Mercado do boi gordo – 14/02/07

O mercado do boi gordo segue com os mesmos fatores dirigindo os preços que exercem influência desde o início de 2007. Apesar da demanda fraca no mercado interno, e de valores historicamente baixos do dólar poderem pressionar negativamente a arroba, a baixa oferta, dadas as boas condições de pastagens, mantém as escalas curtas nas principais regiões de comercialização de gado gordo.

O mercado do boi gordo segue com os mesmos fatores dirigindo os preços que exercem influência desde o início de 2007. Apesar da demanda fraca no mercado interno, e de valores historicamente baixos do dólar poderem pressionar negativamente a arroba, a baixa oferta, dadas as boas condições de pastagens, mantém as escalas curtas nas principais regiões de comercialização de gado gordo. No MT, constantes chuvas mantêm a oferta enxuta.

Até agora, a percepção dos pecuaristas após as especulações decorrentes do resultado divulgado pelo Mapa nas investigações sobre aftosa no MS não resultaram em aumento da oferta de gado terminado.

O indicador Esalq/BM&F de preços do boi gordo em SP fechou, na quarta-feira, a R$ 55,17/@ a vista, alta de 0,60% na semana. A variação é pouco representativa, mas persiste desde o final de dezembro. De um mês para cá, o indicador se valorizou 2,89%, e está 8,67% acima da mesma data do ano passado. As escalas em SP não passam de 5 dias, mantendo a escalada de alta do indicador.

Gráfico 1. Evolução do indicador Esalq/BM&F Boi Gordo SP


Ao que indicam os preços do bezerro no MS, avaliados pelo indicador Esalq/BM&F, a reposição está ficando mais “cara”, com o bezerro a R$ 375,51/cabeça a vista, alta de 0,54% na semana e 11,37% no ano. Mesmo com bons preços no boi gordo, a relação de troca oscilou entre 1:2,42 e 1,2,43, fechando no menor valor. Em diversas regiões há informações de que o bezerro está com ofertas bastante enxutas.

O dólar, a despeito das tentativas do BC de intervir através de operações de câmbio, encontra-se em patamares historicamente baixos. Com isso o indicador em dólares equivale a US$ 26,28/@, valor bastante elevado para um período de safra. Em relação à mesma data em 2006, o valor é 10,92% superior, quebrando uma “barreira psicológica”.

Tabela 1. Indicadores básicos, Esalq/BM&F, relação de troca, câmbio


O mercado de carne bovina, da mesma forma, definitivamente não justifica a alta no mercado físico do boi. Na venda casada (traseiro e dianteiro com osso), os negócios correm a R$ 4,30 x R$ 2,40, e a ponta de agulha a R$ 2,10. O equivalente físico do boi está a R$ 49,10/@, baixa de 1,45% na semana. O interessante é que o mercado vinha trabalhando com preços altos no atacado em relação ao boi gordo desde dezembro do ano passado, diferença que voltou a aumentar com o aquecimento do mercado físico e com a demanda frouxa no atacado.

Com a alta do boi, o diferencial entre o indicador Esalq/BM&F a vista e o equivalente físico (o equivalente trabalha, normalmente, abaixo do Esalq/BM&F, por não considerar outras fontes de receita) aumentou de R$ 5,03 para R$ 6,08. Na mesma data do ano passado estava em R$ 3,71/@. Mas, nesse sentido vale ressaltar que é um diferencial compatível com o que o mercado trabalha considerando um período mais longo. Veja a média dos últimos 5 anos do diferencial Esalq – equivalente no gráfico 2.

Gráfico 2. Diferencial (Spread) Esalq/BM&F – equivalente físico do boi


Tabela 2. Cotações no atacado de carne bovina


Entre as praças levantadas pelo iFNP, predomina a alta, principalmente nas praças gaúchas Porto Alegre e fronteira. Segundo a imprensa gaúcha, o frigorífico Mercosul chegou a dar férias aos funcionários dada a escassez de gado, e para fazer melhorias nas instalações. A fronteira gaúcha negocia a cotações máximas de R$ 63,00/@ a prazo, alta de R$ 3,00 na semana. A situação de oferta no RS é agravada pelas restrições à entrada de carne e gado, que passam atualmente por flexibilização (ver notícias relacionadas).

Em outras praças do sudeste e centro-oeste, as chuvas e boas condições de pastagens condicionam a firmeza do mercado. Veja na tabela 3 as cotações máximas reportadas pelo iFNP no mercado físico do boi.

Tabela 3. Cotações máximas no mercado físico do boi


O mercado futuro trabalha bastante alinhado com o físico, que tem bons fundamentos. O primeiro vencimentto fechou ontem em R$ 54,92/@, R$ 0,25 abaixo do indicador Esalq/BM&F. Durante a semana, apenas o pregão de ontem fechou em baixa (com exceção do fev/07), e na quinta-feira da semana passada, quando as especulações sobre aftosa no MS deixaram o mercado futuro volátil naquele dia.

Gráfico 3. Vencimentos para fevereiro, maio e outubro/07 na BM&F


Em relação a uma semana, a maioria dos vencimentos acumula variação positiva. O primeiro vencimento está com +R$ 0,41 na semana. Outubro/07 negocia a R$ 60,27, +R$ 0,15 na semana apesar de fechar com – R$ 0,11 no pregão de ontem, que, assim como outros vencimentos, fechou em baixa. A princípio, a baixa de ontem foi uma correção após altas seguidas, entretanto o mercado futuro pode trabalhar com a hipótese de que, assim que o tempo estiar, ocorrerá pressão de venda.

Tabela 4. Fechamento do mercado futuro em 14/02/07, em relação a 07/02/07

0 Comments

  1. Nelson de Souza Paiva disse:

    Artigo muito importante para acompanhamento e tomada de decisão. Seria importante ter tal análise do mercado uma vez por semana.

  2. José Cirilo de Almeida disse:

    Avaliações como estas nos auxiliam na tomada de decisões e principalmente no fechamento de contratos futuros do boi a termo. Seria interessante avaliações semelhantes a cada semana.

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