estava em 1:2,78 em 16/out).

Gráfico 1. Evolução da relação de troca


Fonte: Esalq/BM&F, elaboração BeefPoint

O mercado futuro, influenciado pelas mudanças no mercado físico também acumula baixas. Os contratos para nov/06 tiveram baixa de 1,65% na semana e de 10% desde 16/out, redução maior que o indicador Esalq/BM&F. Os contratos para jan/07 também tiveram forte queda desde 16/out, com redução de 7,6%. Interessante notar que os contratos para nov/06 e jan/07 estão com valores menores que em 10/jul e 02/jan, quando o indicador Esalq/BM&F estava cotado em R$ 49,08/@ e R$ 51,40/@ respectivamente.

Gráfico 2. Forward BM&F e indicador Esalq/BM&F

Fonte: Esalq/BM&F, elaboração BeefPoint

No mercado físico, entre as 24 praças levantadas pelo iFNP, houve redução em 20 praças e estabilidade nas demais. As maiores reduções ocorreram em Cáceres/MT, Gurupi/TO e Campos/RJ.


No mercado internacional, os preços da carne in natura exportada pelo Brasil continuam a subir, chegando a US$ 2.864/ton em out/06. A relação de troca, comparando-se os preços do boi gordo em dólares e da carne exportada, volta a ficar favorável aos frigoríficos, ficando em out/06 acima da média 2005-06. Veja artigo na seção Especiais,publicado hoje.

Gráfico 3. Relação de troca na exportação de carne bovina in natura, em @/tonelada


Fonte: Secex/MDIC, Esalq/BM&F, Bacen, elaboração BeefPoint

No atacado da carne bovina, os preços voltaram a cair, com o equivalente físico recuando 5% na semana, aumentando o spread com o indicador Esalq/BM&F em R$1,10/@. Desde 16/out o equivalente físico recuou 11,2% e o spread subiu R$ 1,36/@. Vale lembrar que em 10/jul o indicador Esalq/BM&F estava cotado em R$ 49,08/@ (um dos valores mais baixos do ano) e o equivalente físico era cotado em R$ 42,30/@, ou seja, um spread de R$ 6,78/@.

Os preços do boi gordo devem ter novas pressões baixistas nas próximas semanas, devido as chuvas nas regiões produtoras, impacto real e principalmente “psicológico” dos contratos de boi a termo e saída de animais de confinamento (veja artigo da seção conjuntura).

As escalas tiveram pequeno aumento na semana, pouco significativo. As pressões baixistas devem ocorrer apesar do aumento do preço médio da carne exportada. Outro fator positivo são as compras mais fortes de carne no mercado interno no início de mês, ainda não percebido pelo mercado nessa curta semana de feriado.

0 Comments

  1. Julio M. Tatsch disse:

    Uma lembrança aos colegas terminadores do centro oeste.

    Antes de aceitarem as baixas no preço do boi gordo propostas pelos frigoríficos, atentem para os preços da reposição. Tomando por base o que ocorre no RS, onde a reposição trabalha á meses com preços iguais ou superiores ao do gordo, com fêmeas bem valorizadas e escassez generalizada de oferta.

    Acho difícil imaginar que baixas impostas por frigoríficos possam ser repassadas aos criadores. Pois o crescimento dos abates se deu sobre as matrizes e categorias levianas como forma do produtor fazer frente aos custos crescentes de produção e manutenção, fruto de anos de relação de troca desfavoráveis do boi versus qualquer outro item. Ou seja, por uma questão lógica o rebanho bovino deve ter diminuído na maioria dos estados.

    Julio Tatsch – Agropecuarista e pres. do sind.rural de Caçapava do Sul – RS.