O indicador Esalq/BM&F boi gordo teve uma semana de leve queda (-0,21%), cotado a R$ 56,23/@ a vista. O indicador Esalq/BM&F bezerro teve novas altas na semana (0,68%), cotado em R$ 393,29/cabeça a vista. Com isso, a relação de troca caiu para 1:2,36. Muita gente reporta que está difícil comprar bezerros e garrotes para reposição. Com os preços ascendentes da reposição, pecuaristas seguram seu boi no pasto, aguardando uma reposição melhor. Alguns frigoríficos acreditam que a dificuldade de reposição é que tem diminuído a oferta de gado gordo, pressionando os preços. O dólar caiu essa semana, para R$ 2,104, com isso a arroba está em US$ 26,73/@, alta de 0,15% na semana, mesmo com o recuo do indicador Esalq/BM&F.
Tabela 1. Principais indicadores, Esalq/BM&F, relação de troca, câmbio
Gráfico 1. Indicador Esalq/BM&F bezerro MS
Gráfico 2. Relação de troca – bezerros por boi gordo (16,5@)

No atacado da carne bovina, os preços recuaram muito, com o equivalente físico caindo 7,09% na semana, aumentando o spread (diferença entre equivalente físico e indicador Esalq/BM&F), que está em R$ 7,47/@, alta de R$ 3,60/@ na semana. Com isso a margem bruta do frigorífico diminui, pressionando os preços do boi gordo. Com essa mudança no spread entre carne no atacado e arroba de boi, é provável que as tentativas de reduções de preços ocorram.
Tabela 2. Cotações no atacado de carne bovina
Gráfico 3. Indicador Esalq/BM&F e Equivalente físico

O mercado futuro teve uma semana de baixas, com todas cotações recuando, em média R$ 0,72/@. Os contratos de abril, maio, junho e julho/2007 caíram mais de R$ 0,80/@ na semana. A redução de preços na BM&F pode ser um desanimador para os confinadores de bovinos, o que pode ter uma consequência inversa na entressafra. Com menos gado sendo terminado nesse período, a chance de falta de gado, escalas muito curtas e aumento de cotações aumenta.
Tabela 3. Fechamento do mercado futuro em 14/03/07, em relação a 07/03/07
Gráfico 4. Contratos futuros BM&F, maio e outubro/2007

No mercado físico, a semana foi de queda nas cotações máximas em várias regiões. Apenas Triângulo MG e Paragominas, PA tiveram ajustes positivos, como pode ser observado na tabela abaixo, com cotações do iFNP. Amanhã o BeefPoint inaugura um novo sistema de cotações de boi gordo, vaca gorda e reposição. Participe, informando os preços do gado de sua região, pela seção de cartas, logo abaixo.
Tabela 4. Cotações máximas no mercado físico do boi

O mercado do boi gordo está numa encruzilhada. De um lado, a reposição está se tornando mais cara e mais escassa em inúmeras regiões brasileiras. O alto preço da reposição em relação ao boi gordo sempre é um fator forte de ajustes positivos nos preços do boi gordo. O aumento dos preços da reposição é uma tendência que não deve mudar no curto prazo, pois estamos num período de tradicional oferta de bezerros e mesmo assim os preços sobem. E além disso, a relação de troca ainda está em valores considerados médios, entre 1:2,25 e 1:2,50, abrindo espaço para maiores ajustes no preço da reposição.
Por outro lado, a arroba em dólares segue se valorizando, pressionando os exportadores. Apesar disso, as exportações, mesmo com real valorizado, seguem aumentando. A relação de troca que mede a quantidade de arrobas de boi gordo comprada por uma tonelada de carne bovina in natura é uma das mais baixas da série elaborada pelo BeefPoint, estando acima apenas de outubro/2005. Isso seria um fator que reduziria as exportações, caso estas se tornassem não competitivas. No entanto, não é isso que ocorre, uma vez que as exportações crescem mês a mês. Além disso, o preço da carne no atacado caiu muito essa semana, que é um mercado relacionado também com as exportações.
Gráfico 5. Indicador Esalq/BM&F em dólares

Os frigoríficos exportadores são um dos principais formadores de preços do boi gordo, em todo país. É de se esperar que a pressão por redução de preços do boi gordo aumente. No lado dos pecuaristas, a reposição encarecendo desestimula a venda imediata de gado gordo, mantendo as escalas curtas e dificultando recuos de preços. Além disso, os recuos nos preços negociados na BM&F podem desestimular a engorda intensiva (uso de proteinados, semi-confinamento e confinamento), o que irá pressionar por maiores preços reais no segundo semestre.
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Muito bom, parabéns, agora gostaria de ver um comentário sobre a realidade da pecuária de corte no Nordeste, especialmente na Bahia, que hoje é zona livre de aftosa com vacinação,mas não consegue exportar, vive apenas um mercado doméstico,mas sofre influência de tudo nesse mercado globalizado. Outro ponto que nós produtores pequenos do interior do nordeste temos que considerar é a influência da quaresma, que reduz minimamente o consumo, mas é motivo de muita pressão por parte dos compradores e aqui no nosdeste boi gordo só sobe em períodos de estiagem, quando a velha lei da oferta e procura se torna imperativa.
Atenciosamente
José Luiz Oliveira
Seria interessante lembrar que, a curto prazo é fácil manipular o preço da arroba do boi para baixo, pois nós produtores sempre somos temerosos aos boatos dos compradores ,mas na verdade a demanda de carne é maior do que a oferta e como temos final de mês, quaresma e escalas manipuladas acabamos entregando nossa mercadoria sem análise criteriosa de mercado.(quer vender para pagar as contas, venda, mas não estrague seu preço de venda posterior).
Nossos preços atuais, por mais que subam ainda estão aquém da realidade de um bom negócio, o bezerro tem é que subir mais e mais, para pressionar a arroba e lembre-se, hoje o problema é muito maior do que a troca são os custos. E não só para produzir mas sim para se manter. Com uma reposição desta e com esses custos não há troca e sim um empurrar com a barriga para ver se melhora.
O milho está em alta, o quilo do frango também, as pastagens estão sendo trocadas pelas lavoras enegéticas (e ninguém vai segurar isto, pois não é uma simples febre) é a hora do produtor de carne.
Mas ele tem muito que aprender em comercialização, primeiro lembrar que ele vende carne e não boi!
Sempre que posso, consulto as informações do BeefPoint, tanto no que se refere as cotações, bem como no panorama de mercado. Normalmente, elas são coerentes e condizem com a realidade do momento. No entanto, acho que o site deveria aproveitar a oportunidade que tem, de bom trânsito pela cadeia produtiva, para tentar ajudar o produtor a ter uma expectativa de maior acurácia para médio/longo prazo. Tenho consciência que a tarefa é difícil, pois há muitas variáveis e poucas informações, porém, acredito que poderíamos tentar criar debates sobre o tema para tentar formar um consenso mais realista, ajudando assim os produtores a montar estratégias de comercialização mais precisas, o que deverá aumentar sua oportunidade de ganho dentro da cadeia.